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É verdade que amamentar previne o câncer de mama? 

Embora ainda haja muita desinformação sobre o assunto, a lactação pode sim reduzir os riscos da mulher desenvolver a doença. Entenda o motivo!

Por Flávia Antunes
8 out 2020, 16h18

O Outubro Rosa chegou para nos lembrar da importância do diagnóstico precoce do câncer de mama. A campanha anual também traz luz para outro fator que merece atenção: a prevenção. Sim! Ninguém está imune à doença, mas os especialistas mostram que alguns hábitos são capazes de reduzir o risco de desenvolver a condição.

Um deles – e talvez o que mais gera dúvidas nas mulheres – é a amamentação. A pesquisa “Câncer de mama: o cuidado com a saúde durante a quarentena”, realizada pelo IBOPE a pedido da Pfizer em setembro de 2020, inclusive mostrou que entre as entrevistadas 63% das mulheres não sabem que a amamentação é um fator protetivo contra a doença.

Pois é, apesar da desinformação que ainda rodeia o assunto, a lactação comprovadamente ajuda a prevenir a condição. “Temos vários trabalhos epidemiológicos que mostram que a amamentação reduz o risco de câncer de mama”, afirma Dra. Maria Del Pilar, Diretora de Corpo Clínico e Coordenadora da Oncologia Clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo – ICESP.

Ou seja, mulheres que amamentam têm menos câncer de mama do que as mulheres que nunca amamentaram. Isto porque, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer, durante o período do aleitamento as taxas de determinados hormônios que favorecem este tipo de câncer caem na mãe.

“Além disto, alguns processos que ocorrem na amamentação promovem a eliminação e renovação de células que poderiam ter lesões no material genético diminuindo assim as chances de câncer de mama na mulher”, complementa o artigo publicado pelo Instituto. 

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E nesta balança da prevenção entra mais um componente: a duração do aleitamento. De acordo com a doutora, quanto mais tempo de lactação, menos chance a mulher tem de desenvolver a doença –  e este efeito protetor é cumulativo, então a duração importa mais que o número de gestações que a mulher já teve. “Estima-se que este risco relativo seja reduzido em 4,3% para cada 12 meses de amamentação”, diz Maria.

A mulher pode ter câncer de mama enquanto amamenta?

Sim, embora seja raro. “Menos de 3% dos casos de câncer de mama acontecem durante a gestação ou a amamentação”, responde a especialista do ICESP. Ela acrescenta que quando a lactação coincide com a fase de investigação da doença, em que a mulher faz os primeiros exames e biópsia, não é necessário interrompê-la.

“A amamentação só vai ser interrompida no momento em que a mulher tiver necessidade de se submeter ao tratamento com quimioterapia, porque ele é transmitido pelo leite materno e pode afetar negativamente a criança”, acrescenta a médica.

Outras formas de prevenir

A amamentação é importante, mas mesmo quem ainda não é mãe pode ficar atenta a algumas atitudes que devem ajudar na prevenção da doença. “Estima-se que conseguiríamos reduzir em até 30% o risco de câncer de mama mudando o estilo de vida”, diz a Dra. Maria.

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E isto significa, segundo ela, adotar hábitos mais saudáveis. “É importante que a mulher controle o seu peso, porque a obesidade é um fator de risco, e que seja fisicamente ativa. Recomendo também que, se for necessário usar terapias de reposição hormonal, que sejam feitas o mínimo de tempo possível; que evite a exposição à radiação; e que limite o uso de álcool e o tabagismo”, complementa. 

E claro que os exames de prevenção não poderiam ficar fora da lista. Para a detecção precoce da doença e aumento das chances de tratamento e cura, é fundamental que a mulher realize mamografia quando indicada pelo médico e que esteja atenta aos sinais nas mamas, realizando periodicamente o autoexame.

“Se encontrar alguma modificação na mama (como nódulos, secreção, inversão de mamilo, etc.), é importante procurar o ginecologista para saber se é uma alteração normal ou se é necessário investigar melhor”, recomenda a doutora.

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