Como lidar com a falta de limites das outras crianças?

Pode dar bronca? Os pais sempre precisam ser avisados sobre o comportamento de seus filhos? Especialistas orientam como é melhor agir

Por Raquel Drehmer
29 nov 2017, 23h25
 (BananaStock/Thinkstock/Getty Images)
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Lidar com os momentos de desafio aos limites dos próprios filhos já é uma tarefa bem árdua. Precisar agir – ou não – quando as crianças dos outros são malcriadas com você ou com seus filhos, então, é algo que deixa muitas pessoas sem saber o que fazer.

Foi o caso da gerente de compras Juliana Mattos. Depois de cansar de pedir para uma das amigas da filha de 5 anos para comer à mesa junto com toda a turminha, não subir no sofá usando sapatos e, principalmente, não bater nas outras crianças, ela vetou as reuniões infantis em sua casa.

“A menina não sabia se comportar, eu não me sentia confortável para dar bronca e a mãe dela foi bem pouco receptiva quando relatei o que vinha acontecendo. Disse que era ‘coisa de criança’. Mas, para mim, é falta de limites. Principalmente a coisa de bater nas amigas”, conta. “Agora, só pode ir uma por vez em casa. E aquela amiguinha, infelizmente, não pode ir mais, porque eu não sabia mais o que fazer com ela.”

É bom ensinar sua criança a se defender da falta de educação alheia

No caso de agressividade, como Juliana relatou, é preciso analisar a situação antes de tomar uma atitude. “Se não for uma coisa muito grave, deixe que se resolva sozinha. Os pais às vezes se metem onde não são chamados e tiram da criança a capacidade de autodefesa”, orienta a psicóloga Marina Vasconcellos. “Agora, se for algo que chame a atenção e que esteja se repetindo, vale conversar com os pais da outra criança, esperando que eles deem a bronca no filho, e não você.”

Se nada resolver, a solução é procurar o afastamento, ainda que temporário. “Se o problema persiste, vale a pena tirar seu filho da situação, falar para ele não brincar mais com aquela criança. Você dá instrumentos para seu filho se defender sozinho e elas não bastam, então ele sai, porque também não é um saco de pancadas”, afirma a psicoterapeuta familiar Ana Gabriela Andriani.

E se os pais da criança estiverem presentes quando ela for malcriada?

As malcriações da amiga da filha de Juliana aconteceram dentro de casa, sem a presença de outros pais. Mas as más atitudes podem se manifestar em momentos em que os adultos estejam junto, como uma festa. Ou, ainda, a criança sem limites pode ser filha de amigos seus. O que fazer nesses casos?

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Ana Gabriela é a favor do benefício da dúvida para esses pais. “Vale a pena primeiro tentar conversar com a criança e ver como seus pais vão reagir. Pode falar meio brincando, é uma chance de eles se colocarem. A gente espera que reajam, atuem dizendo que é para ela parar”, observa a psicoterapeuta.

Existe a possibilidade de eles não fazerem nada. Aí, a consultora de etiqueta e marketing pessoal Ligia Marques é a favor do papo direto: “Se a situação estiver ficando incontrolável, é seu direito pedir aos pais, sim. ‘Por favor, podem pedir que seu filho não faça tal coisa?’.”

Mas com jeitinho, ok? Especialmente se eles forem seus amigos. A consultora de etiqueta Susi Obal considera que não adianta estender uma briga entre crianças até os pais. “Já aconteceu de os adultos estarem brigados e os filhos já terem feito as pazes”, afirma.

Uma criança desconhecida está sendo malcriada em público. É preciso fazer algo?

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Você está bela e plena no shopping, no supermercado, no clube ou em qualquer lugar público e de repente nota uma criança sendo mal educada: ela mostra a língua para as pessoas, grita, cospe, faz gestos inadequados. E agora?

Em primeiro lugar, nunca se deve dar uma bronca diretamente; você não conhece aquelas pessoas. Se você não conseguir ficar em paz com a situação, pode se dirigir aos pais, mas esteja preparada para não ser bem recebida.

“Se esses pais deixam os filhos cuspirem e serem agressivos com estranhos, há o risco de você ser desrespeitada. Criança com esse tipo de comportamento vem de pais mal educados”, explica Marina.

Ainda assim, Ana Gabriela defende uma abordagem direta: “Pode ser que os adultos se voltem contra quem falar, mas reclamar é um direito. Não tem problema dizer ‘Desculpa, mas ela está cuspindo’, ‘Desculpa, mas seu filho está me chutando’.”

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Saia justa: você leva seu filho e um amigo para passear e a outra criança é mal educada

Vocês estão no cinema, no teatro, em um restaurante, no supermercado ou em um passeio no shopping e ali dá-se o problema. Todas as especialistas são da opinião de que você deve interromper esse amiguinho na hora.

“A mãe precisa ter autoridade. Se a situação continuar, dizer que todos vão embora”, sugere Marina. Ligia concorda com a ideia do “toque de recolher”: “Tem que dizer que se ele não conseguir se comportar vai pra casa na hora. Ninguém é obrigado a aturar criança sem educação e ficar quieto.”

De toda forma, algum preparo antes de sair de casa pode evitar esse transtorno. A criança pode se comportar de forma considerada inapropriada apenas porque o lugar ao qual vocês foram não é adequado para os pequenos. “Vale sempre lembrar que há restaurantes mais indicados para se levar crianças e outros em que, por mais que alguns não concordem, não gostam da presença delas. Faça uma boa escolha em relação ao local”, recomenda Ligia.

Combinar com as crianças como será a saída também é uma boa ideia. Ana Gabriela afirma que uma criança é super capaz de seguir as regras de outra casa e que não tem problema estabelecê-las. “É importante fazer um combinado antes de sair de casa. Dizer que vocês vão comprar pipoca, refrigerante e eles vão procurar ficar quietinhos no cinema, por exemplo. Tentar antecipar algumas situações é muito bom. E, se houver algum imprevisto, agir no momento”, finaliza.

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