Raiva, tristeza, angústia, culpa, medo e apatia são alguns dos sentimentos mais característicos do luto, que é marcado pela sensação de que a vida perdeu o sentido. Engana-se, contudo, quem pensa que esse sofrimento é restrito à vida adulta.
Na infância, lidar com as perdas é ainda mais complicado e exige muito esforço por parte do pais. Trata-se da primeira vez que os pequenos entram em contato com a ideia de finitude.
Antes de mais nada, você sabe o que é o luto?
O luto consiste em uma intensa reação emocional suscitada por uma perda. Embora seja comumente associado à morte, o luto pode estar atrelado a muitas situações dolorosas, como o término de um relacionamento, uma mudança de cidade, o rompimento de uma amizade, a saída de um trabalho ou uma despedida.
Em alguns casos, o sofrimento é tão grande que pode provocar até mesmo sintomas físicos como dor no peito, alterações na memória e distúrbios no sono.
O luto infantil
Conforme se desenvolvem, os pequenos precisam se adaptar a diferentes despedidas. O distanciamento dos pais, o desmame, a primeira ida à escola e a troca dos dentes são alguns dos desafios que permeiam a faixa etária.
Além de todos esses obstáculos, um dos maiores desafios da infância – tanto para as crianças quanto para os pais – é lidar com a morte. Afinal, os pequenos enxergam a perda de uma maneira muito diferente dos adultos.
O luto infantil representa mais do que uma reação à separação: é o primeiro contato com a percepção da finitude. Isto é, com o falecimento de um parente próximo ou de um animal de estimação, a criança percebe que a morte existe. Como se não bastasse, é quando costumam enxergar pela primeira vez a fragilidade dos adultos que as cercam.
Como as crianças entendem a morte?
A compreensão da morte acompanha o desenvolvimento cognitivo dos pequenos. Antes dos três anos de idade, a criança percebe esse processo apenas como uma ausência e pensam que ele pode ser revertido.
Dos três aos cinco anos, elas costumam imaginar que um pensamento ou palavra tem o poder de provocar ou evitar a morte. Portanto, o sentimento de culpa é comum caso a perda se concretize.
Dos cinco aos nove anos, a morte começa a ser percebida como inevitável, mas é somente a partir dos dez anos que os pequenos passam a entendê-la de forma mais ampla. Isso, entretanto, não é a regra. A única maneira de saber o que a criança pensa é questionando-a.
Como explicar a morte para uma criança?
Há crianças que lidam melhor com o luto, enquanto outras têm mais dificuldade. Na hora de falar sobre morte, a orientação é ser direto, evitando expressões que mascaram ou relativizam a situação.
Dizer que um parente “virou estrelinha”, por exemplo, pode suscitar falsas esperanças de um retorno. Se por um lado a sinceridade é importante, por outro é preciso preservar alguns detalhes dolorosos, incluindo a maneira como a morte ocorreu.
Explicar para as crianças o que está acontecendo, questionar o que ela está sentindo e compartilhar vivências, sempre respeitando os seus limites emocionais e as diferentes fases do luto, é essencial. Em alguns casos, pode ser importante buscar ajuda psicoterapêutica.
Para falar sobre luto com as crianças…
Uma dica é contar com livros e filmes que explicam a morte a partir de uma linguagem própria para crianças. O premiado curta-metragem japonês A casa dos pequenos cubos é um deles.
Além disso, filmes como O Rei Leão, Viva – A vida é uma festa, Soul, Up Altas Aventuras, Lilo & Stitch e Frankenweenie são algumas opções clássicas que podem facilitar as conversas sobre o luto com os filhos. Os livros A menina e seus pontinhos, de Silmara Rascalha, e O que faço com esse buraco?, de Marilu Rodrigues, também podem ajudar.