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12 dúvidas sobre o uso da chupeta solucionadas

Veja as respostas para as questões mais frequentes entre os pais sobre esse acessório pra lá de polêmico.

Por Suzana Dias (colaboradora)
Atualizado em 20 jul 2017, 20h52 - Publicado em 10 jun 2015, 11h21
Foto: Getty Images
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1. Por que a chupeta acalma?
O ato de sugá-la é um mecanismo associado à necessidade de satisfação afetiva e de segurança, que desperta um sentimento no bebê semelhante ao que ocorre quando ele mama no peito da mãe. “O uso de chupetas, também chamado hábito de sucção não nutritiva, é normal e aceitável em bebês e crianças de tenra idade”, observa a especialista em ondontopediatria Maria de Lourdes Andrade Massara, que é consultora da Associação Brasileira de Odontologia (ABO). Algumas crianças satisfazem suas necessidades de sucção apenas com o aleitamento materno ou levando o dedo e outros objetos à boca. Já outras precisam da chupeta, principalmente em situações de tensão, como quando sentem as famosas cólicas de recém-nascido. Nesses momentos, o objeto funciona como um verdadeiro calmante.
 
2. Sugar a chupeta, então, tem a ver com a chamada fase oral?
Sim, totalmente. “A criança de zero a 2 anos tem uma necessidade inata de sugar. Por isso, a chupeta acalma e transmite prazer – é o que chamamos de fase oral, época em que a criança se apropria do mundo pela boca”, esclarece Márcia Figueiredo, psicóloga e psicopedagoga do Centro Educacional Miraflores, no Rio de Janeiro. A boca é o canal de comunicação da criança com o exterior. Nessa fase, ela literalmente experimenta tudo o que existe. Ela sabe que o seio da mãe é fonte de alimento e afeto. A chupeta é um objeto que imita o bico do seio, por isso também consegue acalmar os pequeninos. “A chupeta funciona como um conforto emocional para aquele bebê que está com toda a energia de desenvolvimento voltada para a região oral. Ela age como um carinho à criança, já que a mãe não pode dar o peito 24 horas por dia”, justifica Lucia Marmulsztejn, psicóloga do setor de psiquiatria infantil da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.
 
3. Até que idade é aceitável que a criança use chupeta?
“A Associação Brasileira de Odontopediatria (ABO) e o Ministério da Saúde recomendam que a idade de 3 anos seja a época limite para a eliminação do uso de chupeta. Entretanto, reconhecem que o ideal seria remover gradualmente esse hábito até os 2 anos”, esclarece a odontopediatra Maria de Lourdes. Quanto mais cedo a chupeta for banida, maiores as chances de auto-correção de possíveis desarmonias nas arcadas dentárias devido ao uso do acessório. Vários especialistas concordam que o adeus ao biquinho deve ocorrer nessa idade, que coincide com o fim da fase oral. “Espera-se que a partir de 2 e meio, 3 anos, a criança, que já está envolvida em atividades diversas, comece a se desligar do hábito de chupar chupeta, porque tem outros interesses”, diz a psicóloga Lucia Marmulsztejn. Vale destacar que a ABO reconhece que uma forma de prevenir o uso prolongado da chupeta é amamentar exclusivamente durante os seis primeiros meses de vida. 

4. Que tipos de problema a chupeta pode causar para a criança?
Se o acessório continuar a ser usado após a idade limite recomendada, pode provocar mudança na posição dos dentes e das arcadas dentárias. Além do problema estético, ocorrem dificuldades como alterações de mordida. Na opinião de Wilson Salgado Junior, pediatra do Prontobaby Hospital da Criança, no Rio de Janeiro, a retirada precoce da chupeta é fundamental para evitar inúmeros malefícios, como prejuízos na mastigação, na deglutição e até mesmo na fala. “O uso da chupeta afeta, ainda, a função respiratória, ocasionando, por vezes, respiração bucal com roncos e fadiga, que causam distúrbios de atenção e dificuldades no aprendizado”, diz o especialista. “Pesquisas científicas mostram também que a chupeta facilita a migração de bactérias das secreções nasais para o ouvido médio, levando ao risco de otite média aguda”, conclui o pediatra.
 
5. Chupeta prejudica a fala?
Que fique claro: nem toda criança que usa chupeta obrigatoriamente terá problemas para articular as palavras. E nem todos que desenvolvem esse tipo de distúrbio podem culpar a chupeta. Porém, quando esse recurso se torna freqüente, ele pode alterar a mordida – aí, sim, existe a possibilidade de a fala ser prejudicada. Além disso, nessa fase em que a criança está aumentando sua comunicação verbal, é bom deixar o caminho livre para ela se expressar. “A chupeta, quando usada o tempo todo, vira uma rolha, impedindo-a de falar”, lembra a fonoaudióloga Jacy Perissinoto, da Universidade Federal de São Paulo.
 
6. O que é melhor: chupar chupeta ou o dedo?
Quem responde é a psicopedagoga Márcia Figueiredo: “Sobre qual dos dois temos maior controle? A chupeta, certo? Não há como limitar o acesso ao dedo, o que acaba aumentando o hábito de sucção. A chupeta, por outro lado, pode e deve ser limitada desde cedo”. Portanto, entre o acessório e o dedinho, melhor ficar com o primeiro.
 
7. Em que momentos deve-se oferecer a chupeta ao bebê?
Não há mãe que não se pergunte se está cometendo um pecado mortal ao deixar o filho agarrado à chupeta todas as vezes que chora ou está com sono. E se estiver de dia? E depois que ele dorme, deve-se deixar ou não a chupeta na boca? Vamos aos esclarecimentos. Chupeta tem o seu lado bom porque satisfaz necessidades de sucção e afetivas da criança, mas também pode se tornar nefasta se o pequeno se apegar a ela a ponto de não querer abandoná-la quando estiver crescido. Sendo assim, o ideal é ter bom senso. “Recomenda-se que a chupeta não seja disponibilizada o tempo todo. É importante ficar atento à demanda da criança, sem oferecê-la a menos que o pequeno solicite, em momentos de sono ou de tensão emocional, exatamente para atender às necessidades de consolo, aconchego e acalento”, orienta a odontopediatra Maria de Lourdes. Para ela, tão logo a necessidade seja saciada, a chupeta deve ser removida. Se a criança estiver dormindo e não apresentar resistência, é preciso retirar o acessório da boca. Caso esteja acordada e tenha chorado, o certo é distraí-la após o berreiro e guardar o objeto, tirando-o do seu campo de visão.
 
8. Quais são os tamanhos, formatos de bico e materiais mais indicados?
Para cada faixa etária, há um tamanho de bico recomendado. Ler as especificações na embalagem antes de comprar garante que a mamãe leve o modelo adequado à idade do seu bebê. Quanto ao formato do bico, a preferência deve ser sempre pelos ortodônticos, menos prejudiciais aos dentes. E sobre seu material, vale a pena pagar um pouco mais pela chupeta feita de silicone, já que o látex favorece um maior acúmulo de bactérias. Importante também escolher chupetas cuja parte que fica fora da boca seja anatômica e com algumas características especiais. “O suporte de sustentação do bico deve ser amplo, o que diminui o risco de ingestão, e vazado, para prevenir uma eventual asfixia e minimizar as dermatites de contato, causadas pela saliva retida entre o acessório e a pele”, avisa o pediatra Wilson Salgado Junior.
 
9. De quanto em quanto tempo é preciso trocar a chupeta?
Sempre que o material estiver danificado de alguma maneira, seja gasto, rachado ou rasgado. Para tanto, é importante examinar com freqüência e atenção a chupeta. Na dúvida sobre o bom estado do acessório, opte pela troca: é mais seguro.
 
10. É necessário ferver a chupeta todos os dias?
Ela deve ser higienizada diariamente, de acordo com as orientações do fabricante. Isso porque o acessório pode se tornar um foco de microorganismos que transmitem estomatites e outras doenças. Geralmente, a fervura é o método mais recomendado. Segundo o pediatra Salgado Junior, se a chupeta cair no chão, não adianta apenas passar uma água. Para evitar a proliferação de micróbios, os cuidados com a higiene devem ser rígidos. “A substituição da chupeta deve ser freqüente, e ela deve ser fervida todos os dias”, recomenda o médico.
 
11. Dá para usar o prendedor sem medo?

É certo que o cordãozinho preso à roupa do bebê é uma mão na roda para evitar que a chupeta caia toda hora no chão. Mas, apesar de muito prático, o prendedor não é recomendável – por vários motivos. O principal deles é que ele próprio acaba se tornando um foco de fungos e bactérias. Além disso, a chupeta pendurada esbarra o tempo todo em tudo, ficando mais e mais contaminada. E há ainda uma razão mais séria para desistir do prendedor: ele pode eventualmente se enrolar no pescocinho do bebê e causar asfixia. Assim, é melhor ter uma boa reserva de chupetas para trocar quando a que está sendo usada cair no chão.
 
12. O que fazer para ajudar a criança a largar o hábito na idade recomendada?
Os especialistas são unânimes: é importante tirá-la da vida da criança com o mínimo de traumas possível. Uma consulta a um odontopediatra pode ajudar bastante, uma vez que esse profissional irá orientar os pais sobre a maneira correta de agir. “A retirada deve ocorrer de uma forma gradativa. E é importante que a criança não veja isso como uma perda”, ressalta a psicóloga Lucia Marmulsztejn. Primeiramente, os pais devem procurar não deixar o acessório tão disponível quanto antes e ir avisando à criança que está chegando o dia de deixar de chupar chupeta. Deve-se usar e abusar da fantasia. Quem sabe a fadinha da chupeta não vem buscá-la à noite? A criança pode deixar o objeto sob o travesseiro e encontrar uma moeda como pagamento pela manhã. “O adulto pode sugerir presentear um irmãozinho, priminho ou um bebê querido que está chegando com a chupeta, assim a criança verá alguma utilidade na sua ação. Ou também propor à criança a troca do acessório por algo mais adequado à idade dela”, orienta Lucia.

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