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New York Times diz que seu signo mudou. Será mesmo?

De tempos em tempos, volta à tona a manchete: “seu signo mudou”. A novidade é que, desta vez, a afirmação foi publicada no New York Times

Por Personare
25 set 2025, 12h00
Astrologia signos previsão semana
 (Freepik/Reprodução)
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De tempos em tempos, volta à tona a manchete: “seu signo mudou”. A novidade é que, desta vez, a afirmação foi publicada em um dos jornais mais influentes e prestigiados do mundo, o New York Times.

Segundo a matéria, “seu signo estaria desatualizado há 2.000 anos”. Essa tese parece nova, até porque está muito bem apresentada pelo site do NYT, com gráficos, animações e até interatividade, mas não é.

Como astrólogo há mais de 35 anos — autor do Mapa Astral do Personare e professor dos cursos de Astrologia do Personare — e também Mestre em ensino de Astronomia, afirmo: seu signo não mudou.

Vou te explicar por quê.

Meu signo mudou?

Vamos à resposta direta: os signos não mudaram, e não vão mudar.

O New York Times (e antes deles outras fontes tradicionais, como mostro no final deste artigo) afirmou que, por causa da precessão dos equinócios, o Sol já não estaria na mesma constelação de dois mil anos atrás.

Por exemplo, segundo o jornal, quem nasce em 15 de setembro hoje teria o Sol diante da constelação de Leão, e não de Virgem.

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Isso é verdadeiro apenas do ponto de vista astronômico-constelacional. Mas para a Astrologia Ocidental, que utiliza o zodíaco tropical, 15 de setembro continua sendo Virgem.

Isso porque os signos não se baseiam nas constelações, e sim em uma divisão geométrica de 12 partes iguais a partir do equinócio de março (que marca o início do zodíaco, pelo signo de Áries).

Em outras palavras: as estrelas podem mudar de pano de fundo, mas os signos astrológicos permanecem os mesmos, porque são uma referência geométrica e simbólica ligada ao ciclo Terra–Sol e às estações do ano — não ao desenho irregular das constelações.

Signos não são constelações

E isso é algo sabido por qualquer astrólogo com um mínimo de conhecimento. Astrônomos — que, em geral, não gostam da Astrologia e não acreditam nela — também sabem disso.

Ronaldo Rogério Mourão, que foi um dos maiores astrônomos brasileiros, chegava a se irritar quando alguém criticava a Astrologia a partir deste suposto “erro” dos signos.

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Mourão não acreditava em Astrologia, mas sabia que não é a partir deste ponto que se pode criticar o assunto.

Entenda aqui sobre a diferença entre Astrologia e Astronomia

Qual a diferença entre signos e constelações?

Signos são divisões fixas do céu em 12 partes iguais; constelações são agrupamentos de estrelas, irregulares e mutáveis.

Os signos da Astrologia resultam da divisão por doze da eclíptica zodiacal. Para você entender melhor, imagine que uma faixa circular é projetada a partir da Terra e dividida em doze setores iguais. Isso é o que astrologicamente chamamos de “signos zodiacais”.

Milhares de anos atrás, estudiosos do céu resolveram demarcar esta divisão virtual, utilizando as estrelas como “bandeiras de marcação”.

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Eles não “viam” um Leão quando desenharam a constelação do Leão. Eles não achavam que havia um leão no céu. Subestimar os antigos como se fossem ignorantes supersticiosos é outro erro comum.

Você já parou para ver as constelações e procurar o desenho dos signos nela? É preciso forçar bastante a barra para ver uma Virgem na Constelação de Virgem. Dentre todas as constelações, a que mais parece com um signo é a do Escorpião.

Além disso, as constelações têm tamanhos muito desiguais. Os antigos sabiam muito bem que as constelações não eram os signos da Astrologia.

O que acontece é simples: algumas constelações celestes têm nomes iguais aos dos signos da Astrologia. Mas quando alguém fala do signo de Câncer, por exemplo, não é a mesma coisa de se referir à constelação do Caranguejo.

Deste modo, ainda que as constelações tenham mudado de lugar ao longo de dois mil anos, isso não muda nada para a Astrologia Ocidental.

Por que seu signo não mudou?

Seu signo não mudou porque a Astrologia se ancora em pontos fixos da Terra.

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Você já parou para pensar o que são os trópicos de Capricórnio e o de Câncer? São signos. Estes signos — todos os 12 — estão na Terra, e não no céu.

O que está no céu são os planetas, cujas posições são interpretadas a partir dos ângulos que fazem em relação à Terra.

Deste modo, esqueça o tal “zodíaco da NASA”. A NASA não tem um “zodíaco” oficial. As constelações, para os astrônomos, nada mais são do que convenções culturais.

Portanto, se você nasceu no dia 27 de agosto, por exemplo, o Sol está no signo astrológico de Virgem.

O alinhamento entre o Sol e uma determinada constelação não tem a menor importância para a Astrologia, e nenhum astrólogo de qualidade confunde uma coisa com a outra. Só quem insiste em confundir este tipo de coisa são repórteres mal-informados.

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A Astrologia é uma aplicação prática da Geometria, assim como a Música é uma aplicação prática da Aritmética. Estes quatro saberes (Astrologia, Geometria, Música e Aritmética) faziam parte da estrutura conhecida como “quadrivium” – as matérias ensinadas no início do processo educativo, pelas escolas da antiguidade.

Esse erro já apareceu antes

Não é de hoje que jornalistas insistem nesse tropeço. Veja algumas vezes em que a imprensa já anunciou, equivocadamente, que seu signo mudou:

  • 2011 – CBS News: manchete afirmando que a Terra havia mudado de eixo e, com isso, os signos teriam mudado.
  • 2011 – Veja: divulgou que existiria um 13º signo, o Ofiúco, o que alteraria o zodíaco.
  • 2016 – Smithsonian e The Guardian: repercutiram a polêmica sobre a inclusão de Ofiúco como novo signo.
  • 2020 – Forbes: publicou matéria para desmentir a ideia de que a NASA havia mudado os signos.
  • 2020 — O Globo: jornal brasileiro trouxe à tona a polêmica data dos signos do zodíaco.
  • 2024 – Astronomy.com e G1: afirmaram que, devido à precessão, “seu signo provavelmente está errado”.
  • 2025 – New York Times: trouxe a versão mais sofisticada desse mesmo erro, com gráficos e simulações interativas.

Ou seja: de tempos em tempos, o mesmo argumento reaparece com roupagens diferentes, mas a confusão central continua sendo a mesma — confundir signos astrológicos com constelações astronômicas.

Conclusão

Tudo isso exposto, o que me resta afirmar convictamente é: sim, seu signo é exatamente aquele que você pensa.

O que mudou foi apenas a forma como, de tempos em tempos, a mídia resgata essa confusão entre Astronomia e Astrologia — agora até mesmo no New York Times.

Perguntas frequentes

É possível mudar o signo?
Não. O signo solar é definido pelo momento em que você nasceu, de acordo com a posição do Sol no zodíaco tropical. Ele não se altera ao longo da vida, assim como o seu Mapa Astral nunca muda.

Como saber meu verdadeiro signo?
O seu verdadeiro signo é aquele calculado a partir da sua data, hora e local de nascimento no Mapa Astral. Ele não depende das constelações do céu, e sim da divisão geométrica do zodíaco tropical.

Existe um 13º signo?
O New York Times mencionou a constelação de Ofiúco (também chamada de Serpentário), que fica entre Escorpião e Sagitário, sugerindo que ela poderia ser considerada um “13º signo”. Astronomicamente, é verdade que o Sol passa por essa constelação. Mas, para a Astrologia, isso não significa a criação de um novo signo. O zodíaco astrológico não depende do tamanho ou do número de constelações: ele é uma divisão fixa em 12 partes iguais de 30° cada, a partir do equinócio de março. Leia este artigo para entender melhor sobre o mito sobre a existência de um 13º signo no zodíaco

Por que o New York Times disse que os signos estão errados?
Porque usou como referência as constelações, não os signos tropicais. São sistemas diferentes: o sideral (indiano) se ancora nas estrelas; o tropical (ocidental) se ancora nos equinócios.

A Era de Aquário, já começou?
O New York Times afirmou que, devido à precessão, o Sol deve se alinhar com a constelação de Aquário em cerca de 600 anos — e é isso que alguns chamam de “Era de Aquário”. De fato, hoje o Sol ainda se alinha à constelação de Peixes no equinócio de março. Ou seja: continuamos na Era de Peixes. Do ponto de vista astrológico, não há consenso absoluto sobre a data exata de transição, mas há clareza de que a Era de Aquário ainda não começou. Recomendo que você leia este artigo completo sobre a Era de Aquário.

Alexey Dodsworth

Astrólogo e autor de análises de Astrologia, Tarot e Runas do Personare. Sua afinidade com temas esotéricos se alinha com sua defesa à liberdade de saberes, sejam eles científicos ou não. Oferece consultas astrológicas no Personare.

alexey-revista@personare.com.br

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