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Jeito da família lidar com adversidades pode aumentar risco de bullying

Estudo mostra que falar sobre os problemas e manter a esperança em tempos difíceis pode evitar que a criança sofra ou pratique bullying na escola.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 22 nov 2019, 10h56 - Publicado em 8 nov 2019, 12h39

Como sua família lida com momentos difíceis como divórcios, brigas e doenças? A resposta para essa pergunta pode influenciar o risco dos filhos sofrerem ou praticarem bullying durante a infância. É o que diz um novo estudo, apresentado na última conferência da Associação Americana de Pediatria.

O trabalho, conduzido nos Estados Unidos, analisou dados de uma pesquisa nacional sobre saúde física e mental infantil, que incluiu pais de mais de 50 mil crianças e adolescentes com idades entre 6 e 17 anos.

Entre as perguntas do questionário, os voluntários tinham que responder se o filho “praticava bullying, provocava ou excluía alguma pessoa” e o contrário, se alguém fazia isso com ele. Também havia a questão:

“Quando a sua família tem um problema, o quão frequentemente você toma uma das atitudes abaixo?

(a) Conversamos sobre o que fazer
(b) Trabalhamos juntos para resolver nossos problemas
(c) Sabemos que temos pontos fortes para superar
(d) Mantemos a esperança mesmo em tempos difíceis”

No fim, o resultado apontou que quanto mais essas estratégias eram utilizadas, menos as crianças da família eram vítimas ou praticantes de bullying, mesmo que tivessem passado por experiências traumáticas durante a vida.

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A relação entre bullying e trauma

Estudos mostram que vivenciar eventos estressantes na infância, como abuso e negligência, aumenta a possibilidade tanto do filho sofrer quanto de praticar algum tipo de violência física ou verbal contra outra criança.

“O bullying é um problema em expansão, especialmente entre crianças que passam por outros tipos de trauma”, comentou à imprensa a autora principal do trabalho, Elizabeth Li, pediatra do Steven & Alexandra Cohen Children’s Medical Center of New York.

Sabendo dessa conexão, os pesquisadores investigaram se o fato de a família lidar bem com as adversidade poderia mitigar o risco. E os achados sugerem que sim, ter resiliência em tempos de crise pode melhorar o bem-estar e o comportamento da criança.

O que é um trauma?

Essa palavra pode lembrar algo marcante como a morte de alguém ou uma agressão física, mas há outros tipos de situações que podem deixar marcas. Elas são chamadas de experiências adversas na infância e divididas em três categorias: abuso, desafios domésticos e negligência.

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Entram na lista viver em um lar violento, onde as brigas são constantes, ter uma condição financeira precária, passar por um divórcio ou conviver com o abuso de substâncias. De acordo com estudos, famílias de baixa renda, negros e homossexuais são os grupos que mais relatam ter passado por uma experiência adversa durante a infância.

Os efeitos negativos são duradouros, de doenças físicas como diabetes a impactos no aprendizado e consumo de drogas na vida adulta.

Embora algumas situações sejam inevitáveis, é possível impedir que elas impactem o desenvolvimento dos pequenos e até reverter estragos já feitos. Para isso, segundo os especialistas, é preciso oferecer suporte social às famílias, programas educativos aos pais, campanhas de prevenção da violência, creches e serviços educacionais de qualidade.

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