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Como disciplinar os filhos sem precisar usar violência física ou verbal?

Documento da Associação Americana de Pediatria reforça efeitos negativos da punição e dá dicas para corrigir sem prejudicar o desenvolvimento do filho.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 22 ago 2019, 15h26 - Publicado em 7 nov 2018, 17h47
 (puhimec/Thinkstock/Getty Images)
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A AAP (Associação Americana de Pediatria) lançou em 2018 um guia de recomendações aos pais e médicos sobre o uso de punições físicas para disciplinar filhos. A publicação atualiza o posicionamento da entidade de 1998 sobre o assunto com novas evidências sobre o efeito da violência no desenvolvimento infantil.

O emprego de palmadas e companhia é desaconselhado pela ONU (Organização das Nações Unidas) desde 1989, mas começou há pouco a cair em desuso. O documento da AAP aponta que, enquanto em 2004 até 85% dos pais norte-americanos dizia já ter usado punição física nos filhos, em 2012 o índice havia caído para cerca de 70%. Já em 2016, uma pesquisa online realizada do governo dos Estados Unidos mostrou que a maioria dos pais discordava da disciplina por meio dos castigos físicos.

No Brasil, um estudo de 2012 do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que um em cada cinco brasileiros sofreu violência física regular, ao menos uma vez por semana, na infância. A pesquisa foi feita em 11 capitais e ouviu mais de quatro mil pessoas. A Lei Menino Bernardo, de 2014, proíbe o uso de castigos físicos e de tratamento cruel ou degradante como formas de correção ou educação de menores.

Prejuízos para os pequenos

Diversos estudos mostram que levar palmadas dos pais afeta a saúde e o comportamento no futuro. Um deles, realizado pela Universidade de Princeton, coletou dados de cerca de cinco mil crianças, do nascimento aos nove anos, e descobriu que as que apanhavam mais de duas vezes por mês aos três anos de idade eram mais agressivas aos cinco anos. Aos nove anos, as que apanhavam aos cinco tinham um desempenho pior em testes de vocabulário receptivo. Isto é, a capacidade de processar e interpretar o que os outros estão dizendo.

A AAP destaca ainda que a punição corporal aumenta o risco de agressões durante a pré-escola, problemas de saúde mental e cognição na infância e outros prejuízos semelhantes aos que sofrem as crianças vítimas de abuso ou maus-tratos. Entre eles, maiores taxas de suicídio, vício em substâncias e depressão na vida adulta. Já as agressões verbais, que visam deixar o filho com vergonha do que fez, com medo ou humilhado, pode ter efeitos deletérios na autoestima e autoconfiança dele no futuro.

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Como disciplinar da maneira correta?

A entidade ressalta no documento que disciplinar é uma etapa necessária da criação, e que as crianças dependem dos adultos para aprenderem como se comportar. Estratégias disciplinares adequadas para a idade ensinam aos pequenos como regular suas emoções, se protegerem do perigo, melhoram a cognição e as habilidades socioemocionais e funcionais do cérebro.

As técnicas mudam conforme a idade da criança, mas, no geral, os especialistas recomendam o uso do reforço positivo como meio primário de ensinar a criança a se comportar. Por exemplo, crianças mais novas desejam a atenção dos pais, então dizer a elas que você ama quando elas fazem tal coisa – como pedir por favor, por exemplo – é um jeito fácil de reforçar o comportamento desejado ao invés de punir o errado.

Estabelecer limites, com consequências caso sejam descumpridos, e restringir privilégios também são táticas recomendadas neste cenário. Por último, a AAP reforça o papel do pediatra como fonte de informação sobre métodos adequados de disciplina. Mais do que na saúde física, o especialista deve atuar também no desenvolvimento da criança como um todo. Assim, os pais podem procurar o médico do filho para tirar dúvidas e buscar orientações sobre como educá-lo sempre que necessário.

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