Colo curto na gravidez: entenda os riscos e como tratar
Conheça a incompetência istmocervical, condição em que o útero apresenta dificuldade de suportar o peso da gravidez

A gestação é um período de grandes mudanças no corpo da mulher e, em alguns casos, pode surgir a necessidade de atenção especial a condições que impactam o desenvolvimento do bebê, como o colo do útero curto, também conhecido como incompetência istmocervical. Essa condição está associada ao risco de parto prematuro ou até mesmo à perda gestacional, sendo fundamental entender as causas, os sintomas e os tratamentos disponíveis.
O que é incompetência istmocervical?
A incompetência istmocervical é uma condição em que o colo do útero apresenta dificuldade para suportar o peso da gravidez, levando a uma dilatação precoce sem dor. Isso acontece antes do momento esperado para o trabalho de parto, podendo causar perdas gestacionais tardias ou partos prematuros.
A incidência geral é de 0,5% das gestações, mas esse número aumenta para 8% entre mulheres com histórico de perdas gestacionais no primeiro trimestre. Estudos também mostram que a incompetência istmocervical é responsável por 16% a 20% dos abortos espontâneos que ocorrem no segundo trimestre.
Existem dois tipos principais de incompetência istmocervical:
- Congênita: Quando a mulher nasce com alterações no útero que favorecem o problema.
- Adquirida: Geralmente resultado de traumas na região, como cirurgias, cauterizações, uso de fórceps em partos anteriores ou abortos.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é baseado no histórico clínico da mulher, considerando casos anteriores de partos prematuros ou perdas gestacionais. Exames de ultrassom transvaginal durante o pré-natal são essenciais para avaliar o comprimento do colo uterino e confirmar a necessidade de intervenções.
Sintomas do colo curto
Nem sempre o colo curto apresenta sintomas claros, mas alguns sinais podem servir de alerta:
- Pressão pélvica
- Cólicas abdominais
- Dor nas costas
- Contrações sem dor, similares às contrações de treinamento (Braxton Hicks)
- Alterações no corrimento vaginal
- Leve sangramento
Ao perceber qualquer um desses sintomas, a gestante deve buscar orientação médica imediatamente.
Tratamento: como a cerclagem ajuda?
O tratamento mais indicado para a incompetência istmocervical é a cerclagem uterina. Essa cirurgia consiste em costurar o colo do útero para evitar a dilatação precoce. Ela é realizada entre a 12ª e a 16ª semana, podendo ser feita até a 25ª semana, dependendo do caso.
Após o procedimento, o objetivo é que a gestação chegue até a 37ª semana, quando os pontos são retirados, e o parto ocorre em média uma semana depois.
Embora eficaz, a cerclagem apresenta riscos, como infecção intrauterina ou ruptura das membranas amnióticas, sendo indicada apenas em casos necessários.
Outra alternativa é o uso do pessário vaginal, uma prótese colocada no colo do útero. Apesar de ser utilizado há décadas, ainda não há comprovação científica sólida de sua eficácia no tratamento da incompetência istmocervical.
Qual é a relação entre colo curto e prematuridade?
O parto prematuro, uma das possíveis consequências do colo curto, é a principal causa de mortalidade infantil no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 15 milhões de bebês nascem prematuros por ano.
No Brasil, o nascimento antes das 37 semanas de gestação está entre as principais preocupações na área de saúde materna. Classificar o grau de prematuridade ajuda no planejamento do atendimento neonatal:
- Prematuro tardio: 34 a 36 semanas
- Prematuro moderado: 32 a 33 semanas
- Muito prematuro: 28 a 31 semanas
- Prematuro extremo: menos de 28 semanas
Além disso, o peso ao nascer também é um indicador importante:
- Baixo peso: menos de 2500g
- Muito baixo peso: abaixo de 1500g
- Extremo baixo peso: inferior a 1000g
Prevenção e acompanhamento
A prevenção da prematuridade passa por consultas regulares de pré-natal, que permitem identificar gestações de risco e planejar os cuidados necessários. Mulheres com histórico de incompetência istmocervical ou fatores de risco devem ser acompanhadas por especialistas e, se necessário, encaminhadas a centros de referência.