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Aula 13 – Os tipos de anestesia na hora do parto

O anestesiologista Diego May, do Hospital Israelita Albert Einstein, explica as técnicas que são utilizadas no parto e tira uma série de dúvidas que passam pela cabeça das gestantes.

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 26 out 2016, 11h45 - Publicado em 25 jun 2015, 19h43

A maior parte das gestantes tem dúvidas em relação à anestesia. Antes de mais nada, é importante saber quais os tipos existentes e como eles agem no corpo. Hoje, a anestesia geral, que deixa a paciente completamente sedada, só é usada em raríssimas ocasiões. Atualmente, na hora do parto, os médicos preferem recorrer a um destes outros três tipos: a raquianestesia, a peridural ou o duplo bloqueio.

A anestesia raquidiana, ou raquianestesia, é a mais indicada para a cesárea, porque, além de perder completamente a sensibilidade da cintura para baixo – ou seja, na área em que será feito o corte -, a mulher não consegue mexer as pernas, o que certamente atrapalharia o cirurgião. Essa anestesia é aplicada de uma só vez, entre duas vértebras da coluna, por meio de uma agulha com a ponta arredondada. Ela atravessa pele, nervos e chega ao liquor, substância que banha a medula nervosa que passa ali no meio. Logo que o medicamento é aplicado, a futura mamãe nota as pernas esquentarem e, em seguida, sente um formigamento. Instantes depois, perde-se a sensibilidade e os movimentos – um efeito que dura, em média, de três a quatro horas, tempo mais do que suficiente para a cirurgia ser realizada.

No parto normal, há três opções de anestesia. A primeira é o médico dar uma dose baixa da raquidiana, o que, aliás, costuma ser feito quando a mulher chega à maternidade em trabalho de parto adiantado. A quantidade de medicamento é pequena, mas suficiente para barrar a dor e, ao mesmo tempo, ainda permitir certo movimento das pernas.

Já se o trabalho de parto ainda está no meio do caminho, é possível decidir pela peridural – que demora um pouco mais para agir – ou pelo duplo bloqueio. Na peridural, uma agulha semelhante à da raquianestesia também é introduzida entre as vértebras, mas ela só chega até a dura-máter, uma membrana anterior ao liquor. Ou seja, é uma aplicação, digamos, mais superficial. Ao chegar a esse ponto exato, o anestesista retira a agulha e deixa ali, em seu lugar, um cateter fininho, que vai derramando as drogas anestésicas aos poucos. A mulher perde a sensibilidade para a dor, mas continua dominando seus movimentos da cintura para baixo, por isso pode ajudar o bebê a nascer.

A terceira alternativa de anestesia para o parto normal é o duplo bloqueio, que une a raquianestesia e a peridural em um mesmo procedimento. Uma agulha, similar à da ráqui, encosta na dura-máter, a tal membrana anterior ao liquor. Por dentro dessa agulha vem outra, mais fina, que chega até o liquor propriamente dito. Ali, o médico aplica uma dose baixa de anestésico. A agulha mais fina é, então, retirada e, no lugar, fica um cateter, que alcança a dura-máter para levar, aos poucos, doses de reforço de medicamento conforme o trabalho de parto avança. O efeito no corpo da gestante é o mesmo que na peridural – dá para sentir as pernas e as contrações -, a diferença é que a ação é imediata.

A anestesia, independentemente da técnica de aplicação ou do medicamento, não provoca nenhum tipo de reação na maioria das grávidas. Em geral, os problemas só acontecem nas mulheres que têm problemas de coagulação do sangue, aquelas com alguma infecção no lugar do corte ou as alérgicas às substâncias anestésicas. A recuperação costuma ser muito tranquila. Claro que existem pequenas diferenças, de acordo com o tipo de anestesia. Em comum, todas as mães, independentemente da técnica usada, sentem um pouco de coceira e frio, conforme o medicamento perde a ação. Outras reações são retenção urinária, náusea e, mais raramente, vômito.

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Mas vale saber que essas anestesias são seguras e usadas todos os dias ao redor do mundo. O objetivo é fazer com que a mãe fique consciente durante todo o parto, não sinta dor e, assim, possa curtir cada minuto desse momento tão especial, que é o nascimento do seu bebê.

Quer saber mais? Assista à aula completa:

Queda de pressão?

Às vezes, a anestesia raquidiana provoca uma pequena queda de pressão na gestante. Na prática, a sensação é de um leve mal-estar, que a mulher traduz como uma sensação de enjoo. Quem se sentir assim deverá avisar o anestesista, que tem plenas condições de reverter a situação com medicamentos específicos. Muitas vezes, porém, eles nem são necessários, porque o médico lança mão de certas artimanhas. Por exemplo, é comum ele empurrar a barriga da parturiente para o lado esquerdo. Essa manobra favorece o retorno do sangue para a cabeça, normalizando a pressão e acabando com o mal-estar.

Não se mexa!

É provável que você escute essa frase do anestesista. Toda grávida, independentemente do tipo de anestesia, deve ficar sentada na maca, com os ombros soltos e o queixo encostado no peito. É preciso também ficar relaxada e não fazer nenhuma espécie de movimento. Isso pode ser difícil, principalmente durante as contrações. Mas não é impossível. Se você sentir que não vai aguentar se manter imóvel, avise o médico.

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A anestesia dói?

Um pouco. Você vai sentir uma picada ardida na hora em que a agulha entrar – não é nada muito intenso e passa rápido. O melhor vem em seguida: as dores das contrações desaparecem e você pode, finalmente, relaxar para aproveitar a chegada do seu bebê!

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