Cardiopatia congênita: sintomas, causas e tratamento que toda família precisa saber
Entenda como funciona as doenças cardíacas que estão presentes desde o nascimento

A cardiopatia congênita é uma condição que afeta cerca de 1% dos recém-nascidos vivos no Brasil. A conscientização sobre o tema é essencial para que pais e responsáveis possam identificar sinais precoces e buscar o tratamento adequado.
O que é cardiopatia congênita?
Cardiopatia congênita é o termo utilizado para descrever doenças do coração que estão presentes desde o nascimento, ou seja, são condições que se desenvolvem enquanto o coração do bebê está sendo formado durante a gestação. Ao contrário das doenças adquiridas, que surgem ao longo da vida, as cardiopatias congênitas já estão presentes no momento do nascimento.
Quais são os sintomas?
Os sintomas das cardiopatias congênitas podem variar bastante, dependendo do tipo e da gravidade da condição. Para pais e responsáveis, é fundamental ficar atento a alguns sinais que podem indicar problemas no coração do bebê, principalmente nas primeiras semanas de vida. Os principais sintomas incluem:
- Cianose: lábios e dedos arroxeados, que indicam falta de oxigenação no sangue.
- Taquipneia: respiração rápida, que pode dificultar a alimentação do bebê e afetar seu ganho de peso.
- Falta de ar: dificuldades para respirar de maneira normal.
- Cansaço: o bebê pode parecer cansado com facilidade.
- Desmaios: casos mais graves, o bebê pode apresentar episódios de desmaio.
Se notar qualquer um desses sinais, é importante procurar um pediatra ou cardiologista para uma avaliação mais detalhada.
Causas de cardiopatia congênita
Em muitos casos, as causas das cardiopatias congênitas não são completamente claras. No entanto, os médicos acreditam que a maioria dos casos ocorre devido a alterações genéticas que acontecem durante a formação do coração no útero. Além disso, algumas condições maternas podem aumentar o risco de um bebê desenvolver cardiopatia congênita, como:
- Doenças crônicas da mãe: Diabetes, por exemplo, pode ser um fator de risco.
- Uso de medicamentos: Medicamentos como o Lítio, utilizado em alguns tratamentos psiquiátricos, estão associados a um aumento do risco de cardiopatia congênita.
- Síndromes genéticas: Algumas cromossomopatias, como a Síndrome de Down (Trissomia do 21), a Síndrome de Turner e a Síndrome de Edward, estão relacionadas com a presença de defeitos cardíacos.
Além disso, infecções que a mãe possa ter durante a gestação, como a rubéola, também podem aumentar a chance de o bebê nascer com alguma cardiopatia congênita.
Quais são os tipos de cardiopatia congênita?
Existem diversos tipos de cardiopatias congênitas, e alguns são mais comuns que outros. Alguns dos tipos mais frequentes incluem:
- Comunicação Interventricular (CIV): Um buraco entre os ventrículos do coração, que pode causar problemas no fluxo sanguíneo.
- Comunicação Interatrial: Um buraco entre os átrios do coração, que também pode comprometer a circulação do sangue.
- Estenose Pulmonar: Estreitamento da válvula pulmonar, que dificulta a passagem de sangue para os pulmões.
- Tetralogia de Fallot: Uma combinação de quatro defeitos cardíacos que afetam a circulação sanguínea.
- Transposição das Grandes Artérias (TGA): Uma condição em que as artérias principais do coração estão trocadas de lugar, afetando a oxigenação do sangue.
- Coarctação de Aorta: Um estreitamento da aorta, dificultando a circulação sanguínea.
- Defeito do Septo Atrioventricular: Um defeito nas paredes do coração, que pode interferir na função cardíaca.
Tratamento e qualidade de vida
Muitas crianças com cardiopatia congênita podem levar uma vida normal, com poucas ou nenhuma restrição. Elas podem frequentar a escola, praticar atividades recreativas e viver como qualquer outra criança da mesma idade. No entanto, dependendo do tipo e da gravidade da cardiopatia, a criança pode apresentar algumas limitações, como dificuldades em realizar atividades físicas intensas. Por isso, é importante que os pais ou responsáveis consultem um especialista para avaliar as condições do coração do bebê.
Quanto ao tratamento, ele varia de acordo com o tipo de cardiopatia. Em casos mais graves, como a Comunicação Interventricular ou a Tetralogia de Fallot, a criança pode precisar de cirurgia ainda no primeiro ano de vida. No entanto, para outros casos, como a Comunicação Interatrial, pode ser necessário apenas o acompanhamento médico periódico, com a possibilidade de uso de medicamentos para controlar os sintomas. O acompanhamento constante com um cardiologista é essencial para garantir a saúde e o bem-estar da criança ao longo de toda a sua vida.
Consultoria: Dr. José Cícero Stocco Guilhen, especialista em cirurgia cardiovascular do Hospital e Maternidade Santa Joana