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Dar muito colo para o bebê faz mal? Mito ou verdade?

Proximidade com o bebê estimula a liberação de hormônio ligado ao prazer e bem-estar, além de ajudar na comunicação

Por Valentina Bressan
5 nov 2024, 07h00

Com a chegada de um recém-nascido, uma variedade de pitacos e sugestões surge de todos os lados. Avós, vizinhos, amigos: todo mundo parece ter uma dica preciosa para cuidar do bebê.

Dentre tantas informações, você já deve ter escutado para maneirar no tempo que o bebê passa no colo – sob risco da criança crescer mimada e sem limites.

Por mais bem intencionadas que essas dicas de familiares e amigos possam ser, saiba que a ciência comprova que dar muito colo para o bebê não faz mal. Pelo contrário: é um momento importante para o fortalecimento do vínculo entre pais e bebê, e impacta o desenvolvimento neurológico da criança.

Saiba por que o bebê precisa de colo

Para entender o que acontece após o parto, se coloque na posição do bebê por um momento: depois de nove meses aconchegado em um útero quentinho, de onde era possível escutar os batimentos cardíacos da mãe e sentir sua presença o tempo todo, você é colocado de repente em um mundo onde tudo é novo.

Nos primeiros meses de vida, o bebê sequer compreende que ele é uma pessoa separada da mãe. É o que a teoria antropológica chama de período de exterogestação: no primeiro trimestre fora do útero, o recém-nascido vive uma espécie de gestação continuada, em que é totalmente dependente dos cuidados e da atenção dos adultos.

Nesse momento em que ele não consegue se alimentar sozinho e tem sua comunicação limitada ao choro, o contato físico constante é a melhor maneira de acolher o bebê e acalmá-lo. O contato pele-a-pele funciona como lembrete do ambiente que ele vivenciou na gestação.

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Esse contato é tão importante que o método canguru é uma das técnicas indicadas para recém-nascidos prematuros, como forma de garantir o contato físico entre os pais e os bebês mesmo nestes casos.

Mesmo depois do período de exterogestação, o colo faz o bebê se sentir seguro e acolhido. Ao longo da infância, o colo continua importante para reforçar que a criança não está só quando sente dor ou solidão, por exemplo.

Na adolescência e na fase adulta, o gesto pode mudar, mas seguimos recebendo colo: quem nunca telefonou para a mãe ou pai em um momento de angústia?

Por isso, ao contrário do que afirma a dica popular, dar colo na realidade é essencial para o desenvolvimento cognitivo e emocional dos pequenos.

Dar muito colo deixa o bebê mimado?

Na realidade, pesquisas apontam que o contato entre os pais e o bebê reforça a sensação de segurança e auxilia no desenvolvimento neurocognitivo saudável da criança.

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Quanto mais segura uma criança se sentir, mais tranquila para explorar novas possibilidades ela vai ser – se tornando, assim, mais independente em vez de mimada. A primeira função essencial do colo é ajudar, aos poucos, que o bebê tenha noção dos limites do próprio corpo.

A partir daí, ele vai se sentir mais seguro para engatinhar, descobrir a casa e, com o tempo, explorar o mundo e as pessoas de forma mais ampla.

Até para os adultos há vantagens no colo – a proximidade com o bebê estimula a liberação de ocitocina, hormônio relacionado ao prazer e bem-estar. Além disso, quanto mais próximo do bebê, melhor o adulto é capaz de reconhecer o que ele tenta comunicar: aos poucos, se aprende a diferenciar um choro de fome de um choro de dor, por exemplo.

Estudos já identificaram que, ao responder ao estresse de bebês, ao ouvir o choro de bebês, áreas específicas no cérebro humano são ativadas – o que sugere, inclusive, que há algo de inato em cuidar e acolher o outro.

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