Se voltar ao mercado de trabalho depois de uma pausa não é uma tarefa fácil por si só, o movimento torna-se ainda mais desafiador para mulheres que são mães e decidiram (ou precisaram) sair do seu emprego formal para se dedicarem aos cuidados com os filhos, precisando explicar ao empregador o porquê da lacuna de experiências profissionais em seu currículo neste período. Este processo pode ser bastante intimidador para estas figuras maternas, levando ao questionamento do que é possível fazer para contorná-lo.
Recentemente, o Linkedin adotou uma alternativa em que o usuário poder inserir uma “pausa na carreira” dentro de suas experiências profissionais. Na hora de preenchê-la, a pessoa escolhe o motivo que levou a esta paralisação em seu ramo, tendo as alternativa “cuidados parentais” e “paternidade/maternidade em tempo integral” entre o leque de opções.
A ferramenta, inicialmente divulgada nos Estados Unidos, também já está disponível no aplicativo brasileiro e é possível encontrá-la na aba superior chamada “adicionar seção”. Abaixo, você vê todas as justificativas que podem ser selecionadas:
Durante a divulgação da nova ferramenta, a gerente sênior de produtos do Linkedin, Camilla Han-He, explicou que uma pesquisa foi conduzida pela plataforma para que se chegasse ao resultado. Consultando 22.995 prestadores de serviço e 4.017 gerentes, 60% ainda acredita que existem estigmas que rondam a ideia de você paralisar a carreira por qualquer motivo que seja, sendo esta uma das causas que levou a criação da seção dentro do app.
“Ainda que seja desconfortável trazer o porquê desta pausa na carreira para os contratantes, eles realmente querem saber mais sobre ela: 51% mostram-se mais propensos a entrar em contato com um candidato que diz o contexto que o levou a esta paralisação”, justificativa Camilla na nota oficial da plataforma.
A valorização da maternidade como ocupação
Anteriormente, em março de 2021, o Linkedin habilitou a opção “cuidador do lar” como cargo dentro da plataforma – no Brasil, a alternativa aparece como “dona de casa” ou então “cuidador doméstico”. A empresa implementou a mudança depois da revista Fortune publicar um artigo em que a mãe e fundadora de uma startup de educação, Heather Bolen, narra a respeito da dificuldade de se reinserir no mercado por meio da plataforma.
A principal justificativa de Bolen era que o aplicativo não possibilitava mães e pais sinalizarem que estavam de licença-maternidade ou paternidade durante determinado período, desvalorizando o tempo integral de cuidados ao filhos. “É hora dos empregadores aceitarem que carreiras, às vezes, não são lineares e promoverem políticas aprimoradas para trabalho remoto, horário flexível, e licença familiar paga”, defendeu Heather.
Na época, a resposta do Linkedin foi de que mudanças estavam por vir, o que incluía a criação destas seções que pudessem explicar os “espaços” que existem nos currículos maternos e paternos durante períodos em que estão 100% dedicados aos seus bebês, como após o seu nascimento, por exemplo.