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No Brasil, mais de 90% das agressões contra crianças acontecem em casa

Pesquisa lançada nesta quinta-feira (30/3) traz números alarmantes sobre violência infantil no país

Por Carla Leonardi
30 mar 2023, 14h24
Menina desfocada ao fundo com as palmas da mão apontadas para a foto
 (mrs/Getty Images)
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Três em cada quatro crianças com idade entre dois e quatro anos são submetidas a uma disciplina violenta praticada pelos cuidadores. Isso dá, em média, 300 milhões de vítimas que não têm meios para se defender e que poderão levar esses traumas pelo resto da vida. Os dados foram coletados por uma pesquisa lançada nesta quinta-feira, 30, pelo ChildFund Brasil, com apoio de The LEGO Foundation, em evento que aconteceu em São Paulo e foi transmitido pelo YouTube.

“A violência contra criança fere o que de mais profundo existe dentro de nós: a dignidade humana.”

Mauricio Cunha, diretor de país do ChildFund Brasil

Trata-se da Pesquisa Nacional da Situação de Violência Contra Crianças no Ambiente Doméstico, que coletou números entre outubro de 2022 e janeiro de 2023, ouvindo 698 pessoas – crianças de até oito anos, adolescentes, professores e familiares.

“Nós estamos falando do público que mais sofre violências e violações no nosso país, o público que a nossa Constituição diz ser não prioridade, mas prioridade absoluta“, disse Mauricio Cunha, diretor de país do ChildFund Brasil na abertura do evento.

Números alarmantes

A análise dos dados concluiu que, entre os tipos de agressão, em primeiro lugar estão as violências contra a integridade física (maus-tratos, lesão corporal, tortura física e riscos à saúde). Em segundo, as violências contra a integridade psíquica (como exposição e constrangimento), seguidas por insubstância afetiva (falta de afeto), negligência, violação de direitos sociais, abusos sexuais e condição análoga à escravidão.

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O que chama ainda mais a atenção é o fato de 90% desses casos acontecerem no ambiente doméstico, “aquele que deveria ser o espaço de cuidado e atenção por excelência”, destacou Mauricio. Segundo ele, isso dificulta o avanço de políticas públicas, já que demanda mudanças culturais e sociais profundas, alterando crenças arraigadas e transmitidas por gerações. “Somos, ainda, um país extremamente violento contra crianças e adolescentes”, alertou.

E embora as agressões físicas sejam mais perceptíveis, porque são explícitas, o abuso psicológico também é expressivo no Brasil. Apenas ao longo de 2021, houve 186.862 denúncias de violações de direitos de crianças de até nove anos. É possível estimar, então, que o número de casos não denunciados é muito maior, o que evidencia ainda mais a relevância da questão.

Mão de criança em sinal de pare

Uma luta de todos

Um dos principais objetivos do desenvolvimento e da divulgação da pesquisa é ajudar a desconstruir mitos sobre violência sexual – por exemplo, ao lembrar que o abusador não está, em geral, fora de casa, mas dentro da família – e sobre educação infantil, ainda muito atrelada, no senso comum, aos castigos físicos e psicológicos.

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Para isso, a atuação do poder público em diversas camadas e de forma articulada é essencial, levando informação, educação, programas de proteção à violência doméstica, entre outros, em um caminho que ainda é longo, mas de absoluta importância. Nunca é demais lembrar que esta é uma luta de todos e que a omissão apenas ajuda a violência a se perpetuar.

Clique aqui para acessar a pesquisa completa disponibilizada pelo ChildFund Brasil.

Disque 100 para denunciar violações de Direitos Humanos. A ligação é gratuita e funciona 24 horas por dia.

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