O nascimento de um filho gera muitas expectativas nos pais e, às vezes, uma notícia inesperada surge e mostra que nem tudo sairá como planejado. No filme O Filho Eterno – uma adaptação do livro de mesmo nome, lançado em 2007 por Cristóvão Tezza – o personagem Roberto (interpretado por Marcos Veras) enfrenta esse desafio após receber a notícia de que o seu primogênito, que acabou de nascer, tem mongolismo – como era chamada a síndrome de Down na década de 80, período em que se passa o longa.
A partir disso, o pai enfrenta conflitos internos para lidar com a situação, passa por períodos de negação e questionamentos e chega a submeter o pequeno a uma técnica de exercícios que promete curar a doença. Tudo isso para encontrar uma maneira de desenvolver um vínculo com o filho Fabrício (interpretado por Pedro Vinícius) e aprender a amá-lo como ele é.
Produzido por Rodrigo Teixeira e dirigido por Paulo Machline, a trama aborda o preconceito relacionado às pessoas com essa alteração genética, as relações familiares e a conexão entre pais e filhos. E conta, ainda, com a participação da atriz Débora Falabella, que faz o papel de Cláudia, mãe de Fabrício e esposa de Roberto.
Confira 5 motivos para assistir ao longa (que estreia nos cinemas no dia 1 de dezembro) e, abaixo, veja a entrevista exclusiva que fizemos com os protagonistas e com o diretor.
1. Ver o Marcos Veras em um papel dramático
Estamos acostumados com os personagens humorísticos que o ator faz, mas em “O Filho Eterno”, Marcos Veras interpreta Roberto – personagem que vive fortes dilemas ao descobrir que o filho tem síndrome de down. Vale a pena conferir a atuação do artista que retrata os sentimentos mais profundos e humaniza o personagem do livro de Cristóvão Tezza. “Eu venho fazendo muita comédia, amo fazer comédia e vou continuar fazendo para o resto da minha vida, mas antes de ser comediante, eu sou ator. Eu já tive contato com o drama no teatro e no cinema de outra forma. Esse é o meu maior desafio, mas eu acho que a dificuldade não está em fazer um drama e sim na complexidade do personagem, na delicadeza do tema e por ainda ser tabu tocar nesse tipo de tema”, revelou o ator na coletiva de imprensa que aconteceu na última terça-feira, 22, em São Paulo.
2. Ressaltar a importância da conexão entre pai e filho
O filme retrata a busca de um pai de primeira viagem para criar vínculo com o filho. Diante do nascimento do pequeno, Roberto faz planos e idealizações que acabam não se concretizando. Com isso, ele sente inicialmente dificuldades em desenvolver afeto pela criança e aceitá-la. Há muitas passagens que mostram esse processo, esse encontro entre pai e filho que, muitas vezes, se dá pelo futebol. “O Cristóvão diz que o livro não é autobiográfico, mas tem muitos elementos da vida dele e um deles é o futebol. Na relação dele com o filho, o Felipe, o atlético paranaense era uma forma deles se unirem naquela dificuldade toda. O futebol sempre foi uma trégua entre eles. Do jeito que está no filme, a gente transformou em seleção brasileira porque a ideia era realmente fazer uma passagem de tempo clara”, explicou o diretor, Paulo Machline. Tudo isso nos leva a refletir sobre a importância da paternidade ativa, os sentimentos que os homens sentem quando se tornam pais e os bloqueios e as limitações que cada um de nós enfrenta durante a vida.
3. Refletir sobre as questões que envolvem a maternidade
Embora o filme seja focado nas descobertas e conflitos que surgem com a paternidade, ele também nos faz pensar sobre o modo que as mães encaram as dificuldades na hora de criar um filho. Na trama, Cláudia, representada pela atriz Débora Falabella, tenta chamar a atenção do marido quando ele cobra demais do pequeno e quer que ele se comporte de determinada maneira. Ela sempre pede para que ele tenha paciência e, de maneira geral, lida melhor com a situação. Apesar disso, Cláudia também tem suas fragilidades, seus momentos de dúvidas e incertezas como toda mãe e em uma das cenas ela revela isso ao pai da criança.
4. Acompanhar o trabalho de Pedro Vinícius
No filme, o personagem Fabrício é representado por Pedro Vinícius, uma criança com síndrome de Down que tem 9 anos de idade. É difícil não se apaixonar pelos sorrisos que ele dá, pela maneira carinhosa que muitas vezes ele reage e colocações que faz – inclusive, o diretor ressaltou que algumas cenas foram modificadas por sugestões propostas pelo ator mirim.
5. Discutir sobre o preconceito
“O Filho Eterno” é uma ótima oportunidade para os pais pensarem sobre a questão e abordarem o assunto em casa, fazendo com que os filhos respeitem as diferenças. Em um momento do filme, Cláudia conta que no dia do aniversário do Fabrício ela fez uma festinha, mas que nenhum amiguinho compareceu – nem mesmo o pai da criança. A maneira como assuntos complexos são tratados mostra que o preconceito é um tema que deve ser trabalhado desde cedo com os pequenos, para que eles cresçam e se tornem pessoas tolerantes.