Como é mudar para os Estados Unidos com filhos pequenos

Confira as dicas de especialistas e de famílias sobre como agilizar o visto, escolher as escolas e planejar sua rotina em um novo país.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 13 dez 2019, 10h15 - Publicado em 11 dez 2019, 12h19
 (Rodolfo Velasco/Getty Images)
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Está pensando em mudar para os Estados Unidos com a família inteira, mas não sabe por onde começar? Então essa matéria foi feita para você! Conversamos com advogados e famílias para te ajudar a traçar um plano consistente e realizável. Eles também explicam como é a vida e a adaptação com as crianças pequenas no país.

Visto definitivo ou temporário?

Se a família não está certa de quanto tempo pretende passar no país, pode solicitar um visto temporário de estudante para um dos pais e o de acompanhante para o restante da família. Nesse caso, é preciso também se matricular em um curso acadêmico ou de inglês. São diversas modalidades disponíveis para diferentes níveis de escolaridade.

Entre as vantagens, o custo menor e a rapidez. “Os vistos de estudante podem ser obtidos em menos de um mês”, destaca Adriana Canet Krause Vianna, do escritório de advocacia Braswell & Vianna, na Flórida.

Outra opção é tentar vistos temporários de trabalho ou investimento, que podem ser renovados e dar autorização para viver por alguns anos no país. ”O visto E-2 está disponível para investidores brasileiros com dupla cidadania de países que têm tratados comerciais com os Estados Unidos, como Itália, Argentina e Alemanha”, completa Adriana.

Agora, se a ideia é estabelecer residência definitiva, o caminho é um pouco mais complexo e caro.

Os vistos que dão direito ao green card – o cobiçado visto permanente do país – mais solicitados são os EB1 e EB5, para profissionais. O primeiro é para pessoas com habilidades profissionais excepcionais ou alto nível de graduação, e o segundo para investidores estrangeiros, que devem ter um capital de investimento de U$900 mil ou U$1,8 milhão de dólares, dependendo dos empregos gerados pelo negócio.

Com exceção do visto de estudante, é preciso contratar um advogado licenciado para atuar nos EUA para concluir o processo.

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Quanto tempo de planejamento

A mudança envolve burocracia e muitos detalhes. “Um ano antes é um tempo razoável para se planejar e decidir com calma detalhes como plano de saúde, cidade, escola e fazer uma boa reserva financeira”, comenta Daniel Toledo, advogado especialista em direito internacional, sócio fundador da Loyalty Miami.

O bolso, aliás, é bem importante nessa história. “Para que não haja o sentimento de insegurança sobre como se sustentar aqui, recomendo que a família tenha uma reserva para viver um ano no país”.

Para onde ir

Pelas altas temperaturas e grande população de brasileiros, a Flórida é um destino comum no país. Mas vale a pena dar uma olhada nos outros estados e conversar com brasileiros que residam por lá, que geralmente são bem organizados em grupos no Facebook e blogs.

“Os Estados Unidos são um país de dimensões continentais e cada cidade é muito particular. Não adianta ir para Nova York, por exemplo, se o seu sonho é ter um quintal para os filhos crescerem”, comenta Otavio Lima, conhecido no Youtube como Brancoala, que vive no país há seis meses com a mulher e os dois filhos. Em seu canal, ele mostra um pouco da rotina da família.

A associação Brasileira de Consultoria e Assessoria em Comércio Exterior (Abracomex) tem uma lista dos dez melhores estados para viver na terra do Tio Sam. Para saber o gasto mensal, o site Numbeo.com, criado por um ex-engenheiro do Google, compara o custo de vida de diversas cidades.

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Mudando com filhos pequenos

As escolas públicas são a escolha da maior parte da população do país. Só que elas só estão disponíveis a partir dos cinco anos de idade. A pré-escola, dos três aos cinco, é opcional pela lei, então alguns locais oferecem, mas outros não. Se o local que você escolheu não conta com uma, será preciso investir em creches e escolinhas particulares.

Para as crianças que já frequentavam uma escolinha no Brasil, a mudança pode ser chocante a princípio. “Eu cheguei a cogitar tirar minha caçula da escola, pois nós duas sofremos muito com a adaptação”, comenta Tatiana Andrade Xavier, 42 anos, que foi em 2013 para a Flórida com os três filhos, à época com 2 anos e meio, 6 e 9 anos de idade.

“Aqui eles tem uma visão diferente das crianças, menos afetuosa e mais focada em estimular a independência delas”, relata. “Lembro que a dona da escola chamou minha atenção de que era um absurdo carregar minha filha no colo e a mochila dela, mas eu ainda a via como um bebê”, lembra Tatiana.

Também não há os programas de adaptação progressiva, com a presença dos pais nas escolas. Mas não demora muito para o pequeno acostumar. “A criança é uma esponja, antes de imaginarmos eles já estão totalmente imersos numa nova cultura”, conta Tatiana, que foi ao país por um ano com os filhos para que eles tivessem a experiência no inglês. Depois do período, o marido Márcio se uniu à família e desde então eles estão por lá.

Escolha a escola primeiro

Tatiana recomenda que os pais escolham a escola antes de decidir em que bairro/cidade irão morar. Isso porque as vagas são distribuídas de acordo com o endereço da família. O site Great Schools elenca as principais características de cada escola pública dos Estados Unidos e avalia a qualidade delas.

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A matrícula é simples, exige um exame médico, a carteirinha de vacinação e a certidão de nascimento. “Já escolas privadas podem solicitar outras coisas, como prova de admissão e cópia do histórico escolar”, explica Adriana.

E atenção: crianças com visto de turista até podem se matricular na rede pública, mas teoricamente estarão infringindo leis imigratórias e a família pode ser punida. Os advogados não recomendam.

Vale também ficar atento ao período da mudança. A criança pode entrar na escola em qualquer época do ano, mas o ano letivo começa no final de agosto, diferente do Brasil.

Vantagens e desafios

“É difícil perder a rede de apoio que temos no Brasil, mas, em contrapartida, a infraestrutura das cidades, a segurança e a educação compensam muito”, diz Tatiana. Esse acesso a mais qualidade de vida é o que motiva muitos brasileiros a partir de mala e cuia para o outro lado da América.

Como o processo é trabalhoso, quem está lá recomenda resiliência em nome das benesses. “Muitas pessoas desistem por conta do tamanho da empreitada, mas com planejamento, uma boa pesquisa e dedicação é possível fazer”, comenta Otavio.

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Faça tudo dentro da lei

Por último, fica o alerta para seguir o processo como manda a legislação. Desde que a nova lei de imigração foi aprovada, as regras estão mais rígidas para quem tenta entrar ilegalmente no país. Em setembro, o governo brasileiro autorizou a deportação de imigrantes sem visto.

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