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EUA tentam boicotar resolução que incentiva aleitamento materno

Reportagem revela que representantes americanos chegaram a ameaçar outros países para receber apoio.

Por Carla Leonardi
10 jul 2018, 14h18

De acordo com reportagem da edição do último domingo, 08, do jornal The New York Times, os Estados Unidos tentaram boicotar uma resolução da Organização Mundial de Saúde (OMS) que incentiva a amamentação. Em um esforço para barrar parte da resolução, oficiais americanos chegaram a ameaçar outros países para receber apoio.

Segundo as informações divulgadas pelo jornal, em uma reunião que aconteceu em Genebra, Suíça, em maio deste ano, os representantes dos EUA tentaram eliminar um trecho da resolução que incentiva os países a “proteger, promover e apoiar” o aleitamento materno.

Com base em décadas de pesquisa, a resolução reforça que o leite da mãe é o mais saudável para os bebês e recomenda que os países se esforcem para limitar propagandas imprecisas ou enganosas sobre os possíveis substitutos do leite materno – ponto que entrou em desacordo com a delegação americana.

Ao notar que as tentativas de mudar a resolução não estavam sendo eficazes, representantes americanos partiram para ameaças a diplomatas e oficiais de governos presentes. O Equador foi alertado que se apresentasse a resolução, perderia a ajuda militar que recebe, além de sofrer medidas punitivas comerciais. O país cedeu.

Ainda segundo o New York Times, mais de 12 participantes da reunião relataram ter recebido ameaças parecidas, mas muitos pediram anonimato por medo de possíveis retaliações. Como a Rússia acabou apresentando a resolução sem sofrer as ameaças que outros países sofreram, os esforços dos EUA acabaram sendo inúteis.

De acordo com o Times, os Estados Unidos estão alinhados aos interesses dos fabricantes de fórmula infantil – lobistas da indústria de alimentos para bebês, inclusive, estiveram presentes na reunião em Genebra. Apesar disso, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA declarou que as medidas contra a resolução visavam à garantia de que as mães continuariam podendo buscar a nutrição necessária a seus filhos.

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Indignação ao redor do mundo

As tentativas de boicote à resolução em prol da indústria de alimentos infantis causaram reações negativas em diversos países. Apesar do presidente americano ter declarado ser contra as limitações às fórmulas, e não à amamentação, a posição de Donald Trump gerou muita indignação.

No Instagram, Mari Bridi, mãe de Valentim e Aurora, fez um post falando sobre o caso. “Como pode existir alguém contra a amamentação? A motivação? Proteger os fabricantes de fórmulas que movimentam 70 bilhões de dólares por ano”, escreveu a esposa do ator Rafael Cardoso. “Fórmulas podem salvar vidas de crianças que não têm acesso ao leite materno. Mas amamentar é sempre a melhor opção”, finalizou.

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