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Homem com HIV pode ter filhos sem transmitir a infecção

Técnica é aplicável a outras doenças virais e separa espermatozoides do sêmen infectado, possibilitando tratamentos seguros.

Por Dr. Maurício Chehin
Atualizado em 1 dez 2016, 08h30 - Publicado em 1 dez 2016, 08h30

A AIDS é uma doença causada pelo vírus da imunodeficiência humana, conhecido como HIV, e não tem uma cura conhecida pela medicina. Contudo, é possível que os portadores do vírus tenham filhos de maneira segura, sem infectá-los ou infectar sua parceira, por meio de uma técnica já conhecida da medicina reprodutiva: a lavagem seminal.

O método permite que doenças virais, como o próprio HIV e as hepatites B e C, não sejam transmitidas. A lavagem seminal centrifuga e filtra o sêmen, isolando os espermatozoides não contaminados do restante do líquido seminal. Assim, os espermatozoides sadios podem ser utilizados em procedimentos de reprodução assistida, sem risco de contaminação.

Apesar de já estabelecida há 15 anos, a técnica não é tão disseminada entre a população e essa conscientização pode ser um alento a pacientes que pretendem ter filhos não infectados. Poucos sabem de sua existência e até se surpreendem com a possibilidade. É uma oportunidade aos casais que têm o sonho de construir uma família saudável.

O tratamento mais adequado é escolhido de acordo com o perfil de infecção de cada casal. Nos quadros em que apenas o homem está infectado, que é o mais simples e comum, a lavagem seminal é suficiente para uma reprodução assistida segura. Quando as condições clínicas são ideais, a Fertilização In Vitro (FIV) pelo método de ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides) e, eventualmente, a inseminação intrauterina são os procedimentos mais indicados. No caso de a mulher estar infectada, há possibilidades de tratamento, mas os cuidados são maiores, para que possamos evitar a transmissão vertical, ou seja, da mãe para o feto.

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Quando ambos estão infectados e a carga viral positiva for baixa nos dois, exames complementares são realizados e, ainda assim, as técnicas de reprodução assistida serão necessárias, pois existem diferentes subtipos de vírus HIV. A troca de vírus entre os parceiros pode prejudicar em muito o tratamento da doença. É importante ressaltar que, enquanto a quantidade de vírus não for reduzida com os medicamentos disponíveis e a imunidade do indivíduo afetado não for recuperada, as técnicas de reprodução assistida são contraindicadas por existir alto risco de contaminação para a criança e descontrole da doença.

O monitoramento da infecção do HIV faz parte da série de exames exigidos aos pacientes. Cuidados como esse são importantes para avaliarmos a saúde como um todo. O sucesso no tratamento depende de fatores diversos e interligados. Mas é possível, hoje, obter uma gravidez segura.

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