Útero bicorno: causas, impacto na gestação e o que fazer para tratar
A malformação uterina que cria duas cavidades no órgão dificulta a gravidez

A gravidez é um momento de mudanças intensas e expectativas, mas também pode ser cercada de desafios. Para mulheres que já enfrentaram abortos espontâneos ou têm dificuldade para engravidar, entender os fatores que podem influenciar a gestação é fundamental. Um desses fatores é o útero bicorno, uma condição que pode reduzir em até 25% as chances de engravidar e aumentar os riscos de perda gestacional.
O que é útero bicorno?
O útero bicorno é uma malformação uterina que ocorre durante o desenvolvimento do feto feminino no útero da mãe. Durante o período de formação do aparelho reprodutor, os ductos de Müller, responsáveis por formar o útero, não se fundem completamente, resultando em um órgão com duas cavidades, uma geralmente maior que a outra. Essa anormalidade é uma das causas de infertilidade e pode aumentar em até 33% o risco de aborto espontâneo.
Essa condição interfere diretamente na capacidade do útero de sustentar uma gestação. A implantação do embrião em uma das cavidades pode ser determinante para o sucesso ou não da gravidez.
Como identificar o útero bicorno?
Muitas mulheres não sabem que possuem útero bicorno até enfrentarem dificuldades para engravidar ou repetidas perdas gestacionais. Por isso, o diagnóstico depende de exames que avaliam a anatomia uterina. Entre os mais indicados estão:
- Ultrassom transvaginal: um exame de imagem que fornece informações detalhadas sobre o formato e a estrutura do útero.
- Ressonância magnética: utilizada para confirmar o diagnóstico e avaliar a extensão da malformação.
- Histeroscopia: um procedimento em que uma câmera é inserida no útero para visualizar diretamente a cavidade.
Após o diagnóstico, o acompanhamento médico é essencial para planejar o tratamento e monitorar futuras tentativas de engravidar.
Como tratar o útero bicorno?
A única forma de corrigir o útero bicorno é por meio de cirurgia. O procedimento consiste na remoção do septo que divide as cavidades uterinas, aumentando o espaço disponível para o desenvolvimento do bebê.
Embora a cirurgia seja eficaz, ela pode trazer complicações, como a formação de aderências uterinas, que também podem dificultar a gravidez. Por isso, o acompanhamento com um especialista é indispensável tanto antes quanto depois da intervenção.
Além disso, durante a gestação, mulheres com útero bicorno podem precisar de cuidados adicionais, como o procedimento de cerclagem uterina. Essa técnica, que envolve o fechamento do colo do útero com pontos, é utilizada para evitar partos prematuros em mulheres com incompetência istmo-cervical, uma condição frequentemente associada ao útero bicorno.
Por que o útero bicorno dificulta a gestação?
O útero bicorno pode dificultar a gravidez por diversos motivos. Durante a implantação, o embrião pode se fixar na cavidade menor, que oferece menos espaço e suporte para o desenvolvimento da gestação. Isso pode levar a abortos espontâneos ou partos prematuros.
Além disso, o formato irregular do útero pode interferir na circulação sanguínea e no crescimento do bebê. Essa condição exige acompanhamento contínuo por parte do obstetra para garantir o melhor desfecho possível para a mãe e o bebê.
Esperança e cuidado para mães com útero bicorno
Apesar das dificuldades, o útero bicorno não significa que uma gravidez saudável seja impossível. Muitas mulheres com essa condição conseguem levar uma gestação adiante, especialmente com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado.
O mais importante é buscar orientação médica assim que houver sinais de dificuldade para engravidar ou após um aborto espontâneo. Com acompanhamento especializado, é possível minimizar os riscos e aumentar as chances de realizar o sonho da maternidade.
Consultoria: Dr. Rodrigo Rosa, ginecologista e especialista em reprodução humana