Termômetros com mercúrio foram proibidos? Entenda o que diz a Anvisa
Medida já era vigente desde 2019; em caso de descarte inadequado, o mercúrio residual pode trazer riscos à saúde e meio ambiente
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) manteve a proibição da fabricação e comercialização de termômetros de mercúrio em território brasileiro, conforme resolução aprovada na última terça-feira (24). A normativa da Anvisa ainda proíbe a venda e produção de esfigmomanômetros com mercúrio – equipamentos utilizados para medir a pressão arterial. O uso desses equipamentos também foi vetado em serviços de saúde pública – embora a medida não valha para produtos usados com fins de pesquisa.
O mercúrio é um metal líquido bastante utilizado por causa de suas propriedades de dilatação térmica – conforme a temperatura aumenta, o mercúrio expande, por isso, a régua de mercúrio sobe quando a pessoa com febre utiliza o termômetro.
Isso significa que, se você tem um termômetro de mercúrio em casa, não é obrigado a descartá-lo de imediato: basta ter cuidado caso ele quebre, para fazer o descarte de modo adequado.
A recomendação, no entanto, é de utilizar equipamentos mais modernos. Termômetros digitais têm a mesma capacidade de aferição da temperatura e não trazem os mesmos problemas que o mercúrio.
Entenda o porquê da proibição
Em 2013, o Brasil e mais de uma centena de países assinaram a Convenção de Minamata: o documento, resultado de uma Convenção das Nações Unidas (ONU), estabeleceu estratégias para controlar o uso do mercúrio com o objetivo de proteger a saúde humana e o meio ambiente.
A primeira normativa proibindo os termômetros e medidores de pressão com mercúrio foi emitida em 2017 no Brasil. A resolução passou a valer em 2019. A proibição publicada neste ano é uma revisão dessa resolução anterior – os equipamentos seguem proibidos no país.
Quais problemas o mercúrio pode causar?
Não há perigos diretos em usar termômetros com mercúrio. O problema está quando o equipamento se quebra e pode haver contaminação – tanto de pessoas quanto do meio ambiente, no momento do descarte.
O mercúrio é tóxico para a saúde humana e, em caso de ingestão, pode causar vários problemas neurológicos: tremores, insônia, amnésia e dor de cabeça. Em casos graves, a intoxicação pode ser fatal. Também podem ocorrer danos renais e ao sistema digestivo.
O metal também é nocivo ao meio ambiente. A principal forma de contaminação por mercúrio hoje acontece por meio do consumo de frutos do mar. Isso porque, uma vez na natureza, o mercúrio se acumula ao longo da cadeia alimentar – peixes maiores tendem a ter quantidades maiores de mercúrio, por exemplo.
Espécies contaminadas por mercúrio podem morrer e o metal se dissemina rapidamente pelo solo, prejudicando também os cultivos da área afetada.
Como descartar corretamente um equipamento com mercúrio?
Se um termômetro com mercúrio quebrar, é necessário seguir corretamente as instruções para descarte para evitar contaminações.
- Não toque no mercúrio e mantenha crianças afastadas do medidor quebrado;
- Use máscara e luvas para recolher os restos de vidro, em uma toalha de papel;
- Não utilize aspirador. Junte as “bolinhas” de mercúrio utilizando um papel cartão;
- Use uma seringa sem agulha para recolher o mercúrio – se alguma gota não for aspirada, use uma fita adesiva para removê-la;
- Em um recipiente de plástico ou vidro, coloque os resíduos de mercúrio e coloque água até cobrir o mercúrio;
- Feche o recipiente;
- Identifique o recipiente com “Resíduos tóxicos contendo mercúrio” e embale em uma sacola fechada;
- Consulte o órgão ambiental responsável do seu município para realizar a entrega do material adequadamente. Não descarte no lixo comum.