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A preservação da fertilidade de pacientes em tratamento contra o câncer

O médico Mauricio Chehin, do Grupo Huntington Medicina Reprodutiva, esclarece questões cruciais para auxiliá-la a realizar o sonho da maternidade.

Por Dr. Maurício Chehin (colunista)
Atualizado em 28 nov 2016, 19h31 - Publicado em 16 jun 2015, 18h44

Embora seja uma doença grave, o índice de pessoas que superam o câncer é cada vez maior. E manter a qualidade de vida desses pacientes (durante e após o tratamento) é de extrema importância. E é aí que entra uma questão pouco difundida: a quimioterapia e a radioterapia – bastante eficazes contra a doença – provocam alguns efeitos colaterais, entre eles a infertilidade. No entanto, com a ajuda da medicina reprodutiva, é possível, sim, conservar a fertilidade de homens e mulheres para que eles possam concretizar o sonho de aumentar a família.

Recentemente, liderei uma pesquisa junto do Grupo Huntington, em São Paulo, para medir a conhecimento dos brasileiros sobre o assunto. O estudo foi apresentado na Conferência de Oncofertilidade de 2014, em Chicago, nos Estados Unidos, e os resultados são preocupantes. Entre as 242 pessoas que responderam ao questionário, 78% nunca tinham ouvido falar sobre opções para a preservação da fertilidade nesses casos. Os homens demonstraram ter ainda menos informações do que as mulheres sobre o tema: enquanto 14,3% deles sabiam da existência de procedimentos como o congelamento de óvulos ou esperma, o índice delas chegou a 23,5% – também bastante baixo. Além disso, 66% dos participantes não sabiam nem que o tratamento contra o câncer poderia deixá-los inférteis.

Vale lembrar que esse efeito da infertilidade, em alguns casos, pode ser irreversível. É evidente que a cura da doença é prioridade, mas a questão a se discutir é que o paciente precisa conhecer os fatores de risco que o tratamento contra o câncer pode trazer para a sua fertilidade e buscar alternativas para preservá-la, caso tenha o desejo de se tornar pai ou mãe. No caso das mulheres, por exemplo, o procedimento é feito entre 10 e 15 dias antes do início do tratamento oncológico e pode ser realizado em qualquer fase do ciclo, sem que ela tenha que esperar a próxima menstruação – o que aumenta significativamente as chances de sucesso de gravidez. Por isso, são necessárias mais iniciativas educacionais para propagar o conhecimento sobre a oncofertilidade.