1. “Minha licença-maternidade está terminado e vou voltar ao trabalho. Como devo proceder se o meu bebê ainda mama no peito?”
Quando você voltar ao trabalho, a amamentação deve continuar. A única diferença serão os horários. Tente amamentar duas vezes ao dia: antes do trabalho, no início da manhã, e à noite. Logo após cada mamada, retire um pouco do seu leite com a bomba – manual ou elétrica – e o congele para o restante do dia. Dessa maneira, seu bebê vai poder ser alimentado enquanto você está longe.
De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 34% das mães brasileiras que voltam ao trabalho deixam de amamentar. Mas você não precisa fazer parte dessa estatística.”Tire o leite com a bombinha e guarde na geladeira, por até 24 horas. Lembre-se de que a mamadeira deve estar bem limpa”, orienta Luiz Fernando Leite, obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana, de São Paulo.
2. “Vou voltar a trabalhar e quero continuar amamentando meu filho. Qual o melhor momento para realizar a retirada o leite?”
Primeiramente, é importante que a mãe consulte o pediatra para que ele possa orientá-la e acompanhá-la sobre como proceder para manter a amamentação. Assim, você poderá continuar alimentando o seu bebê com o seu leite de forma segura, mesmo tendo que ficar longe dele. “Nos últimos 15 dias da licença, a mãe pode começar a retirar o seu leite e estocá-lo no freezer ou congelador, de preferência em pequenas quantidades, para que haja um estoque pronto a ser dado ao bebê quando ela começar a trabalhar. A mãe pode amamentar em uma mama e coletar o leite na outra. Também, pode retirar o leite e depois amamentar seu bebê – a sucção dele é mais eficiente para extrair o leite. Ela pode fazer a retirada mais de uma vez ao dia, conforme a quantidade de leite extraída. Ressalto a importância de consultar o pediatra ou um profissional da saúde que tenha habilidade em orientar a ordenha, com técnicas de higiene adequadas, e como armazenar o leite”, explica a pediatra Silvana Nader, Secretária do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Outra estratégia as mães que voltam ao trabalho poderiam tentar é deixar os horários mais flexíveis para que possam amamentar. “Leve o bebê pequeno com você ao trabalho, ou peça para alguém levá-lo até você para ser amamentado. Converse com seu chefe sobre a possibilidade de ter maior flexibilidade nos horários de trabalho, como chegar mais tarde e sair mais cedo. Explique ao seu patrão e a seus colegas a importância de amamentar, explique especialmente que o leite materno protege seu filho, que ficará menos doente, e que, assim, você faltará menos ao trabalho e estará mais contente. Explique tudo isso, também, aos seus familiares”, diz Nader.
3. “Meu filho só quer mamar em um peito. Isso pode ser um problema?”
Mamar em apenas um seio não irá acarretar problemas para o bebê. “Na verdade, apenas uma mama é suficiente para alimentar um bebê de forma exclusiva (só peito e mais nada) até os seis meses e depois de forma complementada, com alimentos saudáveis, até pelo menos 2 anos. Não é a toa que amamentar gemelares é totalmente possível, é como se uma mama fosse “de reserva”. Portanto, não há problemas para o bebê em mamar apenas uma mama. Alguns costumam preferir a esquerda, pois fica mais próximo do coração e o som dos batimentos poderá lembrá-lo da vida intrauterina e acalmá-lo. Para a saúde materna, não há grandes repercussões, entretanto esse processo poderá resultar em assimetria, de tal forma que a mama estimulada provavelmente terá tamanho diferente da contralateral. Além disso, a falta de estímulo certamente resultará em baixa ou ausência de produção láctea da mama em questão. A situação ideal é que o bebê tenha as duas mamas à disposição, pois em caso de intercorrências mamárias (fissuras, mastites, etc), havendo necessidade de repouso provisório, o aleitamento poderá ser mantido com a mama sadia. Desta forma, o ideal é que a mãe que está vivendo este tipo de situação procure seu pediatra, que deverá ter capacitação e experiência em dificuldades da amamentação, para que o mesmo possa fazer uma avaliação mais completa e orientá-la adequadamente para que ambas as mamas sejam igualmente utilizadas”, explica o pediatra Dr. Luciano Borges Santiago, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria.
4. “Tenho bastante leite, mas minha filha ainda não consegue sugá-lo. Ouvi dizer que se eu deixar meu bebê mamar em outra mulher ele aprenderia a fazer a sucção e eu ainda esvaziaria meus seios ao amamentar o bebê da outra pessoa. Por isso, gostaria de saber se posso realizar a “mamada cruzada”, quando uma mulher amamenta o filho de outra mãe?”
No dia a dia esta prática não é recomendada. “A chamada ‘mamada cruzada’ pode ser realizada apenas em situações nas quais existe o risco de o bebê ficar desidratado caso não mame”, explica o pediatra Luciano Borges, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria. Se a mãe tiver muito leite nos seios, seu filho ainda não conseguir mamar e ela não for capaz de ordenhar este leite, pode procurar ajuda profissional. “O banco de leite é um ótimo lugar para elas irem, pois lá vão receber atendimento para esvaziar os seios, já que se trata de um local de apoio à amamentação”, conta Borges. O principal risco da “mamada cruzada” são as infecções, que podem ser transmitidas tanto para o bebê quanto para a mulher que amamenta. “Os vírus do HIV e do HPV, que causa alguns tipos de câncer, são os principais que podem ser transmitidos durante a amamentação”, conta Borges.
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