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7 frases (muito ditas) que as crianças não precisam ouvir no Natal

A celebração é mágica, mas algumas falas frequentemente repetidas pelos adultos, sobretudo em ocasiões como esta, podem ter impactos bastante negativos

Por Da Redação
20 dez 2023, 11h15

Família reunida em volta da mesa, casa decorada e iluminada, pratos deliciosos, troca de presentes e a magia das tradições: o Natal é mesmo uma data incrível, sobretudo para as crianças. O encantamento delas diante das festas e da expectativa pela chegada do Papai Noel renova as esperanças e ajuda a finalizar o ano em um clima feliz. Porém é nessa época que os adultos costumam dizer algumas coisas que podem não apenas atrapalhar a noite de Natal, mas impactar a construção da personalidade e as crenças dos pequenos em todos os outros dias do ano.

Hoje, adultos, muitos pais certamente se lembrarão de ter ouvido pelo menos uma – se não todas elas! Listamos aqui 7 frases comumente ditas para as crianças na temporada de festa, mas que devem ser evitadas. Com ajuda da psicóloga Natalia Orti, professora da The School of Life (SP), explicamos os motivos.

1. “Se você se comportar desse jeito, o Papai Noel não vai trazer presente!”

Você não usa (ou não deveria usar) ameaças e chantagens nas relações com seu parceiro ou sua parceira, com seu chefe, com seus amigos ou com qualquer outro adulto, certo? Usar com seu filho também não é uma boa.

“Nesse tipo de ameaça, a figura do Papai Noel é usada para sinalizar uma possível punição (ficar sem presente) em função de algum comportamento”, diz a especialista. De imediato, a estratégia pode até funcionar, mas isso acontece pelo medo, pela raiva e pela culpa – emoções que não ensinam o motivo real pelo qual a criança deveria se comportar de uma forma diferente. E quando o Natal passar? Você procurar outras formas de chantageá-la?

O que dizer?

“Sinto muito, mas você não pode continuar com esse comportamento. Quando você se comporta desse jeito, a consequência é tal. Talvez a gente consiga pensar juntos em outras maneiras de conseguir o que você está tentando. E se for desse jeito aqui?”

2. “Você tem que dar beijo no titio, na vovó, no primo…”

Parece bobeira, mas todo contato físico, até mesmo um abraço em um familiar querido, precisa ser consensual. Obrigar a criança a cumprimentar com beijos e abraços é problemático, reforça a especialista. Isso não significa que o pequeno não precise aprender a ser gentil e cordial. “Desde a infância, é importante ensinar e dar o exemplo, convidando-o a prestar atenção nas pessoas quando chega a algum lugar – lembrando sempre que esse aprendizado se dá gradualmente, ao longo do desenvolvimento cognitivo e social”, explica.

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“Da mesma forma, é na infância que precisamos ensinar sobre limites e dar também esse exemplo sobre respeito ao próprio corpo”, acrescenta. Você pode incentivar seu filho a dizer “oi”, a acenar com as mãos ou a fazer qualquer gesto com que se sinta confortável, sem que seja forçado a ter qualquer tipo de contato físico, se não quiser.

O que dizer?

“Estamos chegando em um lugar onde há outras pessoas, com quem vamos estar hoje. Uma forma gentil é dar um ‘oi’ e cumprimentar quem estiver lá. De que jeito você gostaria de dar ‘olá’?”

3. “Por isso eu tenho que trabalhar o dia inteiro, para conseguir comprar esse presente caro que você pediu!” 

“Não é justo nem verdadeiro que o pedido de presente da criança justifique a quantidade de tempo que os pais trabalham. Portanto, não é algo que deve ser dito”, aponta a psicóloga. Quando culpamos os filhos pelo quanto trabalhamos, descontamos neles nossa frustração e nosso cansaço.

“Além disso, é tarefa dos pais e responsáveis decidirem se um presente está ou não dentro das possibilidades financeiras, assim como arcar emocional e financeiramente com a decisão de comprar ou não algum item que ela tenha pedido”, afirma Natalia.

O que dizer?

“Infelizmente, não vamos conseguir comprar esse presente que você pediu. Vamos pensar juntos em uma alternativa?”

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“Entendo que você queira muito esse presente, deve ser mesmo bem legal. Porém, nesse momento, não podemos comprar. Sinto muito. Gostaria de te presentar com outra coisa, que eu possa pagar e de que você goste. Que tal pensar em outro presente? Tenho certeza de que existem outras ideias bem legais!”

Mesa de Natal, durante o dia, com a família comendo
(LEREXIS/Getty Images)

4. “Você ganhou o presente que pediu, agora precisa se comportar pelo resto do ano!” 

Nesse caso, o presente está sendo tratado como item de barganha ou como parte de uma negociação que envolve uma expectativa de como o pequeno deve se comportar. Em geral, as crianças esperam receber presentes como gestos de afetividade, não como algo relacionado a um suposto mérito que apresentaram.

A melhor forma de estabelecer limites e ensinar comportamentos importantes é sempre investir na conexão emocional com a criança e no próprio estilo de comunicação, bem como em outras habilidades parentais. “Além de tudo, é ingênuo acreditar que ganhar um presente ou qualquer tipo de recompensa vá influenciar a forma com que uma criança se comporta de forma prolongada. A cobrança nem funcionaria a longo prazo”, lembra a especialista.

O que dizer?

“Fico feliz que você tenha gostado do presente que ganhou!”

“É realmente muito legal quando ganhamos o que queremos, não é?”

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5. “Você precisa comer tudo o que está no prato!”

Obrigar a comer atrapalha o aprendizado sobre saciedade. Em vez de comer porque está satisfeita, a criança come para atender a expectativa de um adulto. “Com o tempo, ela perde a conexão com os estímulos físicos internos que indicam que não está mais com fome e aprende que comer é um comportamento ligado a consequências sociais e emocionais, o que pode trazer muita confusão e comportamentos prejudiciais”, ressalta Natalia.

Para garantir não só uma boa alimentação, como também um comportamento alimentar saudável, existem boas recomendações de nutricionistas, como priorizar alimentos naturais e com o mínimo de conservantes, oferecer diferentes grupos alimentares, servir porções razoáveis e evitar lotar o prato.

O que dizer?

“Você já está satisfeito?”

“Você quer comer mais alguma coisa desse prato?”

“Você gostaria de provar aquele prato?”

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“Acho que você quer muito ir brincar e talvez não tenha comido o suficiente. Que tal comer um pouco mais?”

“Vou guardar seu prato e, quando você sentir fome novamente, podemos aquecer a comida.”

6. “Você viu? O papai não me deu nenhum presente!”

Às vezes, os adultos usam as crianças para comunicar alguma insatisfação com outro adulto, mas é lógico que os pequenos não têm nenhuma responsabilidade sobre isso e nem devem ser envolvidos em qualquer tipo de cobrança nas relações alheias. “Isso transmite uma expectativa de que a criança faça uma espécie de ‘aliança’ com o adulto que falou, de forma que ela passe a fazer algumas tentativas de reparação ou de compensação pela reclamação. É uma atitude que acaba manipulando a maneira como a criança se sente, gerando comportamentos  enviesados”, explica a psicóloga.

O que dizer?

Para a criança, nada. Se um adulto estiver frustrado por não ter ganhado presente ou por qualquer outro motivo, ele deve se dirigir ao outro adulto em questão e se comunicar aberta e assertivamente sobre isso, dizendo como se sentiu e sobre o que gostaria que acontecesse, por exemplo.

7. “Só vou te dar o presente se você me der um beijo ou um abraço!”

“Esse tipo de comportamento promove uma noção inadequada de que o adulto pode cobrar por afeto ou contato físico e que isso deve ser feito independentemente da vontade ou do desejo da criança”, diz Natalia. O mesmo raciocínio vale para brincadeiras que invadem o corpo e a privacidade, como cócegas.

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O que dizer?

“Aqui está o seu presente, espero que você goste”

“Posso te dar um abraço?”

“Ah, entendi que você não quer abraçar. Está tudo bem.”

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