Autismo em meninas é grave, mas pode passar despercebido

Estudo norte-americano mostra que as habilidades comunicativas do sexo feminino "disfarçam" o impacto do transtorno no cotidiano delas. Entenda!

Por Chloé Pinheiro
12 jan 2018, 19h22
menina chorando
 (Choreograph/Thinkstock/Getty Images)
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O autismo é bem mais comum em meninos, mas as meninas também são impactadas pelo transtorno. Só que, no caso delas, flagrar o distúrbio no consultório pode ser bem mais difícil. Isso é algo já bastante comentado pelos especialistas, mas agora foi demonstrado por  um novo estudo do Sistema Nacional de Saúde da Criança (Children’s National Health System – NHS), dos Estados Unidos, publicado no início de janeiro de 2018 no Jornal do autismo e Distúrbios do Desenvolvimento.

Para chegar à conclusão, os pesquisadores submeteram 228 crianças autistas com a mesma idade e QI (coeficiente de inteligência) aos testes geralmente usados para identificar o autismo. E as meninas, embora demonstrassem resultados similares aos dos meninos, sofriam mais no dia a dia. É como se elas disfarçassem as dificuldades sociais encontradas – o que na prática dificulta o diagnóstico.

“Isso pode significar que meninas que têm o mesmo diagnóstico que os meninos estão, na verdade, sendo mais afetadas por dificuldades que não encontramos nos testes clínicos”, disse Allison Ratto, psicóloga e autora principal do trabalho, em comunicado à imprensa.

As particularidades do autismo nas meninas

O assunto ainda está sendo desvendado pela ciência, mas não há dúvidas de que merece atenção. “O cérebro feminino tem uma inteligência social maior do que a dos meninos, então o transtorno pode mesmo ficar camuflado nelas”, aponta Clay Brites, neuropediatra do Instituto NeuroSaber, em Londrina, no Paraná.

“Além disso, parece haver um fator protetor contra o autismo nelas, então quando de fato são afetadas, o quadro é mais grave”, completa Brites. Prova disso são os relatos dos pais sobre traços de autismo e capacidade adaptativa dos filhos colhidos no trabalho norte-americano. Segundo os depoimentos, as garotas parecem lutar mais para realizar atividades diárias simples, como trocar de roupa e manter conversas banais.

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Um estudo anterior da mesma instituição já havia mostrado o impacto do autismo no sexo feminino na realização de tarefas e capacidade de se adaptar. O próximo passo é entender como descobrir de maneira mais eficaz o transtorno nelas, já que o diagnóstico precoce faz toda a diferença no sucesso do tratamento.

 

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