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Alimentação infantil

Por Coluna
Dr. Hugo Ribeiro é pediatra especializado em gastroenterologia e nutrologia e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA)
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Por que a curva de crescimento da criança deve ser monitorada

Especialista explica como ela é uma importante ferramenta para a detecção precoce de problemas de saúde nas crianças e prevenção da obesidade infantil.

Por Da Redação
Atualizado em 28 set 2017, 16h59 - Publicado em 28 set 2017, 16h49

Se existe uma palavra que melhor distingue a criança do adulto, esta palavra é CRESCIMENTO! Genética, gênero, nutrição, atividade física, problemas de saúde, ambiente, hormônios, e estilo de vida são fatores que influenciam o peso e a altura dos pequenos – e muitos destes fatores variam amplamente de família para família.

Um médico deve utilizar as curvas de crescimento para ajudar os pais a responder a uma importante questão: meu filho está crescendo e ganhando peso normalmente?

Segundo estudo publicado em junho de 2017 na revista científica JAMA – intitulado Recomendações da Força-Tarefa dos Serviços Preventivos dos EUA sobre Obesidade em Crianças e Adolescentes -, esta vigilância permanente dos padrões de crescimento é uma estratégia importante e fundamental para o monitoramento da saúde infantil e, certamente, é uma das ferramentas mais adequadas para detecção precoce de problemas de saúde.

Entre eles, destaco a obesidade infantil, uma das principais preocupações dos pais atualmente, responsável por um impacto não só na infância e na adolescência, mas sobretudo na vida adulta.

Um ganho de peso fora do esperado pode ser indicativo de uma dieta ou de uma rotina de atividade física inadequadas. Quanto antes isso for identificado, os tratamentos se tornam mais eficazes e eficientes, permitindo uma reversão desse quadro, revisão dos padrões alimentares, além de evitar a instalação do sobrepeso.

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As curvas de crescimento fazem parte do atendimento rotineiro das crianças e devem estar presentes em todas as consultas, independentemente do motivo pelo qual os pais visitaram o pediatra. Elas mostram a eles e a outros profissionais de saúde como o filho está crescendo em comparação às demais crianças da mesma idade e gênero. Elas também possibilitam que o especialista acompanhe o padrão de ganho de altura e peso ao longo de um período de tempo e se os baixinhos estão se desenvolvendo proporcionalmente.

Uma criança pode vir crescendo normalmente e, após um determinado momento, ela subitamente começa a crescer mais lentamente que outras crianças – o que também é um sinal de alerta. Os médicos podem observar essa evolução avaliando a dinâmica da curva de crescimento.

Outra curva muito importante até os 3 anos de idade é a da circunferência da cabeça. Nos bebês, essa medida pode fornecer informação importante sobre o desenvolvimento cerebral. Se o pequeno tem uma cabeça maior ou menor em relação aos demais da mesma idade e gênero ou, ainda, se para de aumentar ou aumenta rapidamente, isso pode ser sinal de um problema de saúde.

Vale lembrar que não necessariamente um padrão diferente significa um problema. Os médicos devem contextualizar o estado geral, o ambiente e as questões genéticas. O pequeno está alcançando suas etapas de desenvolvimento? Existem outros sinais de que ele não está saudável? Quão altos ou pesados são os pais e irmãos? Ele nasceu prematuramente? A criança atingiu a puberdade precocemente ou tardiamente em relação ao padrão normal? Estes e outros fatores possibilitam aos pediatras uma interpretação adequada da curva de cada criança.

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Outro fator importante é saber que as meninas crescem e ganham peso diferentemente dos meninos e que a velocidade com que isso acontece também varia com a idade. Não existe um número ideal. Crianças saudáveis apresentam diferentes formas e tamanhos e um bebê no percentil 5º (parte inferior das curvas), por exemplo, pode ser tão saudável quanto um bebê no percentil 95º (parte superior das curvas).

Por isso, destaco que a vigilância do crescimento e do desenvolvimento infantil, desde o nascimento, deveria ser atribuição de todos – da família, dos profissionais de saúde e até mesmo da escola. Esse acompanhamento cotidiano é, sem dúvida, uma estratégia importantíssima, simples e de baixo custo para os indivíduos, para a sociedade e para o Estado. Afinal, prevenir é muito mais fácil que tratar!

Dr. Hugo Ribeiro

É pediatra especializado em gastroenterologia e nutrologia, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), fellow em Nutrologia Infantil pela Universidade de Cornnel, em New York, e coordenador e pesquisador do Centro de Pesquisa Fima Lifshitz da UFBA

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