O aleitamento materno é um dos principais fatores que ajudam a garantir a saúde e o desenvolvimento do bebê, suprindo as necessidades nutricionais e ajudando a formar seu sistema imunológico. Mas embora ele seja tão importante, não é raro ver mulheres que, por um motivo ou outro, não conseguem amamentar. Nesses casos, os bancos de leite podem fazer toda a diferença, porém, é claro, eles só existem porque outras mães estão dispostas a doar.
Durante os últimos três meses, a americana Wendy Cruz-Chan se tornou um exemplo de superação e altruísmo. Depois de perder o seu bebê, Killian, na 19ª semana de gestação em decorrência de uma rara infecção uterina, ela decidiu encontrar uma forma de atravessar o luto fazendo algo bom para outras crianças. Assim, três dias depois de dar à luz o seu bebê já morto, ela passou a coletar leite materno inspirada na sua experiência como doula.
Wendy compartilhou todo o processo em seu perfil no Facebook e chamou a atenção pela perseverança em alcançar a meta: ela queria atingir “2000 ounces”, o que equivale a aproximadamente 60 litros. “Coletando por 3-4 horas diárias, incluindo as noites, foi muito cansativo. Mas valeu tanto a pena. Ver os bebês se desenvolvendo com o meu leite me ajudou muito a atravessar meu processo de recuperação”, disse na rede social.
Mas se por um lado essa atitude tem ajudado outras crianças, por outro, trouxe perguntas naturais, mas que ainda machucam bastante alguém que passou por tamanha perda. “Algumas pessoas me veem tirando leite e me perguntam ‘Quanto tempo tem o seu bebê?’. Quando eu digo que meu bebê morreu no nascimento, o rosto delas se transforma em choque e pena. Às vezes não é fácil, outras vezes eu só ignoro. Mas eu tento seguir em frente e me preparar para as perguntas”, compartilhou Wendy.
Ao fim de três meses ordenhando o peito, ela superou a meta e comemorou em homenagem ao seu pequeno. “Tudo em memória do meu anjo bebê Killian. O amor de mãe tem limites”.
Veja o post que Wendy compartilhou no encerramento do seu projeto de doação de leite e, em seguida, a sua tradução:
Há 3 meses, eu embarquei numa jornada da lactação 3 dias depois de dar à luz meu bebê já morto, Killian. Eu tirei e doei 2,038 onças [pouco mais de 60 litros] do meu leite para 6 bebês.
Eu finalmente alcancei minha meta pessoal de 2000 onças em 3 meses. Agora é hora de terminar essa jornada da lactação e me concentrar em mim mesma, enquanto preparo meu corpo para a próxima gravidez.
Eu sou muito grata por ajudar todos aqueles bebês com meu leite e por conhecer suas famílias. Bombear leite por 3-4 horas diárias incluindo as noites foi muito cansativo. Mas valeu tanto a pena. Ver aqueles bebês se desenvolvendo com o meu leite ajudou muito no meu processo de recuperação. Eu sei que vou sentir falta disso. Eu queria mostrar que mesmo após um natimorto, você pode transformar isso em algo positivo e inspirar outros ao seu redor. Durante o meu luto eu evoluí e aprendi a me tirar da escuridão.
Eu sou tão abençoada por ter tantas pessoas, amigos, familiares e, o mais importante, meu maravilhoso marido John e minha filha Ariya me apoiando, e por poder compartilhar minha jornada.
Agora meu próximo caminho será levar o [projeto] CuddleCot ao Hospital Metodista de Nova York e, espero, a outros hospitais em Nova York em memória de Killian.
Isso tudo é pelo amor incondicional por meu Killian que está no céu. Tudo isso para quebrar o silêncio sobre os natimortos. Vamos quebrar o silêncio sobre os natimortos!