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5 perguntas respondidas sobre a hepatite aguda infantil

O que se sabe até agora sobre os casos que têm intrigado a comunidade científica e como ficar atento aos sinais da doença.

Por Carla Leonardi
10 Maio 2022, 18h20

Ainda sob investigação, os casos de hepatite aguda infantil continuam aumentando. Na última sexta-feira (6), a Organização Mundial da Saúde (OMS) notificou quase 300 casos prováveis em ao menos 20 países, inclusive no Brasil. De acordo com os dados divulgados pelas secretarias estaduais de saúde, até hoje são pelo menos 16 casos suspeitos no país registrados em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina.

A doença de causa ainda desconhecida é caracterizada pela inflamação do fígado e avança de forma rápida, sendo a icterícia (quando a pele e a porção branca dos olhos ficam amareladas) um de seus principais sintomas. A seguir, trazemos as principais respostas para esclarecer o que se sabe até agora sobre a doença e sua possível relação com a Covid-19.

1- O que é hepatite aguda?

Trata-se de uma inflamação do fígado com sintomas que aparecem de maneira súbita e que pode ser provocada por diferentes causas, como medicamentosas, ingestão de álcool, por questões autoimunes e também por infecções virais, que são as mais comuns. Os tipos de hepatite virais conhecidos são A, B, C, D e E.

2- Por que esse novo surto é considerado atípico?

hepatite
(Sasi Ponchaisang/Getty Images)

Os casos que estão sendo investigados pela OMS chamam a atenção de médicos e autoridades sanitárias por não apresentarem os vírus mais comuns por trás das hepatites. Além disso, a hipótese inicialmente trabalhada de que se trata de um novo tipo de adenovírus – já bastante conhecido e comum na causa de doenças durante a infância, com mais de 50 variedades distintas – também está sendo contestada, já que ele foi detectado em apenas parte dos casos.

3- Esse surto de hepatite aguda tem relação com a Covid-19?

Ainda não se sabe. Como explica o membro do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Eitan Berezin, em alguns casos, o Sars-coV-2 foi identificado, porém na forma de anticorpos e não como presença de vírus. Por isso, não é possível saber se ele indica uma doença prévia (se a criança já teve Covid e, depois, contraiu outro vírus que levou à hepatite) ou não.

Já em relação às vacinas contra a Covid-19, o especialista ressalta que, por enquanto, qualquer ligação com os casos de hepatite aguda está descartada. “Com base nas informações atuais, a maioria das crianças relatadas com hepatite aguda não recebeu a vacina contra Covid-19, descartando uma ligação entre os casos e a vacinação neste momento”, destaca Berezin. Poranto, cuidado com as fake news que andam circulando! 

Ainda sobre a relação do Sars-coV-2 com os casos de hepatite aguda, a pediatra especializada em infectologia pediátrica e membro da SBP, Ana Loch, chama a atenção para a possibilidade de uma hepatite autoimune. “Em 1921, também teve um surto de hepatites logo após a pandemia da Gripe Espanhola. Então é possível relacionar essa situação a uma reação autoimune pós-viral, em que crianças suscetíveis que tiveram contato com o vírus da Covid-19 podem estar desenvolvendo essa hepatite autoimune. Porém, esses casos ainda estão sendo estudados e a causa não está definida”, explica a pediatra.

4- Quais são os principais sintomas da hepatite aguda?

De acordo com a  infectologista e consultora médica do Labi Exames, Aline Scarabelli, os principais sintomas das hepatites são:

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  • diarreia;
  • vômito;
  • icterícia (cor amarelada na pele e nas mucosas)
  • febre;
  • fadiga;
  • perda de apetite;
  • dor abdominal;
  • urina escura;
  • fezes claras;
  • dores nas articulações.

Entre esses sintomas, a especialista destaca a icterícia como principal fator de atenção que os pais precisam ter, devendo buscar orientação médica caso seja observada.

5- Ainda que a origem dos casos investigados atualmente não esteja definida, o que fazer para proteger as crianças?

Médico-colocando-esparadrapo-no-braço-da-criança-depois-de-aplicar-a-vacina
(SrdjanPav/Getty Images)

Como o fator autoimune decorrente da infecção pelo Sars-coV-2 ainda não é uma hipótese confirmada, a infectologista lembra que incentivar as medidas básicas de higiene é sempre importante. “Lavar adequadamente as mãos com água e sabão e cobrir a boca ao tossir ou espirrar é essencial”, alerta. 

Vale lembrar que o uso de máscaras em ambientes fechados não é mais obrigatório em nenhum estado do Brasil, mas que o momento pede cautela, já que ainda há risco de contaminação pelo coronavírus e por outras doenças típicas do outono, além de não se saber ainda qual é a forma de contágio da hepatite que está sob investigação.

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