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A importância dos exames neonatais

Esses testes ajudam os médicos a identificar eventuais doenças sem sintomas, capazes de causar danos importantes, se não forem tratadas a tempo.

Por Giuliano Agmont (colaborador)
Atualizado em 26 out 2023, 09h28 - Publicado em 29 Maio 2015, 12h38

Exame clínico
Imediatamente após o parto, o pediatra neonatologista recepciona e examina o recém-nascido. Além da avaliação física, ele considera os antecedentes familiares, a história da gestação e as circunstâncias do parto e do nascimento. Esse exame tem por objetivo verificar a transição da vida intra para a extrauterina, levando em conta principalmente o coraçãozinho e a respiração do bebê, mas também investigando a presença de problemas de formação, sinais de infecção e doenças metabólicas. Com base nessas informações, o médico pode encaminhar o bebê a uma unidade de cuidados especiais ou liberá-lo para ficar com a mãe. Novos exames clínicos detalhados devem ocorrer entre 12 e 24 horas após o parto, ainda no hospital.

Teste do olhinho
É um exame muito importante, por isso é obrigatório. Simples, rápido e indolor, a pesquisa do reflexo vermelho, conhecida como “teste do olhinho”, pode identificar problemas que levam à cegueira infantil, como catarata, glaucoma de nascença e até tumores intraoculares (retinoblastoma). Com uma caneta oftalmológica, o pediatra lança uma luz contra o olho do bebê e avalia o resultado. Se o médico observar um reflexo vermelho, igual ao das fotografias com flash, é porque está tudo bem com o olhinho do recém-nascido. Ou seja, fica comprovado que o eixo óptico da criança está desobstruído, permitindo a entrada e a saída do feixe de luz através da pupila. Caso haja qualquer alteração, dependendo da situação, é possível tratar o problema de forma precoce e garantir uma visão normal para o bebê. Estima-se que metade dos casos de cegueira poderia ter sido evitada se as crianças tivessem feito esse teste tão simples.

Teste do pezinho
Todo recém-nascido deve realizar obrigatoriamente a triagem neonatal, o famoso “teste do pezinho”. O médico coleta com um filtro de papel uma amostragem do sangue do bebê, em geral do pé (daí o nome), preferencialmente entre o terceiro e o sétimo dia de vida. É um exame fundamental porque permite ao pediatra fazer o diagnóstico precoce de inúmeras doenças sem sintomas, além de servir para identificar o tipo sanguíneo da criança. Esse procedimento dá ao neonatologista a chance de interferir no curso do problema e, eventualmente, diminuir ou eliminar suas sequelas. No Brasil, o teste do pezinho abrange quatro patologias: hipotireoidismo (produção insuficiente de hormônios produzidos pela tireoide), fenilcetonúria (digestão inadequada de uma das proteínas do leite), hemoglobinopatias (doenças ocasionadas por problemas nos glóbulos vermelhos do sangue, que causam deficiência no transporte de oxigênio do corpo, como é o caso da anemia falciforme) e fibrose cística (doença hereditária que causa principalmente problemas respiratórios). Mas a pesquisa do “teste do pezinho” pode ser ampliada para até 47 doenças, principalmente os chamados erros inatos do metabolismo, ou seja, distúrbios bioquímicos geneticamente determinados, que interferem na ação das enzimas do corpo e podem levar a doenças, muitas delas raras.

Teste da orelhinha
A triagem auditiva, também conhecida como “teste da orelhinha”, ou audiometria neonatal, avalia a audição do recém-nascido e ajuda no diagnóstico de eventuais perdas. O exame é rápido e indolor. Um fonoaudiólogo coloca na parte externa do ouvido do bebê um pequeno fone acoplado a um aparelho audiométrico. Durante três a cinco minutos, o equipamento produz estímulos sonoros (as chamadas Emissões Otoacústicas Evocadas), capta seus ecos e processa as informações. Diante de qualquer alteração, a criança tem de ser submetida a exames complementares para confirmar ou não o quadro de deficiência auditiva. O diagnóstico precoce é vital para o melhor desenvolvimento de crianças com perdas auditivas, principalmente em relação à linguagem.

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Teste do coraçãozinho
A oximetria de pulso, ou “teste do coraçãozinho”, como ficou conhecido o procedimento, é simples, rápido e superimportante. Através da medição da oxigenação do sangue e dos batimentos cardíacos do recém-nascido com o uso de um oxímetro – uma espécie de “pulserinha” – ele é capaz de diagnosticar alguma cardiopatia congênita crítica (uma doença grave no coração). Caso seja identificado algum problema nesse teste, o bebê é submetido a um cardiograma para confirmar o diagnóstico.

Teste da linguinha
Obrigatório desde o início de 2015, este teste tem o objetivo de detectar possíveis alterações no frênulo (uma fina membrana que liga a língua à parte inferior da boca). Popularmente conhecida como “freio”, essa membrana pode causar a famosa língua presa. Este exame também é muito simples: enquanto o bebê mama, um fonoaudiólogo e outro profissional de saúde fazem uma avaliação anatômica e da força de sucção. É imporante lembrar que esse problema pode ir muito além da fala, afetando a sucção do leite, pois o bebê não consegue mamar da forma ideal, e, mais tarde, prejudicando a sua mastigação. Porém, vale ressaltar que o diagnóstico positivo não implicará, necessariamente, uma correção do problema, já que isso vai depender do grau apresentado. Quando recomendado, os médicos realizam um pequeno corte: “A princípio, por não ter enervação na membrana, não há sangramentos. O pique é feito com uma tesourinha”, esclarece Mário Roberto Hirschheimer, presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo. “Nem podemos chamar o procedimento de intervenção cirúrgica, pois ele é muito simples”, completa Irene Queiroz Marchesan, presidente da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.

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