Continua após publicidade

Dengue: o que você precisa saber sobre a doença em crianças

Saiba como identificar se o seu filho está mesmo contaminado e o que fazer ao notar os primeiros sintomas.

Por Carla Leonardi (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 02h11 - Publicado em 15 abr 2015, 19h23

De acordo com o balanço do Ministério da Saúde divulgado na última segunda-feira, 13, o número de casos de dengue registrados no Brasil em 2015 já é 240% maior que no ano passado, alcançando um total de 460,5 mil casos da doença em todo o país. O Estado de São Paulo concentra mais da metade deles (o número de pessoas infectadas já é quase 700% maior que no mesmo período de 2014) e vive uma situação de epidemia. Diante desse cenário alarmante, todo cuidado para prevenir a contaminação pelo vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti é pouco – principalmente com os pequenos. Os pais devem ficar atentos a qualquer sinal que o filho apresente e procurar um médico sempre que houver suspeita de infecção.

Principais sintomas

Em geral, crianças com mais de dois anos apresentam os mesmos sintomas que os adultos, como febre alta, dores no corpo, prostração, fraqueza e dor no fundo dos olhos. Outras manifestações que também podem aparecer são manchas na pele, vômitos e diarreia. Já em crianças menores ou bebês, é mais difícil notar o que está acontecendo, já que eles não sabem identificar ou dizer exatamente o que estão sentindo. “Nesses casos, é importante que os pais atentem para febre alta (que está presente em 100% dos casos) não associada a outros sintomas, como coriza ou tosse, indicando que não se trata de algum tipo de infecção viral. Quando infectada com dengue, a criança pode ficar apática ou irritada, chorando sem parar. É possível observar ainda que ela passa a recusar as mamadas por falta de apetite e, em alguns casos, também a apresentar erupções cutâneas”, explica o Dr. Francisco Ivanildo de Oliveira Junior, médico infectologista do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo.

Como a dengue evolui em crianças

A evolução da doença se dá em fases, mas elas não são tão bem delimitadas nos pequenos quanto nos adultos, o que dificulta o diagnóstico. Em alguns casos, o quadro pode regredir após algum tempo, dando aos pais uma falsa impressão de melhora e, depois, voltar a piorar. Por isso, é importante observar o comportamento dos filhos e os sinais que eles dão de que algo não vai bem. Uma vez diagnosticada e tratada corretamente, dificilmente a dengue avança para um estágio mais grave.

O que fazer quando houver suspeita

Ao desconfiar que seu filho possa estar com dengue é essencial consultar um pediatra e nunca medicar a criança por conta própria. É o especialista que vai avaliar se há infecção e qual é a gravidade do caso – o que vai definir como será feito o tratamento. Nos casos mais severos, é recomendada a internação para que a criança seja monitorada e tratada por profissionais. Se o quadro for mais leve, o pequeno pode ficar em observação por algum tempo e seguir com os cuidados em casa. De qualquer forma, o médico Francisco Ivanildo ressalta que o tratamento é basicamente o mesmo: “ficar em repouso e se hidratar muito – o que, no hospital, pode acontecer de maneira intravenosa. Em casa, é importante que os pais avaliem o tempo todo se o filho está hidratado, observando, por exemplo, se a boca está molhada, se ele está urinando bastante e se o xixi está clarinho”. 

Continua após a publicidade

Repelente em criança: pode ou não pode?

O uso de repelentes em menores de dois anos não é recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). No entanto, com orientação médica, a utilização do produto pode ser liberada para os pequenos com idade entre seis meses e dois anos em casos especiais, como a epidemia enfrentada em algumas cidades brasileiras. Antes disso, bebês de até seis meses só devem usar mosquiteiros e roupas protetoras. “Diante da situação atual, temos que nos preocupar com as crianças, principalmente com os bebês, que são ainda mais frágeis”, alerta o infectologista do Hospital Infantil Sabará. Ele explica ainda como o repelente deve ser aplicado, caso seja permitido pelo pediatra: “É preciso colocar um pouco do produto nas mãos e, depois, espalhar pelo corpo da criança, evitando passar no rosto e próximo à região genital. Se ela tiver algum machucado na pele, também é bom evitar o contato com a área afetada”. Outra dica é aplicar apenas nas áreas descobertas da pele e observar o tempo de duração, reaplicando quando necessário – mas não mais do que três vezes ao dia. 

É importante destacar, também, os princípios ativos dos repelentes recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para combater o mosquito da dengue. A substância IR 3535, com concentração de 30% (fiquem atentos aos rótulos!), é a única permitida pela Anvisa para crianças acima de seis meses. Para os maiores de dois anos, podem ser utilizados produtos com Icaridina (KB3023), que protege por um período de 8 a 10 horas, ou DEET, com proteção de quatro horas. A SBD recomenda, ainda, que os pais procurem vestir os filhos com roupas brancas, pois peças coloridas – assim como o suor ou perfumes – atraem os insetos.

Publicidade