Anticoncepcional masculino avança, mas ainda não é realidade

Estudos já estão em fase de desenvolvimento clínico, mas a vasectomia e o uso de preservativos ainda são os métodos contraceptivos mais seguros

Por Luana Pazutti
9 set 2024, 07h00
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Chegada do anticoncepcional para homens é um passo a favor da igualdade de gênero e reforça a noção da gravidez como uma responsabilidade conjunta — e não apenas das mulheres (pressfoto/Freepik/Reprodução)
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Atualmente, há apenas dois métodos contraceptivos para homens: a vasectomia e o uso de preservativos.

No entanto, esse cenário está cada vez mais perto de mudar. Pesquisas dedicadas ao desenvolvimento de uma pílula anticoncepcional masculina sugerem projeções positivas — tanto para opções hormonais quanto não-hormonais.

O que sabemos sobre os anticoncepcionais masculinos?

Há pelo menos quatro métodos em fase clínica de desenvolvimento, que responderam bem aos testes iniciais. O mais avançado é o gel de acetato de Segesterona, feito a partir da combinação entre progestágeno, molécula que bloqueia a geração de hormônios, e testosterona.

Com o nome comercial de Nestorone ®, ele promete inibir a produção de espermatozoides e diminuir os efeitos colaterais. Os testes finais estão previstos para 2025.

O Undecanoato de Testosterona é outra solução que ainda está em estudo. Até pouco tempo, o uso do hormônio por via oral era proibido devido a sua toxicidade ao fígado, porém algumas modificações na molécula permitiram que o medicamento fosse administrado. Um desafio é garantir a viabilidade logística da pílula, que demandaria altas doses.

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Há ainda as moléculas de contracepção masculina, que possibilitam a inibição reversível da fertilidade sem interferir nos níveis de hormônios sexuais. Elas bloqueiam as atividades locomotoras dos espermatozoides. Há algumas variações desses métodos e grande parte está em fase anterior ao desenvolvimento clínico.

Também está sendo estudado o chamado “Risug” ou Inibição Reversível do Espermatozoide Guiada: um medicamento injetável não-hormonal que promove a obstrução do canal deferente, ducto responsável pela condução de espermatozoides dos testículos até a uretra. Essa alternativa tem um efeito semelhante à vasectomia, mas com validade de até 13 anos.

Apesar dos estudos parecerem promissores, não há garantias quanto à eficácia e segurança desses métodos. Ainda há, portanto, alguns desafios até que essas opções cheguem ao mercado.

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Vasectomia ainda é a opção mais garantida

Com altas taxas de sucesso, a vasectomia é considerada um dos métodos mais eficazes para a prevenção da gravidez. A cirurgia é simples, não demanda internação e está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).

Nesse procedimento, é selado o canal deferente, impedindo o fluxo das células reprodutoras durante a ejaculação. Nos primeiros três meses após a realização, ainda há chances de engravidar, portanto, é preciso utilizar também outros contraceptivos. Depois disso, o sêmen já não deve mais conter espermatozoides.

A vasectomia não interfere na produção de hormônios e nem no desempenho sexual. Uma desvantagem é que a sua reversão é difícil e nem sempre possível. Ou seja, é necessária uma avaliação cautelosa antes de realizá-la. A cirurgia também não protege da contaminação por Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

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Mas e a camisinha?

O preservativo masculino ou camisinha é um dos métodos anticoncepcionais mais conhecidos e acessíveis. No Brasil, ele é inclusive distribuído gratuitamente em qualquer serviço público de saúde.

Além de prevenir a gravidez, o método protege de ISTs, como o HIV, a sífilis, a gonorreia e algumas variações de hepatites. Se utilizado corretamente, ele pode chegar até 98% de eficácia.

Mudança de paradigmas

Hoje, as mulheres podem escolher entre uma grande variedade de métodos contraceptivos, mas nem sempre foi assim. Na década de 1960, a pílula anticoncepcional instaurou um marco para os direitos reprodutivos femininos. Esse avanço, contudo, veio acompanhado por uma série de efeitos colaterais e responsabilidades.

O desenvolvimento de opções masculinas, portanto, representa um avanço significativo não apenas para a ciência, mas também para a igualdade de gênero. Afinal, embora ainda haja desafios para sua aceitação cultural, essas alternativas reforçam a compreensão da gravidez como um dever do casal — e não apenas da mulher.

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