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É normal a criança sentir medo de andar?

Especialista fala sobre o desenvolvimento motor dos pequenos. Também tem dúvidas sobre os cuidados com os filhos e gravidez? Mande a sua pergunta!

Por Laís de Andrade
Atualizado em 23 set 2022, 14h46 - Publicado em 22 mar 2016, 11h03

“Tenho uma filha de um ano e dois meses que engatinha e, às vezes, fica em pé se segurando no sofá, porém, quando parece que vai dar um passo, ela se assusta e cai sentada. O que devo fazer para ela perder o medo de andar?”

Os primeiros passinhos do bebê são um marco importante tanto para a família, quanto para o desenvolvimento do pequeno. Essa fase costuma gerar grande expectativa e ansiedade nos pais e esses sentimentos podem ser transmitidos para a criança, fazendo com que ela se se sinta pressionada e insegura na hora de andar. É importante lembrar que cada um tem o seu ritmo e um momento próprio para começar a caminhar.

“Andar representa um grande desafio para a criança, porque ela deverá usar seu corpo de modo muito diferente de quando está sentado ou engatinhando, em que tem apoio total no chão ou outra superfície firme. A posição ereta, necessária para o bebê se deslocar, exige coordenação motora e equilíbrio que ele ainda não tem e só vai conquistar treinando, isto é, andando – e a atividade exige coragem e certa dose de risco: de cair, de não alcançar o que quer, de falhar. As quedas nessas tentativas ocorrem com certa frequência e, como o bebê não tem como prevê-las, é sempre com surpresa e susto que elas são vivenciadas. O que parece um ato simples e natural pode, na verdade, gerar medo e insegurança nos pequenos. Além disso, os pais podem se mostrar aflitos com a possibilidade da criança bater a cabeça e se machucar quando caem, sem conseguir impedi-las, já que muitas vezes as quedas acontecem de forma repentina – mesmo quando os filhos estão sendo observados. Se houver um excesso de preocupação e uma necessidade muito grande em controlar os ensaios da criança, limitando os seus movimentos com o intuito de protegê-la, a criança pode ‘entender’ – pela atitude dos pais – que andar é algo muito perigoso e, portanto, o medo é legítimo”, explica Vera Ferrari Rego Barros, psicanalista e membro do departamento de saúde mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

Confira abaixo algumas orientações da especialista que podem ajudá-la a estimular a criança na hora de andar:

  • Seja paciente! Lembre-se de que cada criança tem o seu tempo. Evite forçar o bebê a ficar de pé ou a caminhar se ele não quiser. Tente diferenciar o que é a sua vontade e o que é o desejo do seu filhote.
  • Andar requer o desenvolvimento de uma série de competências que as crianças adquirem ao brincar. Então, estimule o bebê a se movimentar, a rolar no chão, a se interessar por pessoas, objetos, cores e sons do ambiente – eles serão  bons estímulos para o pequeno explorar o que está à sua volta.
  • Fique atento às quedas, mas não procure evitá-las a qualquer custo! Elas são necessárias para a criança não apenas construir uma noção do próprio corpo e aprender a se equilibrar, como para adquirir tolerância, persistência e confiança em seu desempenho.
  • Estimule o bebê a andar junto com você. É prazeroso para a criança andar segura por uma mão (ou mesmo pelas duas) com as pessoas que ela ama e confia. Torne esta tarefa uma descoberta gratificante para o pequeno.
  • Estimule o bebê a vir até você, aumentando a distância na medida em que ele vai conquistando os espaços com maior facilidade.
  • E, principalmente, não compare seu filho a outra criança. É o fato de cada bebê ter seu próprio tempo dentro do que é esperado para o desenvolvimento que faz com que ele seja único.
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