Cachorro terapeuta: como a visita do animal ajuda crianças hospitalizadas
Conheça o projeto que leva pets para animar pequenos pacientes e saiba como eles contribuem para o tratamento
Talvez você já tenha ouvido falar na Terapia Assistida por Animais (TAA) como forma de tratamento complementar em diferentes casos, desde questões ligadas a deficiências físicas e intelectuais até o suporte de pessoas acamadas, proporcionando uma sensação de bem-estar. De fato, quem gosta de bichinhos costuma se derreter ao ver um amigo de quatro patas se aproximando – ainda mais quando se trata de criança – e essa reação de alegria tende a se refletir na saúde.
Foi pensando nisso que o Projeto Pêlo Próximo foi idealizado e fundado por Roberta Araújo, promovendo o encontro de pets com pessoas que podem estar precisando daquele tipo de carinho que só os animais podem nos dar. Entre as diferentes atividades que a associação sem fins lucrativos desenvolve, está a visita quinzenal de cães ao Centro Pediátrico da Lagoa, do Grupo Protonbabay, no Rio de Janeiro. Lá, especificamente, são apenas cachorros que participam (a Penélope e a Life alternam a cada visita), mas a iniciativa conta também com gatos, coelho e até coruja.
Requisitos para o voluntariado animal
Para atuar como voluntário, o cãozinho precisa ter mais de 1 ano e deve estar castrado – isso porque o atendimento é, muitas vezes, feito em grupo, e uma fêmea no cio, por exemplo, pode atrapalhar todo o processo. Além disso, eles passam por uma fase de adestramento e avaliação, como explica Patrícia Calainho, coordenadora de atendimentos no Centro Pediátrico da Lagoa e porta-voz do projeto: “Isso é feito para que seja possível notar se o cão é reativo a situações de estresse com barulho, com manutenção, ciúmes do tutor… Isso tudo é avaliado e, depois, é preciso passar por uma avaliação veterinária que vai verificar a saúde do cão.”
Posteriormente, ele passa por três visitas-teste, cujo objetivo é observar como será o comportamento e qual é o perfil do animal, “se seria melhor para atuar em casas de longa permanência, com idosos ou com crianças, por exemplo”, conta Patrícia, que lembra ainda que a saúde e o bem-estar do bichinho são levados muito a sério.
Como funciona a visita
A dinâmica varia de acordo com a instituição. No Centro Pediátrico da Lagoa, os pacientes podem interagir com o cão no “tapetão”, uma área preparada pelo hospital para receber as amadas visitantes, ou no próprio leito, para aqueles impossibilitados de sair do quarto.
“As crianças podem e devem fazer carinho, existe a interação. Simulamos os procedimentos que eles passam no hospital: o acesso venoso, uma injeção, ver como está o ouvido, aferir pressão, entre outros procedimentos. Fazemos essas simulações, transformando essas crianças em pequenos doutores, para que aquela rotina hospitalar, que às vezes é muito invasiva, seja transformada em uma coisa mais lúdica, facilitando a abordagem da equipe multidisciplinar”, relata Patrícia. O animal atua, então, como um facilitador que ajuda a tornar o dia a dia da internação um pouco mais leve.
Para o coordenador médico infectologista do Grupo Prontobaby, André Ricardo Araújo da Silva, os benefícios das visitas são evidentes, sobretudo pela simulação de atendimento. “Como é um cachorro treinado, domesticado e dócil, ele fica quietinho e isso desmistifica um pouco a questão desses procedimentos que são invasivos e dolorosos para a criança”, relata. Além disso, André lembra que o contato com os bichinhos aproxima um pouco os pequenos do ambiente familiar, já que muitos deles têm pets em casa. “Há crianças que já têm empatia pelo animal, outras desenvolvem com o passar do tempo, o que é importante para a sociabilidade. É um momento lúdico e agradável para todos”, afirma o médico.
Além dos requisitos para os cães, que Patrícia destacou, o infectologista ressalta algumas condições em relação aos pacientes. “As crianças que estão internadas na UTI, com casos graves de doenças infectocontagiosas ou com germes multirresistentes, que podem ser transmitidos por contato para outras pessoas, não podem participar da pet terapia. O mesmo vale para crianças com quadro alérgico que possa ser exacerbado pela presença do animal”, explica. Os pequenos que têm muito medo dos pets também ficam de fora – a ideia é que seja um momento de alegria e descontração, não de estresse.
Para quem quiser se voluntariar
No Pêlo Próximo, existem duas formas de participar: como um voluntário sem cão, que ajuda no atendimento, e com cão, que vai passar por todas aquelas etapas de avaliação. Patrícia explica que o animal é do voluntário que se cadastra e que é treinado para ser o condutor, ou seja, não há “empréstimo” do cachorro. O voluntariado acontece em parceria do pet com seu companheiro humano.
Para conferir todas as informações, é só acessar o site do projeto clicando aqui. A seguir, um pouquinho das visitas da Life ❤️