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Mãe publica relato de episódio de racismo sofrido pela filha

"Converso que ela precisa se achar linda, que ela precisa se amar e não depende da aprovação de nenhum amiguinho para achar isso", escreveu Renata.

Por Luísa Massa
8 dez 2016, 19h22

No fim do mês de novembro, a mãe Renata Germano, que vive em São Paulo, fez uma postagem chocante nas redes sociais. Na mensagem publicada no Instagram, ela relatou um episódio de racismo que a filha Rafaella Leonarda, de apenas 5 anos, sofreu dos coleguinhas enquanto voltava do colégio em uma van escolar.

Ao deixar a criança em casa, o motorista perguntou para a mãe se a menina tinha reclamado de alguma coisa. Ela respondeu que não e, naquele momento, notou algo estranho na filha. “Olho pra Rafa, quietinha no canto, amuada, quase deitada no banco, com os olhinhos marejados. Pego no colo. O choro é quase instantâneo… Me abraçou apertado, era um choro sentido, dolorido, diferente”, escreveu Renata.

Preocupada com a situação, ela resolveu questionar a pequena, que acabou revelando que não pôde participar de uma brincadeira porque um dos colegas não havia permitido. “O motivo? A cor de sua pele… Ele disse que a pele dela era escura demais pra tocar na bola dele que era tão clara. Continuou e disse que a pele dela era muito feia e muito escura e ele não gostava de pessoas de pele escura… Sendo assim, ela deveria se sentar longe dele”, contou a mãe indignada.

Emocionada, Renata afirmou que engoliu o choro, segurou o rosto da filha, pediu para que ela olhasse em seus olhos e repetisse que ela era maravilhosa. “Ao chegar em casa, já sem chorar, converso que ela precisa se achar linda, que ela precisa se amar e não depende da aprovação de nenhum amiguinho para achar isso. Ela sorri e diz: ‘Eu me acho linda mãe. E acho a minha pele linda também’”, disse a microempreendedora.

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No final do texto, ela faz um apelo para que os pais orientem e ensinem os pequenos desde cedo a respeitar as diferenças: “Você não consegue mudar a cabeça de um racista, mas você consegue fazer com que seu filho não seja um. A estrutura racista da nossa sociedade causa uma separação racial paralela a social. Na escola da Rafa temos apenas 3 crianças negras. Empoderá-la tem sido um feito diário”.

No Facebook, o post recebeu mais de 162 mil curtidas e 8 mil comentários de pessoas que deixaram mensagens para Rafaella. Alguns dias depois, Renata publicou um vídeo em que a pequena agradece o carinho e dá um recado importante para os seguidores. “O racismo não é algo velado! Ele berra! Ele maltrata! Ele faz doer… Então, nós também vamos berrar toda vez que acontecer algo, para que nunca mais aconteça. Rafa está bem! Está feliz! E mais confiante do que nunca! Li algumas mensagens pra ela e pedi que agradecesse”, comentou a mamãe.

Confira o post na íntegra:

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19:00h. Como de costume desci meu prédio pra pegar minha filha que chega da escola junto ao transporte escolar. A van chega, a porta abre e eu sinto um clima estranho no ar. O tio, motorista da van me pergunta: – Rafa tem reclamado de alguma coisa? Respondo que não! Mas o rosto dele e da tia que cuida das crianças trazia uma tensão que eu jamais tinha visto. Olho pra Rafa, quietinha no canto, amuada, quase que deitada no banco, com os olhinhos marejados. Pego no colo. O choro é quase que instantâneo… Me abraçou apertado, era um choro sentido, dolorido, diferente… Naturalmente tímida ela demorou a me dizer o que tinha acontecido. Mas abriu seu coração. Hoje ela não pôde brincar com os amigos da van, pois um deles não deixou. O motivo? A cor de sua pele… Ele disse que a pele dela era escura demais pra tocar na bola dele que era tão clara. Continuou e disse que a pele dela era muito feia e muito escura, e ele não gostava de pessoas de pele escura…sendo assim, ela deveria se sentar longe dele. E assim ela o fez. Eu engulo meu choro, pego em seu rosto, mando olhar nos meus olhos e digo: – Repete Rafa: Eu sou linda! Eu sou maravilhosa! – Em meio às lágrimas ela repete. Digo de novo: Repete alto filha pra vc ouvir bem. Ela o faz. Subimos. Ao chegar em casa, já sem chorar, converso que ela precisa se achar linda, que ela precisa se amar e não depende da aprovação de nenhum amiguinho pra achar isso. Ela sorri, e diz: Eu me acho linda mãe. E acho a minha pele linda tb. Fim do assunto com ela. . Queridos amigos! Ensinem seus filhos. Orientem-os. Você não consegue mudar a cabeça de um racista, mas você consegue fazer com que seu filho não seja um. A estrutura racista da nossa sociedade causa uma separação racial paralela a social. Na escola da Rafa temos apenas 3 crianças negras. Empoderá-la tem sido um feito diário. Há quem diga pra mim: Rê, mas você só fala de racismo. Cada um fala sobre a sua realidade, e essa é a realidade da minha filha, da minha preta. É por ela que eu falo! O novembro é negro, e eu to aqui pra dizer, não se deixe dominar pela estrutura racista imposta pela sociedade. E só pra constar! Ela tem a pele mais linda que já vi! ✊🏾👧🏾

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E assista ao vídeo de agradecimento da pequena Rafa:

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