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Li Martins: “Eu mudei muito a minha cabeça depois que fiquei grávida”

Cantora do Rouge falou sobre os desafios e aprendizados que teve após o nascimento da filha, Antonella, que está prestes a completar 1 aninho de vida.

Por Nathália Florencio
22 Maio 2018, 19h35

Quem acompanha Li Martins nas redes sociais, bem sabe que as postagens do perfil dela no Instagram estão sempre divididas entre duas grandes paixões: a sua vida como cantora e como mãe da Antonella, de 11 meses. Fruto do relacionamento da artista com o apresentador JP Mantovani, a pequena veio ao mundo em junho de 2017 e, quatro meses depois, Li subia aos palcos ao lado de Aline Wirley, Fantine Tho, Karin Hils e Luciana Andrade para o primeiro show que marcou a volta do grupo Rouge, após 13 anos de separação.

Nostálgico para os fãs, o momento não deixou de ser desafiador para a cantora, que, como toda mãe de primeira viagem, viu seu dia a dia se transformar por completo após a chegada da filha. Li Martins falou sobre esse novo papel que assumiu e as dores e delícias da maternidade durante evento da marca Multikids Baby, realizado no início do maio e que contou com a presença de Mariana Kupfer, Betha Whately, Andrea Werner e da psicóloga Olga Terrari. Confira abaixo o bate-papo exclusivo dela com o Bebê.com.br:

Como foi lidar com o retorno do Rouge e a maternidade ao mesmo tempo?

Li Martins (L.M.): A Antonella estava com três para quatro meses quando rolou o convite e como eram shows pontuais, eu disse ok. E é muito engraçado, porque foi uma benção ao mesmo tempo, porque nenhum trabalho me possibilitaria levar a minha filha comigo. Então eu pude voltar a trabalhar sem tem que ficar longe dela. Por outro lado, essa rotina é muita loucura. Tem momentos que eu fico um pouco louca, porque temos compromissos, as coisas mudam da noite para o dia, às vezes eu já tinha pediatra marcado… É um pouco difícil conciliar, mas eu também tenho muita gratidão por poder ter a minha filha tão perto.

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Você tem levado a Antonella para os ensaios do grupo?

(L.M.): Agora está um pouco mais tranquilo, porque ela já come as papinhas e estava mamando apenas de manhã e à noite. Então eu consigo deixá-la em casa com a babá e ir trabalhar. Mas quando eu viajo, ela vai comigo. E nos primeiros ensaios, logo no início, ela mamava só no peito, então não tinha como, eu precisava levá-la! Às vezes eu estava lá ensaiando uma coreografia com ela pendurada no peito. Mas agora eu só levo realmente se tem muita necessidade.

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A amamentação é uma das grandes dificuldades que as mães sempre relatam. Como foi esse processo para você?

(L.M.): Foi muito difícil! Antes [da Antonella nascer] eu achava que não, porque a maioria dos relatos que eu tinha escutado de mães que tiveram dificuldades na amamentação, de rachar, de ter fissura e tudo mais, eram de mães de pele mais clara. Então, achei que pra mim não seria tão complicado, que só aconteceria com quem tem a pele muito sensível e eu vi que não existe regra, que não tem nada a ver com isso. Foi muito difícil pra mim, tive muita fissura, o meu leite demorou para descer, ela fazia muita força e eu descobri que estava com a pega errada também, daí machucou. Eu tive uma assessoria materna que me ajudou muito nessa fase, nesse primeiro momento. No começo, durante cerca de três dias, eu cheguei a dar fórmula no copinho e aí o meu leite desceu. Quando isso aconteceu, ela nem quis mais o outro leite e isso foi muito bem! Ela mamou muito bem até que eu tive herpes-zóster [doença causada pelo mesmo vírus da catapora] e tive que suspender a amamentação para fazer o tratamento. Agora estou tentando retomar, mas ela não está querendo. Ela pega o meu peito, fica olhando como se fosse uma coisa meio estranha, sabe? Eu até quero ver com o pediatra como vou fazer agora, talvez tenha que continuar dando fórmula, caso ela não pegue de volta. O que me deixa um pouco triste, porque eu sinto falta, era um momento nosso, que era muito gostoso, tanto que eu incentivo muito as minhas amigas que foram mães também, porque pra mim era um momento muito mágico e foi uma vitória!

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Eu ouvi muitas mães dizerem que amamentar era lindo, que era simples, instintivo e natural… mas sabe o q não te contam??? Que nem sempre é assim!!! Algumas vezes pode ser difícil, doloroso e vc precisa querer muito, precisa insistir!!! Algumas vezes vai machucar até sangrar, e vc vai pensar em desistir, mas sabe o q vai acontecer se vc continuar tentando??? Vc vai viver a experiência mais maravilhosa e única que somente nós mães temos o privilégio de ter!!! Na gestação eu tive a indicação de uma assessoria materna!!! Eu nem sabia q isso existia!!! E foi isso que me salvou!!! Entrei em contato com a @daniele_assessoriamaterna , ela foi até a minha casa, me ensinou tudo com todo amor e carinho, se colocou à minha disposição p quando a Antonella chegasse!!! E vou dizer q não sei o q teria sido de mim sem ela!!! Não vou dizer que foi fácil, mas fez toda diferença pois eu estava consciente do processo, das dificuldades q eu poderia ter, e sabia como solucionar graças à consultoria da @daniele_assessoriamaterna !!! Hoje quando olho p essa foto e me lembro da nossa primeira semana, sinto muito orgulho!!! Que bom que eu tive a Dani pra me ensinar e que bom q eu tive forças e não desisti!!! Agora com a introdução alimentar, a Antonella mama menos, e sinto até saudade entre uma mamada e outra!!! Imagina quando ela largar o peito??? Eu vou morrer de saudades!!! 😍😍😍 (Foto: @dribrescianifotografia)

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Recentemente, a Antonella teve catapora e chegou a ficar internada. Como foi passar por esse momento delicado e ainda ter uma agenda de compromissos da banda?

(L.M.): Eu larguei tudo! Quando vi que ela não estava legal, falei para as meninas [do Rouge]: “continuem aí sem mim, eu preciso cuidar da minha filha”. O médico me deu uma previsão de uma semana, então disse para cancelarem tudo. A sorte é que a gente não tinha nenhum compromisso tão importante nesse período para que eu pudesse focar nela e foi muito difícil, porque foi um susto. Eu nunca tinha ouvido falar de criança ser internada por causa de catapora, ainda mais quando o médico veio falar do começo da pneumonia. Ele me explicou que é uma complicação que a catapora pode acarretar, quando é um caso mais sério. Mas graças a Deus não foi nada grave. É complicado porque você nunca imagina como é [ter um filho no hospital] e, além de tudo, é difícil porque foi uma coisa que deu em mim e que passou pra ela, então vinha uma culpa ao mesmo tempo. Nem na escolinha eu a coloquei ainda, como não tem essa necessidade, porque tento protegê-la ao máximo por causa da imunidade, pelo menos até ter todas as vacinas e, mesmo com todo esse cuidado, aconteceu. Fiquei mal nos primeiros dias, mas agora já entendi que não tenho culpa. Como disse a Dra. Olga [psicóloga presente no evento], a gente só tem culpa quando tem a intenção de fazer o mal para o outro, mas foi um acidente, uma coisa que nem eu sabia que poderia ser contagioso e foi provavelmente por um pico de estresse ou de uma baixa imunidade que manifestou [a herpes-zóster]. Então, usei as minhas redes sociais para alertar as mamães, por causa do surto de catapora que está tendo também, porque hoje muitas mães não querem vacinar… Avisar que catapora não é doencinha de infância, é sério, sim! A princípio não queria falar para ninguém, não queria expor a minha filha, mas eu vi que existia, sim, uma necessidade, que eu poderia até salvar alguém, para se proteger e tomar esse cuidado antes que a catapora chegasse a um quadro mais grave. Enfim, foi uma fase muito difícil, mas de um aprendizado muito grande.

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Após 5 dias de internação, hj a Antonella teve alta! Ñ queria falar sobre isso, estava mto abalada e assustada! Mas me senti na obrigação de alertar outras mães q talvez ñ imaginem o perigo q uma catapora pode oferecer a seu bebê! Quero contar p vc q tem um bebê de menos de 1 ano! Muito cuidado! A catapora pode sim ser perigosa p seu bebê! A catapora pode ter complicações, pois o organismo deles gasta mta energia p combater o vírus, assim a imunidade deles baixa, e aí podem vir as complicações. A Antonella foi internada c começo de pneumonia! 5ªfeira começaram a aparecer as bolinhas de catapora nela. Levei no PS e a pediatra me receitou remédio p febre e antialérgico. Disse q ñ tinha o q fazer a ñ ser esperar o fim do ciclo da doença! Mto tranquila voltei p casa, afinal td mundo já teve catapora. Nada de mais. Mas a Antonella vomitava smp q tomava o antialérgico, estava perdendo o apetite, dormindo pouco, cochilos de 30min no máximo. De sáb p dom ela começou a ter febre alta, as bolinhas tomaram o corpo, ela gemia o dia td. Então fui ao PS p ver se trocavam o antialérgico p parar de vomitar e dormir melhor! Chegando lá, pensava q só ia pegar uma nova receita de antialérgico, mas p minha surpresa, tive q ficar no hospital! Qnd o médico viu o raio x chegou a falar em UTI! Eu entrei em estado de choque! Ñ conseguia mais raciocinar! Passei a noite em claro, desesperada, sem entender o q estava acontecendo! Ñ era catapora? De onde veio a pneumonia? De manhã o pediatra me explicou q o vírus da catapora é tão perigoso p bebês q a vacina só é liberada a partir de 1 ano! Eles são mto frágeis, a imunidade deles fica mto baixa, e por isso precisam de cuidado p ñ ficarem expostos a outros vírus pois qq resfriado pode ser perigoso! Mas graças à Deus ela foi bem assistida, segue melhorando, e agora já podemos continuar o tratamento em casa! Ela ainda precisa ficar em isolamento por uns dias por causa da imunidade, p evitar complicações! Mas já está fora de risco! Espero q c esse depoimento eu possa alertar e ajudar as mamães q como eu ñ faziam idéia do perigo de uma simples catapora! Quero agradecer a tds pelas mensagens de carinho, e principalmente pelas orações! 🙏🏼✨💕

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Você comentou que cuidou bastante da sua filha sozinha. Por que decidiu não ter uma babá no início?

(L.M.): Eu queria muito participar! Todo mundo falava na minha gravidez: “Aproveita muito quando ela nascer, porque essa fase passa muito rápido”. Então queria eu fazer! Por mais que eu tivesse ajuda da minha madrinha nos primeiros dias, eu queria fazer as coisas, porque era o momento que eu tinha com ela. A hora de colocar para dormir, por exemplo, que é um momento de carinho, de aconchego, de ter ela no colinho… Eu queria fazer isso! Hoje, lógico, eu já relaxo mais. Como estou aqui [no evento], ela está com a babá, que é quem dá a papinha, troca… Mas no início não. É como a Mariana Kupfer comentou: mãe tem uma coisa meio controladora, porque acha que ninguém vai fazer tão bem quanto a gente, né? Mas com o tempo você vai aprendendo a relaxar.

Existe uma cobrança muito grande para as mulheres voltarem ao corpo de antes da gravidez. Como você lidou com isso? Foi algo que te incomodou?

(L.M.): Eu achei que seria mais difícil, porque eu sempre fui muito vaidosa, muito preocupada com o peso, com a minha aparência, mas a gestação também foi uma libertação pra mim, um momento que eu falei: ‘Não, agora eu estou grávida, estou gerando uma nova vida e o importante é a saúde da minha filha’. Então, se tinha vontade de comer alguma coisa eu comia, engordei 25 quilos… E logo nos primeiros 10 dias já se foram 13 quilos e eu dei uma relaxada. Pensei: “Agora estou amamentando, não vou ficar fazendo dieta, não vou ficar passando fome, nada disso. Tudo tem seu momento e esse não é o de me colocar em primeiro lugar – é o de colocar ela em primeiro lugar, a saúde da minha filha”. Agora que ela já come papinha e não está mais o tempo inteiro no peito, eu comecei a fazer uma dieta, para emagrecer de forma tranquila, sem tanta cobrança. Eu acho que quando você é mãe, quando acabou de gerar um filho e de dar à luz, até a própria sociedade não cobra tanto. Eu ouço muito isso: “Ah, você está de dieta? Mas você acabou de ter neném, fica tranquila”. E eu comecei a pegar esse pensamento para mim. Estou bem em paz, tranquila e bem feliz, por exemplo, até mesmo com a minha cicatriz da cesárea. Eu queria parto normal, mas não tenho vergonha nenhuma da minha cicatriz, muito pelo contrário, porque o que ela representa pra mim é o nascimento da minha filha. Então, eu mudei muito a minha cabeça depois que eu fiquei grávida, que ela nasceu, eu mudei completamente a minha visão das coisas. Não que eu tenha deixado de ser vaidosa, mas consegui relaxar um pouco. A gente tem que aprender a encarar tudo com mais leveza, senão o fardo da maternidade fica muito pesado.

Você comentou sobre o desejo de ter um parto normal…

(L.M.): Sim, eu queria muito, mas não consegui. Mas tudo bem também. Esse foi um trabalho que eu fiz durante a gestação, me falaram muito: “Esteja preparada para o não, senão você vai ficar muito frustrada e o pós [parto] vai ser muito triste, muito difícil para você conseguir superar isso”.

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Você sente uma responsabilidade por ser mãe de menina? Quais mensagens você quer transmitir para ela, para que ela cresça levando esses valores para a vida toda?

(L.M.): Eu penso desde já em muitas coisas que a gente vê no mundo hoje. A gente fala tanto de preconceito e eu fico pensando: “E quando ela estiver nessa idade, como vou explicar, como vou falar?” Eu, por exemplo, vivo num mundo muito gay. E tenho amigos que hoje já têm filhos maiores e eles falam que é supertranquilo [de conversar sobre o assunto], que essa geração já é muito cabeça aberta, zero preconceito. Mas existe, sim, um peso e uma responsabilidade muito grande de passar para ela tudo o que a gente teve de ensinamentos, de princípios, principalmente de caráter e de conduta, de respeitar a diferença do outro, de como o outro é. Eu me lembro da minha infância e tem uma fase que as crianças são muito cruéis, de bullying… Por mais que eu tenha tido uma ótima educação, a gente nunca sabe como vai ser com o nosso filho, né? Então rola esse medo, essa responsabilidade de passar todos esses valores e de ficar se perguntando: “Será que eu vou conseguir?”. Mas no final das contas acho que tudo dá certo!

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