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5 atitudes que os pais de crianças tímidas devem evitar

"O gato mordeu sua língua?" e "Olha o seu irmão, ele não tem vergonha" são algumas das frases que os pequenos que sofrem com a timidez costumam ouvir.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 20 abr 2017, 19h49 - Publicado em 5 nov 2015, 10h16

Uma recusa em cumprimentar alguém ou em falar em meio a um grupo de desconhecidos: essas são atitudes bastante comuns entre os tímidos. Muitas vezes, esse comportamento acontece apenas nos momentos em que o pequeno muda de espaço, como em uma escola nova ou numa festa; em outras, o medo e a insegurança são tão grandes que fica impossível conversar com qualquer um que não seja o pai ou a mãe. Especialistas classificam a timidez como sendo um traço da personalidade de um indivíduo. “Ela é o resultado de experiências que a criança viveu, somadas ao temperamento dela, gerando uma dificuldade em socializar, em estar dentro do coletivo”, define a psicóloga Christine Bruder, idealizadora do berçário Primetime, um centro de desenvolvimento para bebês de 0 a 3 anos de idade, localizado na capital paulista.

E não há nada de errado com isso! Na verdade, quando se manifesta de forma leve, essa característica é até benéfica. “Ela impede a criança de ser muito impulsiva. Como o que está por trás da timidez é o medo, às vezes, o pequeno consegue se proteger exatamente por ser tímido”, revela a doutora em educação Andréia Wiezzel, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Presidente Prudente, no interior de São Paulo. O problema existe quando esse comportamento interfere nos relacionamentos e na sociabilidade da meninada. Nesses casos, os efeitos podem ser graves e se estender para a adolescência e a vida adulta. “Em geral, são crianças que não exploram muito as coisas, elas não têm iniciativa porque temem as consequências. E crescer com isso pode ser prejudicial para os processos criativos e as relações amorosas”, alerta Andréia.

Ao perceber que a personalidade introvertida do seu filho está prejudicando o seu desenvolvimento, é aconselhável que os pais procurem um psicólogo. Mas não só: prestar atenção na forma como lida com a criança (dentro e fora de casa) e evitar certas atitudes também pode ajudar o pequeno a superar suas inseguranças e a impedir que elas se agravem. Confira a seguir algumas dicas do que pais e mães de quem é tímido não devem fazer.

1. Ser superprotetor

Filhos de pais superprotetores, que não os deixam ter suas próprias experiências, tendem a ser mais tímidos. “Isso porque, em geral, a mãe superprotetora também sente medo. Então, ela não permite que a criança faça uma série de coisas. Essa atitude passa para o pequeno um medo e uma insegurança, que são a base da timidez”, explica a professora da Unesp.

Inclusive, essa relação foi demonstrada em um estudo da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, publicado em dezembro de 2014 no periódico Child Development, jornal científico da Sociedade para Pesquisa no Desenvolvimento da Criança, também americana. No trabalho, os pesquisadores acompanharam 165 voluntários, dos 4 meses de vida até a adolescência. Ao longo desse período, os cientistas analisaram seus comportamentos por meio de testes feitos em laboratório e de questionários preenchidos pelos pais. Quando os participantes tinham entre 14 e 17 anos de idade, veio o resultado: aqueles que eram inseguros, muito apegados ao pai e à mãe ou que sofriam restrições durante a infância apresentavam níveis maiores de ansiedade e timidez depois de crescidos.

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2. Expor a timidez do filho para os outros

“O gato comeu sua língua?”, “Para de ser bicho do mato!”. Engana-se quem pensa que ao dizer frases como essas está fazendo bem para os pequenos que são tímidos. Ao contrário: ao expor a timidez para outras pessoas, a insegurança e o medo só aumentam. “A criança costuma interpretar exatamente o que está sendo dito. ‘O gato comeu sua língua’ pode dar a ideia de que ela deu algum motivo para que isso tenha acontecido, como se fosse um problema”, critica Andréia Wiezzel.

O primeiro passo para evitar casos como este é respeitar o jeito de ser do seu filho. “Se isso acontecer, a tendência é que ele vá amenizando esse traço de personalidade e adquirindo mais recursos sociais”, diz Christine Bruder. Para ajudá-lo nesse processo, proponha brincadeiras que simulem as situações que ele não consegue enfrentar, como ter vários amigos ou ir a uma festinha. “É importante deixá-lo conduzir para que mostre seus anseios e dificuldades”, recomenda a docente da Unesp.

3. Comparar com outras crianças

“Comparações são desrespeitosas em qualquer circunstância. Todo mundo tem que ser amado pelo que é”, defende a criadora do berçário Primetime. É bem por aí mesmo. A criança tímida ainda não está emocionalmente pronta para enfrentar certas situações – e isso deve ser respeitado. “Ela precisa criar uma estrutura interna que a permita ter essa experiência para a qual ainda não está preparada”, afirma Andréia Wiezzel. Portanto, procure conversar com seu pequeno e entender do que ele tem medo. Essa pode ser uma boa saída para desfazer muitas das fantasias que ele criou – e que alimentam essa timidez toda.

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4. Forçar o pequeno a fazer algo que ele não quer

Esse é um dos maiores erros cometidos pelos pais de crianças tímidas. “Muitas vezes, no intuito de ajudar o filho, eles acabam empurrando-o para uma situação que pode ser dolorosa”, pontua Christine Bruder. Em vez de forçar a barra, tente negociar: se seu filhote não quer ir a uma festinha de aniversário, por exemplo, proponha acompanhá-lo. Chegando lá, é bem provável que ele veja os outros se divertindo e acabe se soltando. “Quando o pequeno sente que o adulto é parceiro e facilitador, ele tende a ter uma postura de maior aceitação”, garante a psicóloga.

5. Ser autoritário

Está aí outra atitude que pode tornar meninos e meninas mais tímidos. “Uma criança que tem uma família muito autoritária, que a agride emocional ou fisicamente, acaba não desenvolvendo uma segurança na relação com os pais. E isso pode levar à timidez”, adverte a professora da Unesp. Portanto, fica o recado: criar o seu filho com amor e carinho – respeitando a sua personalidade e observando comportamentos que podem trazer prejuízos – é tudo o que ele precisa para crescer feliz e confiante de quem é.

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