Dentre as consequências dolorosas da guerra entre Rússia e Ucrânia que segue para o 15º dia, está o número de civis que continuam sendo vítimas do conflito. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), mais de 1 milhão de meninos e meninas já se tornaram refugiados por causa deste embate entre os países.
“Este número é uma indicação do quão desesperadora a situação se tornou para crianças e famílias ucranianas. Elas estão deixando tudo o que conhecem para trás, em busca de segurança. Isso é de cortar o coração!”, declarou Afshan Khan, diretora regional do UNICEF para a Europa e Ásia Central, em comunicado à imprensa.
A instituição ainda informa que quase 70 toneladas de suprimentos já chegaram em território ucraniano e o trabalho continua para que mais equipamentos médicos sejam distribuídos a 22 hospitais de cinco áreas diferentes do país, com o intuito de que 20.000 mães e crianças sejam beneficiadas.
A notícia chega logo após a um possível bombardeio russo a uma maternidade e hospital infantil no centro de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, segundo as autoridades do país. O chefe da administração militar regional de Donetsk, que abrange a cidade, Pavlo Kyrylenko, pontuou que os ataques ocorreram durante o período de cessar-fogo acordado entre Rússia e Ucrânia para retirada de civis das áreas de invasão.
O presidente do país, Volodymyr Zelensky, replicou o vídeo compartilhado por Kyrylenko em sua rede social, em que aparentemente é mostrado o resultado do ataque aéreo no interior do prédio. “Pessoas e crianças estão sob os destroços. Atrocidade!”, escreveu.
Atenção, o conteúdo a seguir pode ser sensível!
Mariupol. Direct strike of Russian troops at the maternity hospital. People, children are under the wreckage. Atrocity! How much longer will the world be an accomplice ignoring terror? Close the sky right now! Stop the killings! You have power but you seem to be losing humanity. pic.twitter.com/FoaNdbKH5k
— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) March 9, 2022
Bombardeio aumenta número de crianças feridas
A Polícia Nacional da Ucrânia informou em sua página no Facebook que as autoridades estavam trabalhando no local e reunindo provas do atentado para encaminhar ao Tribunal Internacional de Justiça da Organização das Nações Unidas (ONU). O vice-prefeito da cidade, Sergei Orlov, anunciou que até o momento sabe-se que há 17 feridos, entre funcionários e gestantes que estavam em trabalho de parto, e três relatos de morte, incluindo uma criança.
A diretora executiva da UNICEF, Catherine Russell, declarou que, se confirmado o ataque, é mais um reflexo do quanto famílias ucranianas estão sendo brutalmente dizimadas com a guerra. “Em menos de duas semanas, pelo menos 37 crianças e adolescentes foram mortos e 50 feridos. Ataques contra civis e infraestruturas básicas – incluindo hospitais, sistemas de água e saneamento, além de escolas – são inconcebíveis e devem parar imediatamente”, reforçou a representante.
De acordo com a Polícia Nacional da Ucrânia, a cidade de Maripoul está cercada e sob ataque desde o dia 1 de março. “Eles dificultaram o fornecimento de eletricidade e água, destruíram pontes e trens para que não pudéssemos evacuar mulheres, crianças, idosos e feridos de Mariupol e estão impedindo o fornecimento de alimentos. Não temos luz ou água e as tropas estão constantemente bombardeando a cidade”, divulgou a Câmara Municipal de Mariupol em sua conta no Facebook.
Horas antes das acusações das autoridades da Ucrânia, a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, alegou que o hospital e outras áreas da cidade que foram bombardeadas haviam sido evacuados e tropas de combate ucranianas estariam posicionadas.