Há aproximadamente uma semana, Ana Paula Xongani publicou um desabafo sincero nas suas redes sociais. Ela falou sobre as condutas racistas que as crianças reproduzem ao relatar um episódio que aconteceu com a sua filha Ayoluwa, de 4 anos. A empresária disse que levou a pequena ao parquinho e observou quando três meninas que estavam brincando simplesmente se afastaram dela.
“Ser mãe de uma menina preta me trouxe muitos medos, muitos desafios e muita força. É muito triste ver a sua filha sendo rejeitada! Mesmo antes de dizer ‘olá!’, ela chega perto e todas correm, ela se aproxima, e todas as outras se agrupam, ela chama e ninguém responde. Isolam-a, excluem-a, a machucam. Ela não entende, mas sente. Não reclama, mas entristece“, afirmou na publicação.
É claro que a cena, que foi registrada por Ana Paula, partiu o seu coração. Diante disso, ela resolveu chamar a garotinha para uma conversa. Depois de abraçá-la, a mãe fez questão de forçar o quanto ela é bonita, inteligente e amada. A empresária também confessou que ficou apreensiva ao pensar nos momentos em que, infelizmente, a filha passará por isso sem a sua presença.
“A gente sempre fala da solidão da mulher negra, muitas vezes relacionada com a afetividade adulta. Mas essa solidão começa muito cedo, começa na infância. O racismo é aprendido pelas estruturas e reproduzido pelos pequenos de forma assustadora. Tivemos avanços, mas as nossas meninas negras ainda são preteridas, rejeitadas, isoladas”, ressaltou no texto.
Ela também reproduziu o diálogo que teve com a pequena. Ao questionar se as amigas não gostavam de brincar, logo ela respondeu que é sempre assim, mas que não se importa porque gosta se divertir sozinha. “Será que gosta? Ou aos 4 anos já se protege na solidão? E para você que acredita que é ‘coisa de criança’, certamente você não é uma mulher negra”, comentou Ana Paula.
Leia o relato na íntegra:
Dias após publicar o relato, Ana Paula também fez um vídeo para falar sobre a solidão da mulher negra e o racismo. “As crianças aprendem com as estruturas muito cedo a reproduzirem o racismo. As crianças aprendem de uma forma assustadora a serem racistas. Eu, nesse momento, acabo de viver essa situação e liguei a câmera para dizer que eu preciso de ajuda para continuar lutando porque é muito difícil”, afirmou.
Assista: