Dia Mundial da Saúde Mental: como cuidar do emocional das crianças?
Estimular as crianças a falarem sobre os sentimentos diminui as chances de desenvolvimento de psicopatologias

O dia 10 de outubro marca o Dia Mundial da Saúde Mental. A data é dedicada à conscientização e à quebra do estigma associado ao tratamento de doenças mentais, buscando difundir informações sobre os transtornos, seus sinais de alerta e possíveis tratamentos.
Pesquisas apontam que, no Brasil, a maioria das pessoas sofre de algum tipo de transtorno mental, como depressão ou ansiedade. Segundo os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), esse número pode chegar a 86% da população do país, em diferentes graus de gravidade.
Uma parcela tão grande da população também inclui, obviamente, as crianças. E nesse caso vale o alerta reforçado: na maioria das vezes, os distúrbios de saúde mental são iniciados na infância.
Por que a saúde mental das crianças importa tanto?
A infância é uma fase fundamental na vida de qualquer pessoa: o que acontece nesse período tem impactos duradouros que ajudam a moldar quem seremos no futuro. É nesse período que somos apresentados ao mundo e passamos por experiências que vão nos constituir como seres humanos capazes de lidar com situações positivas e negativas no decorrer da vida.
De acordo com a psicóloga Isabelle Vignol, especializada em terapia familiar, é imprescindível que as crianças sejam capazes de falar sobre os sentimentos. Ao fazer isso, elas terão menores chances de desenvolver transtornos como ansiedade ou depressão.
Além disso, essa capacidade estimula a desenvolver a autoestima e melhora o desempenho escolar, bem como a convivência familiar e a posterior vida profissional.
Como estimular e ajudar as crianças a lidarem com os sentimentos?
Isabelle explica que o primeiro passo está no autoconhecimento dos próprios adultos.
“Antes de qualquer coisa, é importante que o adulto que cuida de uma criança conheça sobre seu próprio funcionamento emocional”, reitera. Conforme a psicóloga, essa atitude é essencial para que os adultos sejam capazes de conversar com as crianças sobre os sentimentos delas.
Para isso, ela dá algumas sugestões:
- Histórias – ficcionais ou não – são recursos interessantes. Filmes como “Divertidamente” e livros como o “Emocionário” podem ajudar a entrar no assunto e facilitar o caminho para a criança falar sobre os próprios sentimentos.
- Brincadeiras e conversas informais também são instrumentos muito eficazes.
- Nesse sentido, é importante prestar atenção e demonstrar interesse no que a criança fala e sente.
- Fazer perguntas que estimulem a curiosidade da criança também é uma boa maneira de tornar a conversa mais confortável e estimulante.
- Ajudar a criança a traduzir os sentimentos também é importante: dar nome às emoções, como “medo”, “angústia” ou “tristeza” é uma forma de aumentar o repertório de palavras delas.
Nesse processo, os adultos também devem se abrir e falar sobre os próprios sentimentos. Isso demonstra para a criança que abordar o assunto é algo benéfico e construtivo.
“E acima de tudo: acolha”, lembra a psicóloga. Duvidar ou julgar as respostas da criança só vai dificultar a tarefa. Melhor do que isso é ouvir, elogiar e estimular o diálogo.