É verdade que existe um horário ideal para o meu filho dormir?

Especialistas indicam uma melhor hora para a criança ir para a cama e em que momentos priorizar os cochilos para que eles não atrapalhem o sono noturno.

Por Flávia Antunes
Atualizado em 8 ago 2020, 14h00 - Publicado em 8 ago 2020, 14h00
 (Juliana Pereira/Bebê.com.br)
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Mesmo antes da chegada do novo membro da família, cada casa já tem a sua própria dinâmica: alguns pais trabalham até tarde e acabam dormindo só de madrugada, outros possuem uma rotina bem estabelecida de ir para a cama cedo, e há os que contam com horários mais flexíveis, podendo despertar quando quiserem.

Só que quando a criança entra em cena, é inegável que o reloginho dos cuidadores dá uma bagunçada – ainda mais no começo, quando as mamadas noturnas são mais frequentes. Neste cenário, dentre as muitas dúvidas que podem surgir sobre o sono do pequeno, uma delas é se existe um melhor horário para o filho dormir.

De acordo com a Dra. Rosana Cardoso, neuropediatra e Médica do Sono da Associação Brasileira do Sono (ABS), existe sim uma hora ideal, mas o mais importante é o tempo total de sono da criança. “O recomendado é que seja no máximo entre 20h e 21h porque, dependendo da faixa etária – como a dos recém-nascidos – a necessidade de sono pode ser de 12 horas”, explica ela.

Outra justificativa para esta resposta tem relação com a presença da melatonina, hormônio importante na indução do sono. “A produção deste hormônio ocorre principalmente a partir das 19h e tem a sua produção máxima nas primeiras quatro a cinco horas de sono”, afirma a Dra. Elisabeth Fernandes, pediatra e reumatologista da Clínica Pediátrica Crescer.

E sabe aquela tradicional recomendação de evitar as telinhas antes de deitar? É justamente por conta do momento em que o hormônio é fabricado em nosso corpo. “A melatonina sofre influência da claridade , portanto luz forte ou estímulos visuais intensos como telas de celular ou videogame podem inibir a sua produção”, esclarece Elisabeth. “É importante evitar qualquer tipo de tela antes de dois anos e, após essa idade, escapar das telas pelo menos duas horas antes de dormir”, acrescenta.

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Vale lembrar que cada faixa etária possui as suas particularidades, o que implica em demandas de sono diferentes e capacidades de mantê-lo durante toda a noite também distintas – muitos bebês ainda mamam de madrugada nos primeiros meses, por exemplo, o que gera mais interrupções. “A partir dos 3 a 6 meses, os bebês já podem pular pelo menos uma mamada da madrugada passando a dormir direto durante 6 a 7 horas”, indica Elisabeth.

“Já a partir de um ano de idade, a criança deve ser capaz de dormir sozinha no seu próprio quarto e no escuro, no máximo com uma luz noturna, direto por 10 horas”, aponta. Mas a médica logo adianta: é normal que os pais cheguem com queixas de que mesmo os filhos maiorzinhos, de dois ou três anos, não dormem a noite inteira, e na maior parte das vezes o problema pode ser resolvido criando uma rotina de sono.

“Evitem pensar que a criança é mimada, que tem alguma questão psicológica ou que é culpa dos pais. Ela simplesmente não foi ensinada a dormir na sua própria cama ou berço, e muito menos sozinha”, tranquiliza a doutora.

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Como criar uma rotina de sono?

O primeiro passo é estabelecer um ritual na hora de ir para a cama, que possa ser repetido por qualquer pessoa a mesmo de madrugada. “Pode ser jantar, tomar um banho relaxante, fazer uma brincadeira calma, cantar uma música ou contar uma história… E repetir esse ritual para a criança associar o horário de dormir com um momento agradável”, diz a médica da Clínica Pediátrica Crescer.

Mais uma dica é sempre colocar a criança para dormir no mesmo local, porque se os adultos deixam que o filho caia no sono no colo ou no carrinho e depois passam para o berço, quando ele acordar de madrugada pode estranhar e chorar mais facilmente. “Os pais podem sair do quarto com a criança ainda acordada ou no sono superficial, não precisam aguardar o sono profundo”, complementa. 

Mas se mesmo assim a criança chorar, a pediatra recomenda que um dos adultos entrem no quarto com pequenos intervalos de tempo para transmitir confiança, não para fazê-las dormir completamente. “O ideal é que elas durmam sozinhas. O início do aprendizado é difícil, mas na maioria dos casos de sete a 10 dias conseguimos reeducar o sono dos nossos pequenos”, diz ela.

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Um último alerta, que pode ser decisivo na hora de fazer as crianças engatarem no sono, é sobre o momento dos cochilos que, segundo as duas pediatras não devem acontecer em excesso e alguns horários devem ser priorizados.

Qual é o melhor horário para os cochilos?

“A partir do primeiro ano, recomendamos evitar colocar a criança para dormir no horário das 8h ao meio-dia e das 16h às 18h, para respeitar o seu ritmo circadiano – ou seja,  o seu ciclo biológico de sono”, explica Rosana. “O ideal é preferir os cochilos por volta do meio-dia às 16h”, acrescenta a Médica do Sono.

Elisabeth concorda, e pontua que com o passar do tempo as sonecas vão diminuindo em quantidade. “Até um ano e meio, os pequenos costumam tirar duas sonecas, uma de manhã e outra à tarde. A partir desta idade, normalmente eles param de dormir de manhã e tiram apenas a soneca da tarde que geralmente acontece até os 4 anos de idade. Daí em diante, eles dormem somente à noite por 9 a 12 horas seguidas”, explica.

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