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AME Jonatas: campanha de arrecadação dos pais levanta suspeitas

A Justiça de Santa Catarina passou a averiguar possíveis fraudes e o dinheiro da família foi congelado. Entenda o caso.

Por Luísa Massa
Atualizado em 19 fev 2018, 19h25 - Publicado em 19 fev 2018, 19h16

Há exatamente um ano, Renato e Aline Openkosk iniciaram uma campanha nas redes sociais com o objetivo de arrecadar fundos para o filho mais novo Jonatas, de 1 ano e meio. O pequeno foi diagnosticado com AME (Atrofia Muscular Espinhal) tipo 1 – uma doença degenerativa rara que atrofia os movimentos, muitas vezes levando ao óbito por volta dos 2 anos. Para tratar a enfermidade, os pais descobriram a medicação Spinraza, dos Estados Unidos, que promete retardar os sintomas. Cada dose do remédio custa R$ 370 mil reais e foi a partir disso que surgiu a ideia de compartilhar o caso do menino na internet.

A iniciativa do casal deu tão certo que a meta proposta de 3 milhões foi atingida em menos de 3 meses. Celebridades como Eliana, Danielle Winits e Adriana Sant’Anna se envolveram na história e chegaram a usar os seus canais de comunicação para pedir doações, assim como moradores de Joinville, que organizaram eventos, como um bazar, para ajudá-los. Em setembro de 2017, a família já tinha conseguido acumular 4 milhões de reais, mas foi nesta data que ela parou de declarar o valor recebido. 

Segundo informações do Fantástico, Camila, a tia de Jonas, denunciou os parentes para o Ministério Público do Estado alegando que eles estavam usando o valor arrecadado para fins pessoais – como comprar celulares e um carro avaliado em 140 mil reais. As pessoas que contribuíram com a causa também começaram a reclamar da falta de transparência da campanha e até uma página no Facebook foi criada para questionar o fato. A polêmica se acentuou quando os pais do bebê viajaram para Fernando de Noronha no Réveillon, gastando quase 8 mil reais nas passagens aéreas.

No começo deste mês, a Justiça de Santa Catarina passou a averiguar possíveis fraudes e todo o dinheiro no nome de Aline e Renato foi bloqueado. A Polícia Civil de Joinville também começou a apurar a questão, suspeitando que os cuidadores tenham se beneficiado da doença do filho para gastar o dinheiro com propósitos que não estão relacionados com os custos do tratamento. Para a Revista Veja, Renato disse que ele e a esposa irão recorrer da decisão e comentou que a viagem de Ano Novo foi um presente dado por um amigo médico.

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Já em entrevista ao Fantástico, que foi ao ar no último domingo, 18, o pai de Jonatas afirmou que bancou o passeio para Fernando de Noronha – fruto do trabalho que ele e a mulher desempenham na empresa que vende camisetas com os nomes dos filhos. O catarinense também ressaltou que o investimento com um carro maior e a mudança de casa beneficiaram a criança. Depois da gravação, a Rede Globo comentou que os pais entraram em contato para pedir que o depoimento não fosse veiculado na emissora.

No mesmo programa, o juiz Márcio Renê Rocha, que está cuidando do caso, comentou que não faltará dinheiro para o tratamento do pequeno desde que Renato e Aline comprovem os gastos. Infelizmente, essa situação não gerou bons resultados: outras famílias que criaram campanhas para ajudar os filhos que têm algum tipo de doença grave saíram perdendo. O número de pessoas dispostas a fazer doações para elas reduziu drasticamente.

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