Mecônio: o que é, por que aparece e quais os riscos para o bebê

Entenda quais os riscos da Síndrome de Aspiração de Mecônio para o seu bebê e quais os sinais de alerta para buscar ajuda médica

Por Naju Maciel
27 jul 2025, 07h00
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 (Jose Pelaez/Getty Images)
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Enquanto o bebê se desenvolve na barriga, surgem dúvidas sobre vários aspectos, inclusive sobre algo chamado mecônio. Este nome diferente se refere às primeiríssimas fezes que o seu filhote pode liberar ainda dentro da barriga da mamãe. Parece estranho, não é? Mas entender sobre essa substância é super importante, porque ela pode ser tanto um sinal de que está tudo em ordem com o desenvolvimento do pequeno, quanto um indicador para ficarmos atentos a algo que merece mais cuidado.

O que é essa substância?

Imagine que o corpinho do seu bebê já está se preparando para a vida aqui fora, e isso inclui o seu sistema digestório. O mecônio é justamente o resultado desse processo inicial. Ele possui características bem peculiares: sua cor é bem escura, puxando para um tom esverdeado, e sua textura é densa e bem grudenta. É o primeiro “cocô” do bebê, e normalmente aparece ainda antes do nascimento. 

Depois que o bebezinho chega ao mundo, as fezes continuam sendo eliminadas, e a amamentação tem um papel fundamental nesse movimento intestinal nas primeiras horas de vida. A mudança mais notável na aparência e consistência das evacuações do recém-nascido geralmente acontece após o terceiro dia de vida, conforme ele se adapta à alimentação e o corpo começa a funcionar plenamente de forma independente.

Sinal de alerta ou apenas uma curiosidade?

A presença dessa substância no líquido que envolve o bebê lá dentro do útero, o líquido amniótico, pode gerar algumas dúvidas. Às vezes, significa simplesmente que o sistema digestivo do neném está funcionando direitinho, como um bom sinal de desenvolvimento. Porém, em outras ocasiões, a presença do mecônio pode ser um indicativo de que o bebê está passando por alguma situação de estresse ou desconforto. 

O aparecimento do mecônio no líquido geralmente ocorre quando o intestino do bebê se movimenta e relaxa a parte final do intestino (o esfíncter anal), liberando o conteúdo. É por isso que os médicos e enfermeiros sempre observam a coloração do líquido amniótico com atenção, pois ela pode revelar dados importantes sobre o bem-estar do pequeno.

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Síndrome da Aspiração de Mecônio

Quando falamos sobre o mecônio, há um tópico que merece nossa total atenção: a Síndrome de Aspiração Meconial. Essa situação acontece se, eventualmente, o bebê acaba inalando o líquido amniótico que está misturado com o mecônio. Se isso acontecer, pode levar a problemas respiratórios que precisam de cuidados imediatos. É como se essa substância pegajosa entrasse nos pulmões do bebê, dificultando a respiração. 

Os sinais de que isso pode estar acontecendo incluem o bebê ter dificuldade para respirar, apresentar respiração muito rápida (um sintoma chamado taquipneia) ou, em situações mais graves, precisar de aparelhos para ajudar a respirar, como oxigenoterapia ou até intubação. Geralmente, esse quadro se manifesta bem perto do momento do nascimento ou durante o próprio parto. Por isso, perceber o mecônio no líquido amniótico é um forte sinal de alerta para a equipe médica agir rapidamente e garantir a segurança do recém-nascido.

Fatores que podem aumentar a probabilidade

Nem sempre se sabe exatamente por que o mecônio é liberado antes da hora, mas existem algumas condições que podem fazer com que isso seja mais provável durante a gestação. É importante que os profissionais de saúde fiquem atentos a esses pontos. Algumas das situações que podem contribuir para a ocorrência do mecônio no líquido amniótico incluem:

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  • Pré-eclâmpsia: uma complicação na gravidez que causa pressão alta.
  • Insuficiência placentária: quando a placenta não consegue fornecer oxigênio e nutrientes suficientes para o bebê.
  • Pressão alta na mãe (Hipertensão materna): condição em que a mãe apresenta pressão sanguínea elevada.
  • Oligodrâmnio: um nível reduzido de líquido amniótico ao redor do bebê.
  • Uso de substâncias ilegais: o contato com certas substâncias pode influenciar o ambiente intrauterino.

A identificação desses fatores de risco permite que a equipe médica adote um cuidado ainda mais vigilante para proteger a saúde do bebê.

O tratamento em casos de aspiração

Quando um bebê aspira mecônio e não consegue respirar adequadamente, a resposta médica precisa ser ágil e precisa. Em muitos casos, o pequeno pode não conseguir puxar o ar sozinho de forma eficiente. Nesses momentos delicados, a primeira medida é a remoção cuidadosa de qualquer secreção que esteja presente nas vias aéreas do bebê. Além disso, são administrados medicamentos específicos para melhorar a troca de gases nos pulmões, ajudando-o a respirar melhor.

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A presença de um pediatra na sala de parto é indispensável para avaliar a condição do recém-nascido imediatamente após o nascimento e decidir sobre as medidas emergenciais necessárias. Isso pode incluir a intubação ou o uso de ventilação mecânica, que são recursos para auxiliar a respiração do bebê. Se for preciso, a aspiração do mecônio pode ser feita diretamente na traquéia, mas sempre com o máximo cuidado, realizando o mínimo de manipulações para não estressar ainda mais o recém-nascido. O objetivo principal é garantir que o bebê receba o oxigênio de que precisa e que suas vias respiratórias estejam limpas para que ele possa se recuperar plenamente.

Importância do conhecimento

Ter clareza sobre o que é o mecônio e suas possíveis consequências é fundamental para que os profissionais de saúde possam agir de forma preventiva e oferecer o tratamento mais rápido e eficiente possível, caso seja necessário. Esse conhecimento detalhado contribui imensamente para assegurar o melhor bem-estar do recém-nascido e proporcionar mais tranquilidade à mãe ao longo de toda a gravidez e, claro, no momento tão esperado do nascimento.

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