Priscila Martins, hoje com 30 anos, tornou-se uma mulher de negócios de sucesso. Diretora de uma grande empresa, viajava por todo o Brasil quando se descobriu grávida de gêmeas. Com a chegada das pequenas Laura e Alice, a mãe não quis abrir mão da carreira construída com tanto esforço, mas, ao mesmo tempo, dedicou-se a encontrar uma maneira de acompanhar de perto o crescimento de suas meninas e conseguir cuidar de si mesma. Confira essa história!
“A maternidade sempre foi um dos meus objetivos de vida. Planejei ser mãe por volta dos 30 anos e deu certo! Casei aos 28 e engravidei aos 29. Até aí, nenhuma surpresa, tudo estava acontecendo perfeitamente como eu havia traçado, mas na primeira ultrassonografia o impacto veio em dobro. Descobri que o bebê, na verdade, eram a Laura e a Alice, hoje com 1 ano e 6 meses.
Foi um misto de êxtase e medo, de felicidade e insegurança ao saber que seria mãe de gêmeas. Tinha um pouco de receio de como seria a gravidez e o parto. No mais, eu estava me sentindo muito feliz. Mas mesmo em meio a tanta alegria, parei para pensar: e meu trabalho? Eu estava no auge da carreira como diretora comercial de um dos maiores laboratórios veterinários do país. Viajava muito por todo o Brasil. Trabalho desde os 14 anos, sempre fui workaholic assumida e não pretendia abrir mão da minha vida profissional, de tudo o que eu havia conquistado no mercado até ali.
Foi quando decidi que não iria escolher entre ser uma executiva de sucesso ou mãe de gêmeas. Eu teria que dar um jeito de conciliar as duas coisas. E dei! Optei por não reduzir o ritmo de trabalho durante e depois da gestação e, ainda, amá-las incondicionalmente. Dito e feito. Trabalhei até uma semana antes de dar à luz. Eu ia para os eventos com um barrigão enorme e era uma atração por onde eu andava.
O nascimento delas foi mágico! Aquela sensação única, que eu ouvia de outras mães, mas não conseguia compreender, realmente existe! Pegá-las no colo, senti-las perto de mim foi a melhor experiência da minha vida. A gente vira uma leoa depois que tem filhos. Tê-las em nossos braços (meu marido e eu) foi demais.
Passado o parto, o meu objetivo tinha que ser cumprido. Vinte dias depois eu fui a um evento e voltei a viajar a trabalho quando elas estavam com três meses. Eu poderia ter diminuído a carga desde o nascimento delas, mas não quis, mesmo chorando na primeira viagem após o ‘grande dia’. E não foi por uma questão financeira, mas por prazer, porque ser uma mulher de negócios também é minha paixão e não me envergonho por isso.
Sempre lutei pela empresa que comando como se fosse um ‘filho’. Antes de me tornar diretora, nos últimos seis anos rodei o país como gerente de vendas e nas minhas mãos a empresa cresceu 130%! Eu chegava em uma cidade às 5h da manhã e à meia-noite já estava em outro estado. Foi uma época em que me dediquei exclusivamente ao trabalho.
Mas com a chegada das meninas, travei uma batalha com a vida para ganhar mais tempo com elas e qualidade no dia a dia. Na época, a empresa havia acabado de se mudar de São Paulo para Pindamonhangaba – e eu morava em Campinas.
Então, eu praticamente vivia na estrada. Me lembro que saía de casa às 5h da manhã e chegava depois das 22h. Não via as meninas o quanto gostaria e as bebês sentiram a distância. Elas adormeciam quase todos os dias com o pai. Quando estavam comigo, ficavam muito elétricas. O cansaço quase me dominava, mas eu não me entregava.
Decidi, então, me mudar para lá. Troquei de cidade perto da data da comemoração de um ano da Laura e da Alice. Não foi uma decisão fácil, porque tive de abrir mão do meu círculo social, de uma rotina já estabelecida e dos lugares que eu gostava de frequentar. Mas tenho a sorte de receber o apoio de pessoas incríveis e conseguir manter um aparato que auxilie na criação e no cuidado das minhas filhas.
Meu marido Marco, minha mãe Sandra e a babá Camila sempre foram o meu alicerce. Enquanto ainda tinha que viajar diariamente para Pindamonhangaba, eles assumiam o controle. O Marco, após às 18h, fazia tudo: mamadeira, brincadeiras e colocava para dormir. Muitas vezes eu chegava e ele estava lá se virando com uma no carrinho e outra no colo. Ele é muito atencioso, é lúdico, dança com elas, ensina as pequenas a se defenderem nas brigas… Ele é muito divertido. Eu não poderia ter escolhido um pai melhor para as minhas filhas!
A mudança para o interior foi a melhor escolha que eu poderia ter feito. Consegui reorganizar minha vida e ter muito mais tempo para estar com minhas pequenas. Também passei a almoçar em casa alguns dias e curti-las também nesse interim. Agora até sobra tempo para eu cuidar da saúde! Lancei uma meta: perder os 30 Kg ganhos durante a gravidez com o crossfit. Escolhi a modalidade pela otimização do tempo e pela interação que posso ter com as pessoas durante os treinos, que duram 1 hora e resolvem, porque a intensidade é alta.
Ser mãe e executiva em tempo integral é missão para os fortes, mas, definitivamente, estou longe de ser uma supermulher. Não errar na maternidade é quase impossível. A gente tenta amamentar direito, não reclamar de sono, de não ter o mesmo espaço de antes, mas quando se dá conta já está reclamando. E na sequência vem a culpa, porque nas redes sociais eu vejo aquela maternidade alheia perfeita e me pergunto por que eu não consigo. São tantas as escolhas a serem feitas, tantas renúncias, tantas descobertas e aprendizados que estou sempre pensando no que eu poderia fazer melhor.
E quer saber, para que pensar e se cobrar tanto? Mãe não pensa, mão FAZ! Mãe age por instinto, para proteger, para amar, para conseguir criar. Certo ou errado, mãe sempre está fazendo algo pelos filhos, está agindo e os erros são inevitáveis. E assim eu sigo, me amando e me perdoando todos os dias.
Mas posso garantir que essa jornada tem sido muito especial. Em cada fase há novas descobertas e desejo que a Alice e a Laura possam viver intensamente cada uma delas, sem pressa nenhuma. Quando penso nas minhas filhas, percebo que realmente não tenho tempo: não tenho tempo a perder, tenho que viver, lutar por elas, para ser uma pessoa melhor a cada dia”.