Relógio biológico masculino: até quando o homem pode ser pai?

A partir dos 40 anos, ocorre uma queda de testosterona, reduzindo a contagem de espermatozoides e a fertilidade masculina

Por Gabriel Bueno
14 dez 2024, 07h00
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Mesmo sem uma data-limite tão clara quanto a menopausa nas mulheres, homens também enfrentam queda na fertilidade conforme os anos passam (stockking/Freepik/Reprodução)
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E se eu te dissesse que, mesmo sem alarme ou ponteiros, o corpo humano tem seu próprio relógio biológico? Nas mulheres, ele toca alto e claro com o encerramento da menopausa, mas, nos homens, o som é mais sutil. É como uma música que vai diminuindo o ritmo: quase imperceptível no início, até que um dia se nota que ela já não é a mesma.

A fertilidade masculina, embora mais duradoura, não é imune ao tempo. A quantidade e a qualidade dos espermatozoides começam a mudar com o passar dos anos, e compreender essas transformações é essencial para aqueles que pensam em se tornar pais mais tarde na vida.

O declínio gradual: o que diz a ciência

Pesquisas científicas confirmam que o relógio biológico masculino não é um mito. Um estudo publicado pelo periódico Reviews in Endocrine and Metabolic Disorders em 2022 analisou as mudanças associadas à idade no eixo reprodutivo dos homens e seus efeitos na fertilidade.

Os pesquisadores destacam que, a partir dos 40 anos, ocorre uma queda gradual na produção de testosterona, hormônio essencial para a saúde reprodutiva, impactando diretamente a qualidade e a quantidade dos espermatozoides. Além disso, foi observado que a motilidade e o volume dos espermatozoides também diminuem com o tempo, resultando em uma queda geral na fertilidade masculina.

O estudo também aponta que o envelhecimento contribui para alterações no DNA do sêmen, aumentando a incidência de mutações genéticas. Essas mudanças elevam os riscos de condições genéticas em filhos, como autismo e esquizofrenia, especialmente em pais com mais de 50 anos.

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Após os 50 anos: impacto na fertilidade

Outro estudo publicado pela European Society of Human Reproduction and Embryology, em 2019, analisou a relação entre a idade paterna, o sucesso em tratamentos de fertilização in vitro (FIV) e a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI). Os resultados mostraram que homens com mais de 51 anos apresentam taxas menores de sucesso nesses procedimentos, devido à qualidade reduzida dos espermatozoides.

Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece critérios de qualidade seminal, como uma concentração mínima de 15 milhões de espermatozoides por mililitro e motilidade total de pelo menos 40%. Após os 50 anos, muitos homens não atingem esses padrões, refletindo o declínio natural da fertilidade.

A diferença dos relógios: Feminino x Masculino

Embora tanto homens quanto mulheres tenham um relógio biológico relacionado à fertilidade, o impacto do envelhecimento nos sistemas reprodutivos é diferente. Nos homens, como vimos antes, a partir dos 40 anos, há uma queda na concentração e motilidade dos espermatozoides, aumentando o risco de mutações genéticas no DNA do sêmen.

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Já para as mulheres, a fertilidade segue um declínio natural culminando na menopausa, que geralmente ocorre entre os 45 e 55 anos. A explicação para essa diferença está no funcionamento distinto dos sistemas reprodutivos.

As mulheres nascem com um número fixo de óvulos, com cerca de 1 a 2 milhões. Porém, na puberdade, a quantidade diminui, ficando entre 300 mil a 500 mil. Por volta dos 30 anos, a maioria das mulheres já perdeu quase 90% dos seus óvulos.

Assim, os óvulos acompanham o envelhecimento da mulher e problemas como erros cromossômicos tornam-se mais frequentes após os 35 anos, reduzindo as chances de gravidez e aumentando os riscos de complicações. Para quem deseja engravidar mais tarde na vida, tem sido frequente recorrer ao congelamento de óvulos antes de chegar a essa idade.

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Portanto, enquanto o declínio feminino é mais direto e vinculado ao envelhecimento dos óvulos, o masculino é mais gradual e multifatorial, relacionado principalmente à qualidade do sêmen e fatores genéticos. Essas diferenças ressaltam a importância de considerar o tempo ao planejar uma família.

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