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Acalmar bebê com comida pode gerar maior ganho de peso no futuro

É o que indica um estudo norte-americano que acompanhou famílias por um ano. O problema, aparentemente, também envolve a personalidade da criança.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 13 set 2019, 13h24 - Publicado em 4 abr 2018, 20h37

Às vezes parece irresistível oferecer a guloseima favorita do bebê quando ele está mais agitado, mas o hábito pode estar relacionado com mais quilos na balança durante a infância. É o que aponta um trabalho de 2018 da Penn State University, dos Estados Unidos, publicado no International Journal of Obesity.

Para analisar esse efeito, os pesquisadores pediram para que 160 mães de bebês de 6 meses preenchessem questionários sobre a frequência do choro do filho e o que elas faziam para acalmá-los. Enquanto isso, o temperamento dos pequenos foi avaliado pelos pais e pelos pesquisadores, que registraram traços de raiva, medo, tristeza, agitação, riso, choro e reações à novas coisas e pessoas.

Um ano depois, quando as crianças tinham 18 meses, foram pesadas para avaliar quanto peso tinham ganhado. Foi aí que eles descobriram que, quanto mais os pais usavam a comida para acalmar os bebês mesmo que eles não tivessem fome, mais peso eles ganhavam. Esse efeito, entretanto, só foi observado nos pequenos com um comportamento classificado por eles como “urgente”: extrovertidas, ativas e atraídas por novidades.

A conclusão do grupo é que o hábito pode fazer os filhos comerem mais por prazer quando estiverem maiores. “Crianças ‘urgentes’ tendem a ter uma sensibilidade maior a recompensas que as outras”, explicou Cynthia Stifter, psicóloga e professora da Penn State que assina ao trabalho, em comunicado à imprensa.

Problemas maiores à frente

Além disso, esse tipo de baixinho também parece apresentar mais sensibilidade em seu sistema da dopamina, neurotransmissor relacionado ao bem-estar e liberado no cérebro quando fazemos coisas prazerosas. “Logo, se eles forem recompensados com comida, que ativa esse sistema de maneira intensa e rápida, farão uma conexão mais forte entre comer e se sentir bem”, completa Cynthia. É isso que aumentaria o apetite nos anos seguintes – e é aí que mora o perigo.

Isso porque a relação meio problemática com os petiscos pode ser um fator de risco para a obesidade no futuro. “Estas crianças têm tendência a se entediar facilmente porque estão sempre em busca de algo novo para capturar sua atenção. Então, se estão entediados e já fizeram a associação entre comida e prazer, a buscarão não por fome, mas porque estão em busca de alguma coisa para fazer”, finaliza Cynthia.

Embora o método da comida preferida seja sem dúvida eficaz, especialmente quando outros já falharam, parece mesmo que deve ser repensado, especialmente no caso das crianças mais ativas e extrovertidas, como as descritas pelos pesquisadores.

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