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Homens também são vítimas de depressão pós-parto

O transtorno é mais comum em pais de primeira viagem. Fique por dentro dos sintomas.

Por Michelle Veronese (colaboradora)
Atualizado em 23 jan 2017, 17h41 - Publicado em 11 jun 2015, 09h18

A tristeza paterna, que dá as caras logo depois que o bebê nasce, tem nome e sigla. Trata-se da depressão pós-parto, ou DPP, como preferem chamar os especialistas. Muita gente não sabe, mas essa vilã, que acomete 15 em cada 100 mulheres, também tira o sono dos homens. Pior: ela manda embora a disposição, o apetite, o prazer e a alegria de ser pai.

É claro que esse mal não aparece à toa. “Tudo começa depois do nascimento da criança, quando o casal está se adaptando a um novo ritmo de vida e enfrentando os desafios de ver a família crescer”, afirma João Bortoletti Filho, ginecologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. É essa a fase em que várias perguntas passam pela cabeça dos homens: será que vou ser um bom pai? Como educar meu filho? Será que ele vai gostar de mim? “Esse tipo de preocupação pode dar um empurrãozinho para o estresse e a ansiedade“, diz o médico. E estresse, ansiedade, inseguranças, medos… Quando tudo isso foge ao controle, a depressão pode entrar em cena.

Inexperiência

A DPP é mais comum entre os pais de primeira viagem ou que não estavam preparados a chegada de um bebê. “As mudanças trazidas pela paternidade têm um impacto maior para esses homens”, observa Florence Kerr-Corrêia, professora de psiquiatria da Universidade Estadual Paulista, em Botucatu, no interior de São Paulo. Assim, os especialistas aconselham que os candidatos a papai acompanhem, ao lado da mulher, cada etapa da gravidez. “É na rotina de exames do pré-natal, nas conversas com médicos e outros pais que eles, sem perceber, vão se preparar para o que vem pela frente”, lembra.

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Há ainda o caso de homens que sofrem do problema depois que as mulheres apresentam a depressão pós-parto. Mas, calma lá, não é a melancolia delas que contagia o companheiro. “Acontece que, de uma hora para outra, ele passa a ser cobrado ainda mais, porque precisa cuidar da mulher que passa por uma situação delicada. Sem contar o bebê, que passa a exigir atenção redobrada”, conta Marco Antônio Brasil, chefe do serviço de psicologia e psiquiatria do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Rio de Janeiro. Essa sobrecarga, segundo o especialista, leva a um efeito dominó pra lá de negativo, que pode culminar na depressão.

Como tratar

Para os homens com DPP, vale a mesma orientação dada às mulheres: conversar com um especialista ao perceber os sintomas. O tratamento depende do grau do problema e pode incluir ou não o uso de medicamentos. Nem sempre o diagnóstico, no entanto, será depressão. “Às vezes, pode ser uma tristeza passageira ou a sensação de que ele foi deixado de lado pela mulher, que é só cuidados com o recém-nascido”, diz Florence. Nesse caso, o recomendado é abrir o jogo com a companheira e, depois, arregaçar as mangas – trocar fraldas, dar banho, brincar com o bebê. Em outras palavras, curtir, de coração aberto, a grande aventura de ser pai e dar um “xô!” na melancolia.

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