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Mulheres sem apêndice ou amígdala têm mais facilidade para engravidar, conclui pesquisa

Levantamento britânico com mais de 500 mil voluntárias notou que as taxas de gravidez são maiores entre aquelas que retiraram essas estruturas.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 22 out 2016, 21h17 - Publicado em 9 ago 2016, 16h34
Mulher segurando teste de gravidez com uma mão e cruzando os dedos da outra, em torcida.
 (Jupiterimages/Getty Images)
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Diversos fatores genéticos, fisiológicos e ambientais podem influenciar na fertilidade de uma mulher – doenças do aparelho reprodutor, estresse, problemas hormonais e tabagismo são alguns deles. Mas a ciência investiga outros itens que podem integrar essa lista. É o que fizeram pesquisadores da Universidade de Dundee, no Reino Unido, que publicaram, em julho de 2016, no periódico Fertility and Sterility, um estudo de peso que associou a capacidade de engravidar à presença do apêndice e/ou da amígdala no corpo feminino. 

O número de participantes do levantamento impressiona: foram recrutadas 54.675 mulheres que removeram o apêndice (órgão situado no início do intestino grosso e que, não raro, é vítima de infecção, a chamada apendicite); 112.607 pacientes que retiraram a amígdala, estrutura presente no começo da garganta e que também costuma ser atacada por agentes infecciosos; 10.340 voluntárias que passaram pelos dois procedimentos; e 355.244 mulheres que nunca fizeram essas cirurgias e que atuaram apenas como grupo controle.   

Após fazer todas as análises, os cientistas encontraram índices de gravidez mais altos entre aquelas que não tinham o apêndice (54,4%), a amígdala (53,4%) ou ambos (59,7%) do que nas participantes que não removeram nenhuma dessas estruturas (43,7%). Além disso, em comparação à turma controle, as voluntárias que fizeram um dos procedimentos cirúrgicos ou ambos engravidaram mais rápido.

“Essa pesquisa é de interesse primordial porque as cirurgias de retirada do apêndice e da amígdala são muito comuns, realizadas em dezenas de milhares de pessoas só no Reino Unido”, comenta a pesquisadora Li Wei, da Universidade College London, na Inglaterra, que participou da investigação.

Ainda não se sabe, contudo, o que estaria por trás da relação desses dois procedimentos com a fertilidade. Em entrevista ao jornal inglês BBC, os autores do estudo revelaram que uma hipótese é que, por sofrerem infecções regularmente, o apêndice e a amígdala aumentariam os níveis de inflamação no organismo, prejudicando os ovários e o útero. No entanto, mais pesquisas são necessárias para entender a fundo esse elo.

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Mito derrubado

Uma das principais contribuições desse estudo é ser um contraponto à ideia de que a retirada do apêndice faria com que a mulher tivesse dificuldade de engravidar. “Durante muitos anos, estudantes de medicina foram ensinados que uma cirurgia de remoção do apêndice tinha um impacto negativo na fertilidade, e mulheres jovens temiam que isso fosse estragar seus planos de ter filhos no futuro”, contextualiza Sami Shimi, principal autor do artigo. “O que nós precisamos estabelecer agora é por que exatamente isso não acontece”, pondera.

Os achados dos experts ingleses tampouco querem dizer que aquelas que pretendem ser mães deveriam tirar o órgão anexo do intestino (ou mesmo a amígdala!) sem necessidade. “Esse trabalho não significa que remover um apêndice saudável influencia diretamente na fertilidade”, adverte Shimi. “Significa que mulheres jovens que precisam retirar esse órgão não precisam temer que sua fertilidade seja afetada”, assegura o estudioso. 

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