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Medicamentos, drogas e anabolizantes podem afetar a fertilidade

O médico Mauricio Chehin, do Grupo Huntington Medicina Reprodutiva, esclarece questões cruciais para auxiliá-la a realizar o sonho da maternidade.

Por Dr. Maurício Chehin
Atualizado em 28 nov 2016, 18h36 - Publicado em 24 fev 2015, 16h38

Assim como drogas e anabolizantes, alguns medicamentos podem afetar a fertilidade de homens e mulheres. A lista dos remédios que têm esse efeito é considerada longa e, alguns deles, inclusive, estão entre os mais utilizados regularmente por parte da população. A infertilidade é silenciosa, gradativa e, na maioria das vezes, não promove qualquer sintoma, embora, dependendo da substância administrada, possa apresentar alguns sinais.

Eventuais alterações menstruais nas mulheres, por exemplo, podem ser indícios de deficiência na ovulação, como consequência do uso de determinado produto. Há ainda medicamentos que podem aumentar a produção do hormônio prolactina – como os antidepressivos e os ansiolíticos – que, quando em excesso no corpo, diminuem a libido e provocam a inibição da ovulação.

Nos homens, os anti-hipertensivos da classe dos bloqueadores de canal de cálcio e os medicamentos diuréticos com a substância espirolonactona podem causar infertilidade. Aqueles que fazem tratamentos gástricos também são prejudicados com a diminuição da qualidade do sêmen. Há ainda o caso do uso de hormônios androgênicos, que melhoram o desejo sexual, mas podem afetar a fertilidade e reduzir a produção de espermatozoides, embora esses efeitos sejam, em sua grande maioria, reversíveis após a suspensão da medicação.

Já os fármacos destinados à queda de cabelo ou à prevenção da calvície contêm uma substância chamada finasterida, que é utilizada para inibir a conversão de testosterona em um hormônio mais potente, a dihidrotestosterona, responsável pela queda de cabelos. O uso é costumeiramente feito em doses baixas e não provoca alteração na fertilidade, mas, a longo prazo e em doses maiores, podem causar algum desequilíbrio.

Além desses medicamentos, o tratamento para câncer também é bastante agressivo e, por conta da radioterapia e da quimioterapia, prejudica a produção de células reprodutivas. Em casos com este, a primeira preocupação deve ser, evidentemente, com a saúde do paciente, mas é importante que o médico o oriente a fazer a preservação de sua fertilidade, caso queira ter filhos futuramente. Uma alternativa para quem passa por esses tratamentos é o congelamento de sêmen para o homem e de óvulos para mulher.

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O uso de drogas lícitas e ilícitas também tem seus efeitos. O cigarro, por exemplo, contém substâncias como cádmio e chumbo, que alteram a qualidade do sêmen e do óvulo; e as bebidas alcoólicas consumidas em excesso podem promover alterações hormonais que dificultam a gravidez. Já a maconha, droga ilícita, prejudica a mobilidade e concentração dos espermatozoides.

Outra recomendação válida é para o uso indiscriminado e cada vez mais comum de anabolizantes nas academias. Estes produtos contêm derivados da testosterona, que afetam diretamente o corpo, provocando uma ovulação irregular ou suspensa (anovulação) em mulheres e redução na produção de espermatozoides no homem.

É evidente que cada caso deve ser analisado individualmente por um especialista em reprodução, para determinar as consequências e a possível prevenção da perda de fertilidade. Na maioria das vezes, o quadro é reversível. Mesmo as pessoas que tiveram consequências de medicamentos ou drogas podem ter filhos recorrendo à reprodução assistida. A Fertilização In Vitro e a inseminação artificial também costumam ser efetivas na maioria dos casos.

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