Como fatores durante a gravidez influenciam o risco de câncer na vida

Entenda mais sobre o assunto e confira algumas formas de prevenção

Por Naju Maciel
6 jul 2025, 17h00
barriga mulher grávida
 (Freepik/Reprodução)
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Você já refletiu sobre a possibilidade de desenvolver certas doenças, como o câncer, ser gerada muito antes do momento do parto? Pois bem! Uma investigação recente, divulgada em uma renomada publicação científica, a Nature Cancer, trouxe à luz uma constatação notável, capaz de alterar nossa percepção a respeito da antecipação e do combate a essa condição de saúde.

A influência genética no começo da vida

Especialistas do Instituto Van Andel, localizado em território norte-americano, debruçaram-se sobre o modo como o progresso do feto pode afetar a predisposição a enfermidades oncológicas ao longo da vida O trabalho acadêmico indica que o acionamento de segmentos específicos do material genético durante a formação de um novo ser pode tanto intensificar quanto diminuir as possibilidades de o indivíduo apresentar neoplasias em um período posterior de sua existência. Pode parecer algo complicado, mas a ideia principal é bastante acessível: o estudo indica que, conforme a maneira pela qual os elementos hereditários são acionados ao longo da gravidez, há uma maior ou menor possibilidade de desenvolver uma condição maligna.

Ao longo da gravidez, o organismo vivencia uma extraordinária série de alterações. As unidades constituintes do organismo aumentam em quantidade em um ritmo acelerado, e é fundamental que tudo esteja em perfeito sincronismo para que o crescimento ocorra de maneira saudável. Nesse processo, os componentes genéticos desempenham uma função primordial e, dependendo de como são estimulados, podem afetar as probabilidades de manifestação de uma doença maligna.

Os cientistas verificaram essa suposição em espécimes de laboratório, especificamente roedores, e fizeram uma descoberta instigante: no estágio inicial da gestação, esses animais demonstravam uma maior propensão ao desenvolvimento de neoplasias sanguíneas, como a leucemia e o linfoma. Isso aponta que o instante exato da estimulação genética pode ser um diferencial para a saúde futura.

O papel da regulação genética no nosso corpo

Um outro aspecto relevante destacado pela pesquisa é a influência de um mecanismo biológico fundamental que gerencia quais elementos genéticos serão acionados ou permanecerão inativos, sem modificar a composição fundamental do DNA. Esse sistema atua como um comando de ligar e desligar: conforme sua regulação, pode amplificar ou atenuar as chances de aparecimento de neoplasias.

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Os estudiosos identificaram que uma substância proteica específica, conhecida como TRIM28, possui um papel decisivo nesse processo. Em roedores, a presença de níveis reduzidos dessa substância proteica provocou modificações que apresentaram distinções conforme o estágio de progresso fetal, influenciando de maneira direta a inclinação a desenvolver câncer. O ponto mais surpreendente é que, mesmo entre camundongos com o mesmo código genético, o funcionamento dos elementos hereditários demonstrou variabilidade, culminando no surgimento de diferentes formas de neoplasias. Tal evidência indica que o ambiente interno do útero possui uma repercussão consideravelmente maior do que se imaginava anteriormente.

Novas perspectivas para cuidado e antecipação

A principal contribuição desse conhecimento está no fato de que, ao entendermos como a predisposição a doenças oncológicas pode ser moldada antes mesmo do nascimento, abrimos uma nova possibilidade para a prevenção e o manejo precoce dessas condições. Se a comunidade científica conseguir desenvolver métodos para modificar esses gatilhos genéticos, poderemos reduzir significativamente a incidência de neoplasias no futuro.

A bióloga molecular Ilaria Panzeri, uma das cientistas que assinam o estudo, esclarece que esses progressos têm o potencial de auxiliar a área médica no desenvolvimento de estratégias mais eficazes para a identificação precoce e para terapias individualizadas. Apesar de ainda haver um vasto campo a ser explorado sobre a formação dos padrões desse mecanismo, a pesquisadora enfatiza que estamos no rumo certo para uma compreensão aprimorada da origem do câncer.

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Avanços na proteção contra o câncer

Imagine um cenário futuro onde exames especializados poderiam detectar modificações nesse sistema de regulação genética já durante a gestação, permitindo que os profissionais de saúde atuassem de maneira preventiva. Com isso, novas abordagens poderiam ser criadas para evitar a estimulação de componentes genéticos ligados ao desenvolvimento de tumores, mesmo antes do nascimento.

Este tipo de pesquisa evidencia o quanto a ciência da saúde está progredindo para oferecer abordagens cada vez mais singulares e eficientes. Ainda existe um grande volume de informações a serem reveladas, mas uma certeza permanece: um entendimento mais aprofundado do funcionamento do corpo humano desde seus momentos inaugurais pode ser um avanço gigante na diminuição das manifestações oncológicas no futuro. Os resultados apresentados nas investigações indicam que o contexto intra uterino tem um impacto na saúde consideravelmente superior ao que era esperado.

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