Já olhou para uma pessoa e pensou o que se passa na cabeça dela? Essa é a pergunta que a Pixar Animation Studios se propõe novamente a responder em Divertida Mente 2.
Na continuação, além das já conhecidas Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho, novas personagens compõem o elenco. Ansiedade, Inveja, Tédio, Vergonha, e até mesmo, Nostalgia adentram os pensamentos da protagonista Riley, que vivencia os primeiros desafios da adolescência.
As semelhanças com a realidade não são poucas e suscitam reflexões importantes. Dentro das nossas “salas de controle”, cada emoção tem o seu papel e é o equilíbrio que nos move. Mas, como ensinar isso para as crianças?
Não há manual de instruções
Cada criança possui um ritmo diferente, entretanto, os seus primeiros sentimentos tendem a se manifestar desde muito cedo. Antes de aprenderem a se expressar por meio da linguagem, os pequenos já se sentem felizes, tristes, bravos e assustados.
Com o aprimoramento da comunicação, que geralmente ocorre por volta dos dois anos e meio, a compreensão das emoções se torna mais clara. Vontades, desgostos, alegrias e chateações assumem a forma de palavras e gestos.
Espaço seguro na família
O aprendizado socioemocional é contínuo. A psicóloga clínica Fernanda Schmidt, especialista em teoria psicanalítica e psicoterapias da infância, explica que as emoções vão se complexando e cedendo espaço a diferentes personagens ao longo do crescimento.
“Para ajudar os pequenos a explorar seus sentimentos, os pais podem fazer perguntas. ‘Você está bravo?’ ou ‘você ficou chateado com o que aconteceu?’ são questionamentos que auxiliam as crianças a relacionar as situações com os seus comportamentos e identificar o que desagradou”, explica Schmidt.
O inverso também é indicado. Adultos podem dizer às crianças o que sentem, seja nos momentos alegres ou tristes. A consolidação da confiança para se expressar começa com a abertura para entender as diferentes emoções.
Só não vale tentar adivinhar os sentimentos dos filhos. “O diálogo é fundamental. Nós nunca teremos certeza sobre os pensamentos do outro sem conversar. Na medida que os pais abrem espaço para a partilha, as crianças vão se permitindo falar sobre o assunto”, destaca a psicóloga.
Como estimular o aprendizado socioemocional?
Existem mais maneiras de favorecer a compreensão das emoções na infância. O contato com outras crianças, a imposição de limites e o incentivo à criatividade e autonomia podem colaborar.
Livros e filmes também são grandes aliados. Além do próprio Divertida Mente, obras literárias como Cara de quê?, O Monstro das Cores e Lembrando de Zaza podem auxiliar no diálogo sobre os sentimentos.
Às vezes, um acompanhamento psicoterapêutico é necessário. Quando a criança demonstra estar em sofrimento contínuo por meio de palavras, gestos ou hábitos, procurar um profissional pode ser a melhor forma de ajudá-la.
Cada emoção tem o seu espaço
Não existe sentimento totalmente bom ou ruim. Todas as emoções experienciadas na infância fazem parte do crescimento. Até mesmo, as vivências difíceis contribuem para a formação da identidade.
“A ansiedade, por exemplo, é protetora. Ela nos move a planejar e a pensar nas consequências. Todo mundo tem um pouco disso. A questão é como balancear”, destaca a psicóloga Fernanda.
Quando ensinados a identificar o que sentem, os pequenos ganham ferramentas tanto para tomarem as suas decisões com clareza quanto para se tornarem adultos mais empáticos e equilibrados.