Saúde

O que você precisa saber sobre vitiligo em crianças

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por Flávia Antunes Atualizado em 24 jun 2022, 11h29 - Publicado em
25 jun 2020
17h35

Um pequeno guia para que os pais saibam identificar a condição em seus filhos, como proceder com o diagnóstico e formas de olhar com carinho para as manchinhas na pele.

“Minha pele é meu orgulho. Ela quem me define, ela é minha potência, é a representação artística das minhas emoções”. Ter vitiligo, para o músico e modelo Vitor Macedo, hoje é motivo de amor e admiração – mas nem sempre foi assim. Tendo descoberto a condição bem novinho, com cinco anos de idade, ele teve que lidar com comentários negativos de alguns colegas e olhares de quem não entendia bem as manchas pelo seu corpo.

Mas se antigamente o vitiligo era ainda pouco compreendido, hoje já existem uma série de informações, tratamentos e, principalmente, redes de apoio, formadas por pessoas que mostram como é possível ter um outro olhar para a própria pele – que envolve ressignificar as marquinhas e tratá-las com carinho.

Pensando nisso, preparamos este pequeno guia de ajuda para os pais. Para que saibam identificar o vitiligo o quanto antes em seus filhos, entendam como proceder se a condição for diagnosticada e consigam encará-la da melhor forma, para afastar as próprias inseguranças e fortalecer a autoestima do pequeno.

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O que é o vitiligo?

Vitiligo é uma doença autoimune caracterizada pelo surgimento de manchas brancas na pele por ausência de melanina. Ela ocorre devido à destruição dos melanócitos, que são as células responsáveis pela síntese de melanina – substância que dá cor à pele”, explica o Dr. Celso Lopes, dermatologista especialista no tratamento de vitiligo. 

De acordo com ele, a doença afeta cerca de 1% da população mundial e atinge pessoas de todas as idades, sendo que, na infância, o aparecimento costuma acontecer depois dos três anos.

Apesar de ocorrerem nas diferentes faixas etárias, as manifestações do vitiligo podem variar – sendo dois tipos mais comuns em crianças. “Observo nelas mais a forma focal, em que uma, duas ou poucas manchas se concentram em alguma região do corpo; e a forma segmentar, que é um tipo de vitiligo que acomete uma região enervada por determinado ramo neural e geralmente fica restrita a esta área”, explica o médico.

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Como identificar?

O dermatologista indica que os pais estejam atentos ao surgimento de qualquer mancha branca na pele do filho. Isto é, a qualquer região em que haja diminuição ou ausência total do pigmento.

“Se os pais observarem qualquer mancha branca, devem procurar imediatamente um dermatologista para o diagnóstico – lembrando que existem também outras causas para o surgimento de manchas brancas na pele”, ressalta Celso. Ele ainda acrescenta que, quanto mais precoce o diagnóstico do vitiligo, melhor. “Quando tratado na fase inicial, há maior chance de controle da doença e de repigmentação”.

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Como são os tratamentos?

Como a maioria das doenças, os tratamentos são variáveis e cada caso deve ser avaliado individualmente. “Nas crianças, geralmente usamos corticosteróides tópicos ou imunomoduladores tópicos, mas todos esses medicamentos devem ser administrados com muito cuidado, devido a seus efeitos colaterais sobre a pele, principalmente em relação ao surgimento de atrofia ou estrias”, afirma o médico.

“Temos também a fototerapia focal – como os lasers, que podem ser aplicados no local da mancha, protegendo a área ao redor”, acrescenta. 

Por ser uma condição que envolve muitos fatores, como a região afetada, o tamanho da mancha e o tempo de evolução, os resultados também variam bastante. “Por isso, o quanto mais precocemente iniciado o tratamento, maiores as chances de sucesso”, diz o Dr. Celso. A boa notícia, segundo ele, é que geralmente as crianças respondem melhor que os adultos aos tratamentos

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Protetor solar não pode faltar!

Além dos procedimentos específicos para conter o avanço da doença, há um cuidado básico que vale para todos os pacientes: o uso de protetor solar. “Geralmente indico filtro solar específico para crianças, com fator de proteção em torno de 50, e peço aos pais que evitem a exposição dos filhos ao sol em horários de pico [entre 10h e 16h]. O uso de bonés e outras roupas já contendo filtro solar também ajuda bastante a evitar queimaduras”, recomenda o especialista.

Mas quantas vezes aplicar o protetor ao longo do dia? Isso depende da rotina da criança e do quanto ela estará exposta aos raios solares, segundo o dermatologista. Ao praticar atividades ao ar livre, como brincar no parque ou jogar futebol, a aplicação é fundamental.

“Já se a família estiver na praia, procure colocar a criança sob a proteção de uma barraca de tecido bem espesso – de lona, e não de tecido sintético ou fino, que deixam passar os raios solares”, sugere. “São proteções fáceis de serem realizadas e que ajudam na prevenção das queimaduras.”

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Quando a insegurança parte dos pais...

Nos pequenos em idade pré-escolar, as manchinhas na pele podem passar desapercebidas, sem que eles nem se incomodem com a condição. Pela própria experiência do dermatologista em seu consultório, são os pais que geralmente sentem mais o impacto do diagnóstico, e surgem com preocupações em relação à evolução da doença, à aceitação do filho na escola e até mesmo ao medo do bullying.

Por isso, o médico reforça a necessidade de um tratamento multidisciplinar, que acolha tanto demandas dos adultos quanto das crianças. “É muito importante que o profissional que trata o vitiligo esteja atento a essas condições. Muitas vezes precisamos da ajuda de psicólogos, para orientar os pais em como se comportar diante do diagnóstico e como lidar com a ansiedade”, diz.

Celso fala também sobre como a abordagem da família desde o início do tratamento possui papel decisivo na relação que a criança irá desenvolver com o vitiligo. “É fundamental não deixar que a doença altere muito a dinâmica familiar e o comportamento do paciente, além de não impor limites em excesso – às vezes, vemos os pais não deixando o filho sair no sol ou ir à praia, à piscina… Isso só prejudica a qualidade de vida dessas crianças”, afirma.

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Como abordar a doença com o filho

Na ansiedade de ter que dar conta de tudo, pode ser que os pais se antecipem e acabem criando questões que ainda não passam na cabecinha dos pequenos. Sobre isso, o médico recomenda: “Antes de você adiantar o problema – que seu filho não vai ser aceito pelos amigos, que vai sofrer preconceito, etc.-, perceba a demanda que ele te traz.”

A dica é conversar com a criança, de forma lúdica e de acordo com a sua faixa etária, e estar sempre atento ao seu comportamento. “Passe segurança para ela, mostre que está protegida, mas cuidado com a superproteção. E evite transmitir a ansiedade da família. Porque a criança geralmente não tem esse sentimento, ele vem dos pais”, afirma o médico.

Os adultos podem também se empenhar na divulgação de informações sobre a doença – um pequeno passo, mas que contribui para que preconceitos sejam derrubados e que um lugar mais acolhedor seja construído no futuro. “Ao invés de se fechar dentro de um problema, veja isso como uma forma de ajudar outras pessoas com vitiligo, educando e instruindo a sociedade sobre o tema”, aconselha Celso.

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Compartilhar é o caminho

Dividir informações e vivências sobre a doença foi exatamente o que Bruna Sanches fez. Diretora de arte, ela é dona do projeto “Minha Segunda Pele”, em que compartilha suas experiências com o vitiligo.

Neste vídeo repleto de sensibilidade, ela junta depoimentos de mães, médicos e de pessoas que descobriram as primeiras manchinhas na infância. É lindo demais ver a forma como cada um ressignificou a doença e também acompanhar de perto o ponto de vista dos pais durante o processo. ❤

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