O congelamento de óvulos, conhecido também como vitrificação, é o principal recurso para preservar a fertilidade de mulheres que têm o sonho da maternidade, mas podem, futuramente, apresentar algum problema que provoque o declínio ou a interrupção total da produção de óvulos. É um avanço a favor da saúde e da fertilidade feminina, que possibilita adiar o projeto de ser mãe, para o momento que a mulher julgar mais apropriado.
O procedimento consiste em fazer o congelamento rápido da célula através de nitrogênio líquido, a baixa temperatura, cerca de -196°C. Quando a paciente resolve utilizar o óvulo para iniciar a tentativa de gravidez, a célula passa pelo processo de desvitrificação, ou descongelamento, também feito de forma rápida. Com estas técnicas, a chance de sobrevivência do óvulo é de 95%. E não existe um período determinado para que a célula fique congelada.
Esse procedimento pode solucionar alguns casos que comprometem a maternidade. Um deles é o da mulher que adia uma gravidez porque quer estar emocionalmente preparada para essa fase ou por algum motivo relativo à questões profissionais. Atingir estabilidade pode levar algum tempo. E o momento certo para a mulher pode ser quando a idade não está a seu favor.
Para garantir que a idade não se torne um empecilho, é aconselhável fazer o congelamento de óvulos. A técnica, quando feita em idade reprodutiva adequada, é útil para preservar óvulos que certamente estarão em ótima qualidade e se mostrarão intactos quando descongelados para que, na fertilização, gerem um embrião saudável. Para ter se uma ideia, 12 óvulos congelados aos 28 anos oferecem até 50% de chances de gravidez ao serem fertilizados aos 40 anos.
Outro caso em que se indica o congelamento é o de mulheres com histórico de menopausa precoce na família. Nessa situação, preventivamente, se vitrificam os óvulos para que ela não seja pega de surpresa pelo esgotamento de sua reserva ovariana, já que a menopausa pode atingir 3% das mulheres com menos de 40 anos.
Preservação da fertilidade em pacientes com câncer
Aos pacientes que iniciarão um tratamento oncológico, a preservação da fertilidade também é um assunto importante. Apesar de ser uma situação delicada, mulheres em idade reprodutiva que ainda não tiveram filhos, mas desejam ter um dia, devem pensar nisso. A quimioterapia e a radioterapia debilitam consideravelmente a produção de células germinativas – que dão origem a óvulos e espermatozoides, por exemplo. A infertilidade muitas vezes é um dos legados de tratamentos contra o câncer. A depender do caso, a paciente pode fazer o congelamento em até 10 dias antes de iniciar com as medicações contra a doença, sem precisar esperar pelo próximo ciclo menstrual.
Congelar os óvulos é simples
Os ovários serão estimulados com medicamentos indutores da ovulação. Isto provoca o crescimento dos folículos ovulatórios, fenômeno que será acompanhado pela ultrassonografia. Quando o momento for propício, as células serão recolhidas enquanto a paciente se encontra sedada profundamente. Após coletados, os óvulos são levados ao laboratório de embriologia, desidratados e vitrificados para que possam ser fertilizados e implantados quando a mulher finalmente decidir que o momento para tentar ser mãe chegou.